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Previna-se das dores nos quadris

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Dados divulgados pelo órgão denominado International Osteoporosis Foundation (Fundação Internacional de Osteoporose), que analisou 14 países de toda a América Latina, até o ano de 2050, revelou que o número de fraturas nos quadris, causadas pela osteoporose, deve aumentar 32%. O que já se estima é que atualmente ocorram mais de 121 mil fraturas nessa parte do corpo todos os anos no Brasil. As dores nos quadris são frequentes e podem ser até incapacitantes. Por isso, é muito importante um diagnóstico preciso para a causa dos incômodos sintomas e, assim, iniciar o tratamento correto.

Função de encaixe
Responsáveis por conectar as pernas ao tronco, essas articulações sustentam todo o corpo e são capazes de realizar uma grande amplitude de movimentos. Apesar de ser comum as pessoas usarem o termo "quadril, a forma correta de se referir a essa parte do corpo é quadris (esquerdo e direito). Isso porque cada um deles é formado pelo 'encaixe' da cabeça do fêmur, o osso da coxa, no acetábulo, cavidade da pelve (bacia), que conta também com a presença de muitos ligamentos, tendões, bursas, fáscias (tecidos que compõem os músculos) e toda musculatura ao seu redor.

Acredita-se que o maior fator de risco para a região relaciona-se à fraqueza do músculo do glúteo

Problemas mais frequentes
Quando sentir dores fortes nessa região, o indivíduo deve procurar um ortopedista para que seja realizado um exame detalhado em todo o corpo. O diagnóstico é feito por um exame clínico cuidadoso que avalia os movimentos das articulações, as dores que eles provocam e a qualidade da marcha. Após avaliação minuciosa, exames complementares são necessários, como raio X, tomografia computadorizada e ressonância magnética nuclear.

Confira quais são as doenças mais comuns:

BURSITE TROCANTÉRICA: bastante comum, é o resultado da inflamação da bolsa (bursa) que existe ao lado da parte superior e lateral do fêmur, e decorre do atrito de um tecido fibroso da coxa sobre o osso.

TENDINOPATIAS: é a inflamação dos tendões em torno do quadril. "Em geral, essas dores não são incapacitantes, mas limitam o paciente que sente dificuldades para as atividades diárias. Para tratar usam-se analgésicos, fisioterapia e repouso nas atividades físicas forçadas. Às vezes, infiltração de anestésicos e cortisona no local é útil", diz Ramalho.

OSTEONECROSE: ocorre quando o aporte sanguíneo para o fêmur é interrompido, o que provoca a morte de células ósseas, o colapso do osso, deformação e perda de movimentos.

DOR LOMBAR: muitos problemas de coluna podem causar dores na região do quadril, sendo que o mais comum são as hérnias de disco e a compressão do nervo isquiático (ciático).

RESSALTO NO QUADRIL: caracteriza-se por uma dor em queimação na região lateral (externa) da pelve. Acredita-se que o maior fator de risco para essa condição relaciona-se à fraqueza do músculo do glúteo. O tratamento fisioterapêutico envolve principalmente exercícios de alongamento e terapia manual focando o aumento da flexibilidade do músculo.

FRATURAS: mais comuns em pessoas idosas, geralmente ocorrem no colo do fêmur. Essas fraturas são mais frequentes em mulheres acima de 65 anos e ocorrem, normalmente, por queda, e estão relacionadas a altos índices de mortalidade. O tratamento é cirúrgico e dependerá do nível de desvio dos fragmentos ósseos. Em situações mais graves, há indicação para artroplastia total do quadril (reconstrução da região).


Como prevenir
Para evitar dores e doenças nessa região, os especialistas concordam: manter uma atividade física e praticar exercícios com regularidade é a melhor forma de preservar essa região (Veja quadro a seguir com os exercícios indicados). É importante lembrar que trabalhar toda essa musculatura com exercícios fortalece os músculos e evita lesões. O equilíbrio muscular vai proteger a articulação e contribuir para uma maior estabilidade e um melhor funcionamento. Tudo que é mais estável funciona melhor e, portando, gasta menos e se lesa menos.

Com os exercícios, a própria musculatura fica responsável por absorver parte do impacto da caminhada. A articulação fica mais estável, sobrecarregam-se menos os ligamentos e a cartilagem, poupando essa estrutura. Grande parte das lesões tratadas poderia ser evitada com a correta prevenção. Ela engloba desde a obtenção do equilíbrio muscular, a orientação sobre treinos, nutrição, vestuário e tênis, técnicas específicas, check-up, avaliação médica e exames e repouso adequado, por exemplo.

Para quem já sente muita dor, a fisioterapia é a estratégia mais indicada, pois fará que essa articulação ganhe força e mobilidade. Exercícios de fortalecimento dos músculos dos glúteos deveriam ser realizados, inicialmente, sem a descarga do peso corporal. Nessa fase, atividades aquáticas, como hidroginástica e natação, podem ser benéficas para o alívio da dor, manutenção da condição cardiorrespiratória e aumento da mobilidade do quadril.

COMECE AGORA!
Previna problemas fortalecendo a região ao realizar esses 5 exercícios simples. As atividades devem ser feitas em 3 séries de 12 repetições, com peso de 1 kg.
1. Eleve a perna em direção ao teto, com o joelho estendido e o pé apontado para o alto. Evite que a pelve se mova para trás.
2. De bruços, eleve a perna, mantendo o joelho em completa extensão, e os dedos do pé apontados para fora. O músculo recrutado nesse exercício é o glúteo máximo, principal extensor e rotador lateral do quadril.
3. De lado e com a fixação de uma faixa elástica ao redor dos joelhos, posicione os joelhos e quadris em 90° e 45° de flexão, respectivamente. Nessa posição, realize o afastamento dos joelhos enquanto os pés são mantidos unidos.
4. Deve haver uma inclinação anterior do tronco, sem deixar o joelho deslocar-se para dentro e para frente. Em uma fase avançada, use uma faixa elástica para aplicar força na região.5. Com os pés distanciados e os joelhos posicionados (flexionados), faça o movimento com inclinação do tronco, sem deixar o joelho deslocar-se para dentro e para frente. A faixa elástica pode ajudar a aplicar a mesma força do exercício ante
 

Procedimentos fisioterapêuticos em pacientes queimados: revisão bibliográfica

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As queimaduras constituem um problema de saúde pública significativo, atingindo pessoas de todas as idades e ambos os sexos1. O grande queimado, com muita freqüência, perde sua identidade física de forma radical e definitiva2.

    Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 37 cidades brasileiras mostra que dos 1.040 atendimentos de emergência por queimaduras, a maioria, 285 (27,4%) foi em crianças de zero a nove anos, sendo que 91,6% destas ocorreram dentro da residência das vítimas. Entre as principais causas de queimaduras em crianças estão as provocadas por contato com substâncias quentes como líquidos e alimentos (58,9%) seguido por fogo (16,8%) e objetos quentes (13,7%). Nesse mesmo estudo, a segunda faixa etária mais atingida pelas queimaduras foi entre 20 e 29 anos com 226 ocorrências (21,7%), seguida pelas pessoas entre 30 e 39 anos com 164 casos (15,8%)3.

    No Brasil, apenas 41 centros de referência (dos 68 previstos) atendem de modo especializado vítimas de queimaduras. Ainda assim, as taxas de mortalidade por acidentes desse tipo são semelhantes à de países desenvolvidos, segundo dados do DATASUS, publicados no Jornal do Senado, em junho de 2008. Ao todo, foram 24.505 casos registrados, que custaram R$ 39,3 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS)4.

    A recuperação física da pessoa queimada é desafiadora. Requer cuidados agudos e procedimentos cirúrgicos, o que a torna susceptível às infecções e outras complicações, além de causar dores intensas que não melhoram com a administração de medicamentos, segundo depoimentos de pacientes5. Até pouco tempo a fisioterapia só poderia iniciar sua abordagem terapêutica em queimados após a alta hospitalar. Hoje, inicia já na fase aguda, exercendo um papel preventivo, caso seja iniciada precocemente6. Do contrário, o paciente poderá desenvolver sequelas, principalmente, causadas pela imobilização ou pela posição antálgica que exerce. Quanto mais precoce for iniciada a fisioterapia, melhores serão os resultados futuros (Ferreira 2003 apud Coelho et, al 2010)7.

    A presente revisão bibliográfica propõe-se analisar estudos que utilizaram diferentes modalidades terapêuticas em queimaduras, e justifica-se por coletar dados que dêem subsídios à prática do fisioterapeuta na atenção em diferentes níveis de atendimento.

Materiais e método

    Trata-se de uma Revisão de Literatura com análise descritiva. Utilizaram-se unitermos em português e inglês respectivamente como fisioterapia, queimadura, reabilitação, burns, thermal injury, physiotherapy, physical therapy and rehabilitation nos portais Science Direct, Medline, Highwire, Periódicos Capes e Google Acadêmico publicados entre 2001 e 2010. Os artigos foram submetidos a uma leitura analítica composta de leitura integral do texto, identificação das idéias-chaves, hierarquização e sintetização das idéias. Após a análise, realizou-se a leitura interpretativa. Os dados coletados foram organizados em fichas de leitura eletrônicas contendo: o título do artigo, a área queimada ou o tamanho da superfície corporal queimada, os objetivos do estudo, a intervenção fisioterapêutica e os resultados obtidos.

Resultados

    Foram encontrados doze trabalhos que abordaram tratamento fisioterapêutico nas bases de dados Science Direct, Medline, Highwire, Periódicos Capes e Google Acadêmico publicados entre 2001 e 2010. Dos doze trabalhos encontrados, três especificaram as áreas queimadas8,9,10, sete citaram a porcentagem da superfície corporal queimada11,12,13,14,15,16,17, um abordou aspectos de tamanho e área de queimadura18 e um não usou na amostra pacientes queimados19. Em relação aos três trabalhos que especificaram as áreas queimadas, um analisou queimadura de fossa poplítea8, outro estudou queimadura de tórax e cervical9 e o outro trabalhou em três locais: face, tronco e extremidades10. Nos sete trabalhos que citaram o tamanho da queimadura, seis incluíram na amostra pessoas com mais de 30% da Superfície Corporal Queimada (SCQ)11,12,13,14,15,18 e um incluiu pessoas com mais de 10% de SCQ16. O trabalho que abordou aspectos de tamanho da queimadura e área queimada analisou pacientes com SCQ>40% envolvendo as articulações do cotovelo e joelho19.

    Os objetivos dos estudos variaram conforme a abordagem fisioterapêutica realizada e o tipo de complicação ou função estudada nos indivíduos com queimaduras. Em relação à função ou complicações, três artigos abordaram a fisioterapia nas cicatrizes10,11,12; três analisaram o impacto da fisioterapia na massa corporal magra (MCM) e força muscular13,14,15; dois analisaram o efeito da fisioterapia na função articular8,18, dois verificaram o efeito da fisioterapia em variáveis respiratórias9,16, um analisou o impacto do curativo compressivo de tórax utilizado em queimaduras da região torácica nas variáveis respiratórias19 e um analisou os benefícios da fisioterapia em variáveis respiratórias, amplitude de movimento de membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII), deambulação, força muscular e capacidade funcional de exercício17.

    Em se tratando dos tipos de abordagem fisioterapêutica, cinco realizaram exercícios físicos aeróbicos e de resistência estruturados e individualizados12,13,14,15,16, dois usaram um protocolo de exercícios8,11, um utilizou mais de uma modalidade fisioterapêutica, as quais foram cinesioterapia, massoterapia e hidroterapia9, um usou laserterapia10, um associou exercícios físicos com música16, um analisou o atendimento padrão17 e um não realizou tratamento19.

    Dos três artigos que estudaram a fisioterapia nas cicatrizes, cada um usou um tipo de modalidade diferente na sua intervenção, além de abordarem diferentes aspectos relacionados à cicatriz de queimadura. Um verificou a diferença entre dois grupos no número de pacientes que apresentaram cicatrizes com contraturas, após um grupo receber um protocolo de reabilitação e o outro grupo receber a fisioterapia de rotina. Este estudo verificou que 6% do grupo que recebeu o protocolo apresentou contratura contra 73% do grupo reabilitação de rotina11. Outro trabalho estudou o efeito do Softlaser 400mW 670nm nas cicatrizes de queimadura em um grupo de pacientes que tiveram a área de queimadura dividida em duas regiões, uma que recebeu a radiação e a outra que não recebeu e serviu de controle. Esta pesquisa obteve resultados significativos através da melhora no aspecto de 89,4% das lesões10. O artigo que estudou a fisioterapia nas cicatrizes de queimaduras comparou a necessidade de cirurgia de liberação funcional nas principais articulações do corpo de pacientes divididos em dois grupos, sendo que um recebeu a reabilitação de rotina e o outro recebeu um programa de exercícios estruturados e individualizados. A necessidade de cirurgia foi significativamente menor no grupo que recebeu o programa de exercício12.

    Em relação aos três estudos que analisaram o impacto da fisioterapia na massa corporal magra e força muscular, todos utilizaram como modalidade de fisioterapia um programa de exercícios. Um analisou dois grupos, sendo que um recebeu um programa de exercícios individualizado e estruturado e outro que recebeu a reabilitação de rotina, obtendo como resultado aumento significativo na média da MCM e na força muscular do grupo que recebeu o programa de exercícios13. Outro estudo comparou quatro grupos, dos quais dois grupos receberam um programa de exercícios estruturado e individualizado, sendo que um destes fez uso do hormônio de crescimento recombinante (rhGH) durante o período do programa, o qual pode atenuar o catabolismo muscular conseqüente de queimaduras, além de melhorar a cicatrização da ferida20, e outros dois grupos receberam um programa de reabilitação não estruturado e não individualizado, sendo que um associou a reabilitação com a administração de uma solução salina. Todos apresentaram melhoras semelhantes na MCM, entretanto a força muscular aumentou apenas nos grupos que realizaram o programa de exercícios estruturado e individualizado14. Outro trabalho também comparou quatro grupos, dos quais dois receberam um programa de exercícios estruturado e individualizado, sendo que um destes dois fez uso de oxandrolona durante o período do programa, um esteróide androgênico sintético que pode restaurar efetivamente a perda de peso corporal e da MCM induzidos pela queimadura21, e dois grupos receberam um programa de reabilitação não estruturado e não individualizado, sendo que um associou a reabilitação à administração de placebo. A MCM aumentou significativamente nos grupos que receberam oxandrolona, e a força muscular aumentou nos grupos que receberam o programa de exercícios estruturado e individualizado15.

    Dois estudos verificaram o efeito da fisioterapia na função articular: um comparou dois grupos em relação à amplitude de movimento de joelho e cotovelo, sendo que um grupo recebeu um programa de exercícios suplementado com música e o outro recebeu a reabilitação de rotina. Os dois grupos tiveram melhoras significativas na funcionalidade das articulações analisadas, sendo que o grupo com a suplementação de música se mostrou mais colaborativo, proporcionando maior amplitude de movimento, mas não, estatisticamente, significativo em relação ao outro grupo18; outro estudo comparou dois grupos em relação à funcionalidade da articulação do joelho, avaliando amplitude de movimento, subida e descida de degraus e teste de caminhada em terreno plano por 45 metros, sendo que um grupo recebeu um protocolo de exercícios e o outro recebeu a reabilitação de rotina.Amplitude de movimento (ADM) ativa e passiva da articulação do joelho e subida e descida de degraus foram melhores no grupo que recebeu o protocolo de exercícios de forma significativa. Não houve diferença expressiva no teste de caminhada em terreno plano por 45 metros entre os dois grupos8.

    Dois estudos verificaram o efeito da fisioterapia em variáveis respiratórias: um realizou estudo de caso através de alongamentos gerais para MMSS e coluna cervical, recursos terapêuticos manuais e hidroterapia associada à cinesioterapia respiratória. Os resultados indicaram melhora dos volumes, fluxos e capacidades respiratórias9; outro utilizou três grupos, um grupo controle composto por pacientes saudáveis e sem queimaduras, e dois que envolveram pacientes com lesões de queimaduras: um grupo que recebeu um programa de exercícios individualizado e estruturado e um grupo que recebeu um programa de reabilitação não estruturado e não individualizado. A função pulmonar do grupo controle foi normal e não houve diferença entre os dois grupos de pacientes queimados. No entanto, a função pulmonar estava diminuída quando comparado o grupo controle com os grupos de pacientes queimados. Houve um melhora significativa no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), na capacidade vital forçada (CVF) e na ventilação voluntária máxima (MVV) no grupo que recebeu o programa de exercícios estruturado e individualizado. Esse aumento na MVV sugere melhora na resistência dos músculos respiratórios e como um indicador de resistência muscular é sustentado por um aumento da tolerância ao exercício: o aumento significativo do tempo do teste de esteira e do pico de VO2 após o programa de exercícios indica maior capacidade cardiovascular16.

    O estudo que analisou o impacto do curativo compressivo de tórax nas variáveis respiratórias utilizou um grupo de pessoas saudáveis e sem restrições respiratórias e avaliou medidas de pressão inspiratória e expiratória máxima (Pimax e Pemax), capacidade vital (CV), volume minuto (VM) e peak flow. Houve diminuição da força muscular respiratória, do volume corrente, capacidade vital e aumento da freqüência respiratória após a colocação do curativo oclusivo em tórax19.

    O trabalho que verificou os benefícios da fisioterapia em variáveis respiratórias, amplitude de movimento de membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII), deambulação, força muscular e capacidade funcional de exercício, não alterou em nenhum aspecto o tratamento de reabilitação feito no local da pesquisa. Tal trabalho concluiu que a fisioterapia foi capaz de proporcionar aos pacientes um retorno perto de níveis basais das variáveis analisadas num período de seis meses após a queimadura, com exceção da função dos MMII e capacidade funcional de exercícios17.

Quadro 1. Síntese dos artigos analisados

Considerações finais

    O desenvolvimento de um estudo que verifique diferentes pesquisas, cujo objetivo baseie-se em tratamento e/ou avaliação fisioterapêutica nas complicações por queimaduras, torna-se interessante a partir do momento em que se percebem as diferentes possibilidades de recursos fisioterápicos que podem ser utilizados e sua importante contribuição na recuperação deste tipo de paciente.

    A maioria dos estudos abordou a utilização de exercícios físicos aeróbicos e de resistência, comprovando que tais abordagens reduzem significativamente a perda de massa corporal magra, bem como a força muscular tão comum em pacientes vítimas de queimaduras13,14,15. Também, esses recursos contribuem na diminuição de contraturas de cicatrizes, evitando ou, pelo menos, minimizando a restrição na amplitude de movimento18, diminuem a necessidade de cirurgias de liberação funcional12, além de melhorarem a capacidade cardiovascular e variáveis respiratórias ao proporcionarem aumento da resistência dos músculos respiratórios16.

    Os protocolos de tratamento utilizados em alguns trabalhos são fundamentados por cada pesquisador, pois foram elaborados baseando-se em outros protocolos e adaptados para os objetivos, comprovando serem efetivos a partir de ganhos significativos nas variáveis analisadas8,11,17.

    Podemos destacar a utilização da música como parte da estratégia de tratamento, baseando-se em técnicas neurológicas de musicoterapia e no movimento facilitado pela música, mostrando-se inovadora e eficaz ao proporcionar motivação e maior sustentação do programa18.

    Identificamos, nessa revisão, com surpresa, pequena quantidade de pesquisas em queimaduras relacionadas à fisioterapia, o que denota a necessidade de mais estudos que abordem tal tema e que possam contribuir com o conhecimento, proporcionando novas abordagens terapêuticas aos pacientes queimados, os quais representam um dos maiores desafios dos cuidados de saúde, em virtude das dramáticas alterações fisiológicas que apresentam além de gerarem um oneroso impacto financeiro ao sistema de saúde.

Referências

  1. Freitas VL, Souza LMB. A fonoaudiologia nas queimaduras de face e pescoço. Rev. Bras. Prom. Saúde. 2005; 18(2): 105-9.

  2. Fracanoli TS, Magalhães FL, Guimarães LM, et al. Estudo transversal de 1273 pacientes internados no centro de tratamento de queimados do Hospital do Andaraí de 1997 a 2006. Rev Soc Bras Queimaduras. 2007; 7(1): 33-7.

  3. Portal Ministério da Saúde. 91% das queimaduras em crianças ocorrem em casa. Brasília. Ministério da Saúde 2009. [citado em: 09 março 2009]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/reportagensEspeciais/default.cfm?pg=dspDetalhes&id_area=124&CO_NOTICIA=10009. Acesso em: 22/05/2010.

  4. Portal Senado Federal. Brasil tem 1 milhão de atingidos por queimaduras. Brasília. Jornal do Senado 2009. [citado em; 15 junho 2009]. Disponível em: http://www.senado.gov.br/jornal/noticia.asp?codEditoria=1467&dataEdicaoVer=20090615&dataEdicaoAtual=20090820&nomeEditoria=Sa%C3%BAde&codNoticia=84907. Acesso em: 22/05/2010.

  5. Rossi LA, Camargo C, Santos CMNM, et al. A dor da queimadura: terrível para quem sente, estressante para quem cuida. Rev Latino-am Enfermagem 2000; 8(3): 18-26.

  6. Varela MCG, Vasconcelos JMB, Santos IBC, et al. Processo de cuidar da criança queimada: vivência de familiares. Rev. Bras. Enfermagem 2009; 62(5): 723-8.

  7. Coelho M, Moura F, Karilma F. Atuação Fisioterapêutica na Reabilitação de Paciente Queimado: um estudo de caso. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/variedades/queimado_bianca/queimado_bianca.htm. Acesso em: 26/05/2010.

  8. Lin L, Jiake C, Hongming Y, et al. Effect of improved rehabilitation therapy on the function of knee joint after deep burn injury. Chinese Journal of Rehabilitation Medicine 2008; 23(10): 70-2.

  9. Chiari A, Fernandes MC, Negrini F, et al. Hidroterapia e exercícios respiratórios associados à massoterapia na reabilitação de paciente com queimaduras acometendo a região torácica. Fisioter. Brasil 2007; 8(6): 441-7.

  10. Gaida k, Koller R, Isler C, et al. Low Level Laser Therapy - a conservative approach to the burn scar? Burns 2004; 30(4): 362–7.

  11. Okhovatian F, Zoubine N. A comparison between two burn rehabilitation protocols. Burns 2007; 33(4): 429-34.

  12. Celis MM, Suman OE, Huang TT, et al. Effect of a Supervised Exercise and Physiotherapy Program on Surgical Interventions in Children with Thermal Injury. J Burn Care Res 2003; 24(1): 57-61.

  13. Suman OE, Spies RJ, Celis MM, et al. Effects of a 12-wk resistance exercise program on skeletal muscle strength in children with burn injuries. J Appl Physiol 2001; 91(3): 1168-75.

  14. Suman OE, Thomas SJ, Wilkins JP, et al. Effect of exogenous growth hormone and exercise on lean mass and muscle function in children with burns. J Appl Physiol 2003; 94(6): 2273-81.

  15. Przkora R, Herndon DN, Suman OE. The Effects of Oxandrolone and Exercise on Muscle Mass and Function in Children With Severe Burns. Pediatrics 2007; 119(1): 109-116.

  16. Suman OE, Huang TT, Yen P. Effect of Exercise Training on Pulmonary Function in Children With Thermal Injury. J Burn Care Res 2002; 23(4): 288-93.

  17. Jarrett M, McMahon M, Stiller K 2008. Physical Outcomes of Patients With Burn Injuries—A 12 Month Follow-Up. J Burn Care Res 2008; 29 (6):975–84.

  18. Neugebauer CT, Serghiou M, Herndon DN, et al. Effects of a 12-Week Rehabilitation Program With Music & Exercise Groups on Range of Motion in Young Children With Severe Burns. J Burn Care Res. 2008; 29(6):939-48.

  19. Torquato JA, Pardal DMM, Lucato JJ, et al. O curativo compressivo usado em queimadura de tórax influencia na mecânica do sistema respiratório? Rev Bras Queimaduras 2009; 8(1): 28-33.

  20. Aili Low JF, Barrow RE, Mittendorfer B, et al. The effect of short-term growth hormone treatment on growth and energy expenditure in burned children. Burns 2001; 27(5): 447-52.

  21. Demling RH, DeSanti L. Oxandrolone induced lean mass gain during recovery from severe burns is maintained after discontinuation of the anabolic steroid. Burns 2003; 29(8):793-7.

Autore:

Jones Eduardo Agne*

eletroterapia@gmail.com

Dayane Bicalho Antunes**

dayantunes@gmail.com

Efeito dos exercícios de fortalecimento e alongamento sobre a rigidez tecidual passiva

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Introdução

A rigidez passiva apresentada por músculos, tendões, ligamentos e fáscias é uma propriedade mecânica relacionada com a resistência que esses tecidos oferecem à deformação na ausência de atividade contrátil, sendo representada graficamente pela inclinação da curva tensão-deformação (1). A área abaixo dessa curva representa a quantidade de energia que o tecido é capaz de absorver antes de atingir o seu ponto de ruptura (1, 2). Quanto maior essa área, maior será o potencial do tecido de absorver energia e, portanto, menor sua susceptibilidade à lesão (2-4). Além da influência da rigidez na capacidade de um músculo absorver energia, essa propriedade passiva também pode influenciar a estabilidade de uma articulação contra a ação de perturbações externas (5). Loram et al. (5) concluíram que 70 a 100% da rigidez do tornozelo necessária para manutenção da estabilidade durante a postura ortostática é conferida pelos componentes passivos dessa articulação. Além disso, a rigidez do tendão pode influenciar a trasmissão de energia do músculo para o osso e, consequentemente, a velocidade de desenvolvimento da força muscular (6). Portanto, a rigidez passiva apresentada pelos tecidos biológicos está relacionada à quantidade de energia que essas estruturas são capazes de absorver, à estabilidade articular e à capacidade de transferência de energia entre os tecidos.

 Alterações nos níveis de rigidez tecidual passiva têm sido associadas à ocorrência de disfunções de movimento e ao desenvolvimento de lesões no sistema musculoesquelético (7-12). Tecidos com baixos níveis de rigidez deformam-se em grande quantidade diante da aplicação de uma força externa de pequena magnitude, absorvendo pouca quantidade de energia e permitindo uma movimentação articular excessiva (13). Williams et al. (9) demonstraram que corredores com baixos níveis de rigidez dos membros inferiores apresentam maior incidência de lesão em tecidos moles do que aqueles com maiores níveis de rigidez. Em contrapartida, um tecido com rigidez excessiva também possui uma habilidade limitada de absorver energia, uma vez que sofre pouca deformação e, consequentemente, apresenta uma pequena área abaixo da curva tensão-deformação (13). Essa baixa capacidade em absorver energia pode favorecer a transferência de grande quantidade de energia para tecidos adjacentes, predispondo-os a um maior risco de lesões (8, 9, 13). Williams et al. (9) evidenciaram que corredores com rigidez muito elevada dos membros inferiores apresentam maior incidência de fraturas por estresse do que indivíduos com menores níveis de rigidez. Considerando a relação entre níveis excessivos e reduzidos de rigidez tecidual e o consequente desenvolvimento de lesões do sistema musculoesquelético, a prevenção e o tratamento dessas lesões devem envolver a utilização de técnicas com o intuito de promover mudanças na rigidez de tecidos biológicos (8, 13, 14).

A rigidez tecidual é dependente das dimensões físicas (área de secção transversa e comprimento tecidual) (4, 15, 16) e da composição dos tecidos biológicos (7, 16-20). Estratégias de intervenção capazes de alterar qualquer um desses fatores podem gerar mudanças na rigidez tecidual (7, 14, 16). O fortalecimento e o alongamento são técnicas frequentemente utilizadas na tentativa de modificar os níveis de rigidez, mas os efeitos dessas técnicas na rigidez tecidual ainda são controversos (21-23). Dessa forma, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão crítica da literatura para investigar os efeitos, a longo prazo, de técnicas de fortalecimento e alongamento sobre a rigidez tecidual passiva. Com o intuito de alcançar um amplo entendimento sobre os efeitos dessas técnicas, optou-se por analisar as evidências obtidas tanto em seres humanos quanto em cobaias.

 

Materiais e métodos

Foi realizada consulta aos bancos de dados National Library of Medicine (Medline), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe (Lilacs) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro) no período de outubro de 2009 a outubro de 2010. Foram utilizadas na busca as seguintes palavras-chave: rigidez (stiffness), resistência passiva (passive resistance), flexibilidade (flexibility), exercícios de alongamento muscular (muscle stretching exercises) e treinamento de resistência (resistance training).

Os critérios de inclusão foram: (a) estudos realizados em animais ou humanos que investigaram o efeito dos exercícios de alongamento e/ou fortalecimento sobre a rigidez tecidual passiva; (b) estudos classificados como experimentais ou quase-experimentais; e (c) estudos publicados nos idiomas inglês, português ou espanhol. As buscas foram realizadas sem limite de data, uma vez que artigos clássicos do tema foram publicados nas décadas de 60 e 80. Além disso, não houve restrição em relação à presença de patologias neuromusculoesqueléticas e à faixa etária dos voluntários e/ou cobaias.

Os critérios de exclusão foram: (a) estudos que investigaram apenas o efeito agudo dos exercícios de fortalecimento e alongamento sobre a rigidez e (b) estudos que não realizaram a medida direta de rigidez passiva e utilizaram a amplitude de movimento (ADM) articular passiva como desfecho para inferir sobre rigidez. Destaca-se que as listas de referências dos artigos selecionados foram avaliadas para obtenção de estudos adicionais.

 

Resultados

Foram selecionados 20 estudos (8 em animais e 12 em humanos) que investigaram o efeito de programas de fortalecimento sobre a rigidez passiva de músculos, do complexo tendão-aponeurose e/ou da articulação. Informações sobre os métodos e os resultados desses estudos encontram-se no Quadro 1. Em relação ao efeito de programas de alongamento sobre a rigidez passiva de músculos e articulações, foram selecionados 13 estudos (4 em animais e 9 em humanos). Os métodos e os resultados desses estudos estão descritos na Quadro 2.

 

Discussão

Fortalecimento muscular

Os resultados desta revisão demonstram que programas de fortalecimento muscular foram capazes de alterar a rigidez passiva de músculos e articulações devido à ocorrência de remodelação tecidual (20, 24-30). Estudos evidenciaram um aumento na rigidez muscular passiva de animais após 4 a 15 semanas de programas de treinamento intensivo de corrida ou salto (20, 24, 25, 27). Além disso, estudos em humanos também identificaram um aumento na rigidez articular passiva após 7 a 48 semanas de exercícios de fortalecimento isotônico, isométrico ou excêntrico, utilizando cargas de alta intensidade (superior a 75% de uma repetição máxima) (26, 28-30). O principal mecanismo responsável por essa alteração da rigidez após a realização de programas de fortalecimento ainda é incerto.

Ducomps et al. (27) atribuíram o aumento da rigidez a uma maior concentração de colágeno no tecido conectivo ao redor do músculo, evidenciando uma correlação superior a 72% entre a concentração de colágeno e o nível de rigidez muscular. Por outro lado, Muniz et al. (24) atribuíram a alteração nos níveis de rigidez à mudança na quantidade relativa de proteínas e colágeno e à reorganização das proteínas miofibrilares. Além disso, alterações de rigidez poderiam ser explicadas pelo aumento na área de secção transversa de músculos que são submetidos a programas de treinamento resistido com duração de seis a oito semanas (31, 32).

Estudos que investigaram a relação entre a rigidez passiva da unidade musculotendínea e a área de secção transversa do músculo demonstram uma relação linear positiva entre essas variáveis com um coeficiente de correlação superior a 75% (4, 15). Dessa forma, grande parte dos artigos analisados demonstrou que programas de fortalecimento muscular são capazes de aumentar os níveis de rigidez passiva tanto em animais quanto em humanos por meio de diferentes mecanismos.

De acordo com a literatura pesquisada, apenas dois estudos (21, 26) não identificaram aumento na rigidez passiva articular após treinamento de força. Ocarino et al. (26) evidenciaram ausência de diferença significativa na rigidez do cotovelo após treinamento de resistência dos flexores de cotovelo na amplitude final do movimento de flexão. Esses autores sugeriram que o volume de trabalho muscular imposto nesse treinamento não foi capaz de promover a hipertrofia necessária para alterar a rigidez articular, mesmo utilizando carga de alta intensidade. Em contrapartida, quando o treinamento de hipertrofia foi realizado em amplitude completa de movimento, esse treino foi um estímulo suficiente para o aumento significativo da rigidez do cotovelo.

Vaz et al. (21) também não identificaram alteração na rigidez passiva do punho de crianças com paralisia cerebral após a realização de exercícios resistidos e eletroestimulação dos flexores e extensores de punho. Isso ocorreu porque, segundo os autores, músculos de crianças com paralisia cerebral necessitam, possivelmente, de protocolos de intervenção mais agressivos para produzir alterações na rigidez, uma vez que a musculatura dessa população apresenta alterações histológicas severas. Além disso, a intensidade da carga do exercício não foi definida de maneira objetiva, mas sim de acordo com a tolerância do indivíduo, o que pode ter interferido na ausência de ganho significativo na rigidez do punho das crianças com paralisia cerebral. Esses estudos permitiram observar que a modificação da rigidez articular requer protocolos de intervenção de alta intensidade e grande volume de trabalho muscular.

Estudos também investigaram a influência de programas de fortalecimento sobre a rigidez passiva isolada do complexo tendão-aponeurose, utilizando imagens de ultrassonografia (6). Foram evidenciados aumentos da rigidez do complexo tendão-aponeurose do joelho após 9 a 14 semanas de fortalecimento isométrico ou isotônico dos extensores de joelho em adultos jovens e idosos (6, 30, 33, 34). O aumento da rigidez de tendões da região do tornozelo e pé também foi reportado em estudos com animais após treinamento de corrida em esteira por período de 6 a 12 meses (35-37). O aumento do diâmetro e da densidade das fibras de colágeno, bem como alterações de sua forma ondular (crimp form), são alguns mecanismos sugeridos para explicar o aumento da rigidez do tendão-aponeurose (38). Além disso, parece que a adaptação do complexo tendão-aponeurose ocorre primariamente na aponeurose muscular, uma vez que a taxa metabólica do colágeno muscular é maior do que a do colágeno do tendão (39).

Um estudo demonstrou que a rigidez do complexo tendão-aponeurose de indivíduos jovens aumentou significativamente após 3 a 12 semanas de treinamento de força, enquanto a rigidez isolada do tendão não foi alterada (33). O aumento da área de secção transversa dos tendões é outro mecanismo sugerido para explicar a alteração da rigidez. Embora alguns estudos demonstrem que a área de secção transversa dos tendões não aumenta após um programa de fortalecimento (6, 40-42), Kongsgaard et al. (43) observaram aumento na área de secção transversa do tendão patelar após treinamento de força de alta intensidade. Além disso, um estudo transversal demonstrou que a área de secção transversa do tendão de Aquiles de corredores é maior do que a de indivíduos sedentários (44). Assim, há evidências de que programas de fortalecimento muscular são capazes de aumentar a rigidez passiva do complexo tendão-aponeurose; no entanto, o mecanismo responsável por esse aumento ainda é incerto.

Embora a maioria dos estudos demonstre que programas de fortalecimento promovem mudanças significativas na rigidez do complexo tendão-aponeurose, três estudos não identificaram esse efeito após exercício de fortalecimento excêntrico dos flexores plantares (23) ou treino de corrida (42, 45). Mahieu et. al. (23) atribuíram a ausência de efeito significativo sobre a rigidez do tendão ao uso de carga relativamente baixa, à não progressão dessa carga e ao curto tempo de intervenção. Já o treino de corrida realizado nos outros estudos (42, 45) não pode ser considerado um fortalecimento específico de flexores plantares. Além disso, a ausência de progressão da intensidade da corrida (45), a falta de controle dessa intensidade (42) e o curto período de prática diária da corrida (45) são alguns dos fatores que podem justificar a ausência de efeito dos programas de intervenção utilizados nesses estudos. Dessa forma, a utilização de cargas elevadas, a progressão da intensidade da carga e um tempo mínimo de nove semanas de intervenção parecem ser necessários para que seja observado aumento do nível de rigidez do complexo tendão-aponeurose.

Além de apontar que o fortalecimento muscular é capaz de aumentar a rigidez dos músculos e do complexo tendão-aponeurose, alguns estudos têm proposto que o fortalecimento isotônico em posição alongada pode diminuir a rigidez muscular devido à adição de sarcômeros em série e ao consequente aumento do comprimento muscular (46). Segundo Herbert (7), estimular o músculo a trabalhar em posições alongadas pode aumentar o seu número de sarcômeros em série. No entanto, não existem evidências suficientes que permitam confirmar essa hipótese. A literatura sugere, ainda, que o treinamento de força excêntrica é capaz de aumentar o número de sarcômeros em série (23, 47, 48), o que também poderia repercutir em uma diminuição da rigidez muscular.

Um estudo recente identificou diminuição do pico de torque de resistência passiva de dorsiflexão após programas de treinamento excêntrico de flexores plantares em amplitude completa contra a resistência da massa corporal total durante toda a intervenção. O mesmo estudo ainda sugeriu que esse programa é capaz de alterar as características estruturais do tecido, aumentando o número de sarcômeros em série e diminuindo a rigidez articular (23). No entanto, Koh et al. (49) não evidenciaram aumento do número de sarcômeros em séries no músculo tibial anterior de ratos submetidos a 12 semanas de treinamento excêntrico com carga de intensidade alta. Assim, estudos adicionais são necessários para determinar se o fortalecimento em posição alongada e/ou o treino de força excêntrica em toda a amplitude são capazes de modificar a rigidez tecidual e se existe influência da intensidade da carga nesse processo.

 

Alongamento muscular

O alongamento é comumente utilizado com o objetivo de aumentar o comprimento muscular e, consequentemente, diminuir a rigidez tecidual (50, 51). A maioria dos estudos utiliza a ADM como variável de desfecho após programas de alongamento (22, 51, 52). No entanto, essa medida não é capaz de captar as mudanças estruturais nos tecidos, visto que aumentos na ADM podem ocorrer devido ao efeito viscoelástico do tecido (53, 54) e ao aumento da tolerância ao alongamento (51, 52, 55). Com o intuito de investigar as alterações estruturais após um treino de alongamento, estudos (50, 52, 53) têm realizado a medida do torque passivo de resistência em associação com a amplitude de movimento, utilizando o dinamômetro isocinético.

Alguns estudos (22, 53) têm realizado ainda a medida do torque passivo de resistência no dinamômetro combinado com a ultrassonografia, objetivando identificar modificações nas características mecânicas dos tendões. Além disso, pesquisas realizadas com animais buscam evidenciar se o alongamento é capaz de aumentar o número de sarcômeros em série e, consequentemente, reduzir a rigidez tecidual (56-58).  Assim, diferentes metodologias têm sido utilizadas para investigar a eficácia de técnicas de alongamento sobre as características estruturais dos tecidos.

Programas de alongamento estático envolvendo protocolos de até cinco repetições de 45 segundos de sustentação realizados em períodos de três a seis semanas não foram eficazes em modificar a rigidez tecidual passiva (51, 52, 59, 60). Chan et al. (60) evidenciaram aumento da ADM passiva do joelho associado ao aumento do torque passivo de resistência na ADM final do joelho após um programa de alongamento realizado por quatro semanas, o que sugere uma ausência de modificação estrutural no tecido. Os autores justificam que o aumento na ADM foi observado devido a uma maior tolerância dos indivíduos ao alongamento. No entanto, o mesmo programa de alongamento realizado ao longo de oito semanas foi capaz de aumentar a ADM passiva de joelho sem um concomitante aumento do torque passivo de resistência, o que é indicativo de redução da rigidez passiva de isquiossurais nesses indivíduos.

Outro estudo que realizou um programa de alongamento de isquiossurais durante oito semanas não evidenciou alteração das características estruturais do tecido (46). Porém, nesse estudo, o alongamento foi realizado apenas três vezes por semana, o que pode ter sido um tempo insuficiente para repercutir em modificações estruturais do tecido. Além disso, um programa de alongamento de flexores plantares realizado três vezes ao dia ao longo de todos os dias da semana também foi eficaz em reduzir a rigidez passiva do tornozelo após três semanas de intervenção (53). Dessa forma, para que o alongamento possa resultar em diminuição da rigidez, programas de longa duração e/ou alta frequência de realização parecem necessários. Como demonstrado em estudos anteriores (18, 61), a manutenção do alongamento por período prolongado, com emprego de imobilização, parece ser capaz de aumentar o número de sarcômeros em série e o comprimento muscular.

Pesquisas realizadas em animais investigaram a influência de programas de alongamento de diferentes durações e frequências sobre o número de sarcômeros em série do músculo sóleo (56-58, 62). Esses estudos pesquisaram o efeito do alongamento estático realizado em músculos imobilizados na posição encurtada, ou seja, com tendência a tornarem-se mais rígidos. Nesses estudos, um alongamento mantido por no mínimo 40 minutos e realizado pelo menos duas vezes por semana foi requerido para aumentar o número de sarcômeros em série – cabe o esclarecimento de que o protocolo de 40 minutos foi efetivo apenas em músculos não imobilizados. Para que o efeito do alongamento sobre músculos imobilizados em posição encurtada fosse verificado, protocolos de maior duração (uma ou duas horas) e maior frequência de realização (sete vezes por semana) foram necessários (56).

A eficácia da técnica de alongamento contrai-relaxa em alterar a rigidez passiva também foi investigada nas articulações do tornozelo (50) e joelho (55). Toft et al. (50) observaram diminuição da rigidez do tornozelo após a realização do alongamento contrai-relaxa em flexores plantares de atletas saudáveis. Em contrapartida, Halbertsma et al. (55) aplicaram a mesma técnica sobre os isquiossurais com resultados satisfatórios para redução de rigidez do joelho. Esse resultado pode ser justificado pelas diferentes musculaturas investigadas e pelo fato de que os indivíduos do estudo de Halbertsma et al. (55) apresentavam encurtamento importante de isquiossurais. Assim, como evidenciado no músculo sóleo de animais, é possível que protocolos mais severos sejam necessários para alterar a estrutura de tecidos com rigidez alta.

Mahieu et al. (22) compararam o efeito dos alongamentos estático e balístico sobre as propriedades passivas do tornozelo e sobre a rigidez passiva do tendão de Aquiles. Esses autores sugeriram redução na rigidez articular passiva do tornozelo após seis semanas de alongamento estático e ausência de mudança significativa na rigidez do tornozelo após programa de alongamento balístico. Segundo esses autores, é necessário que a força aplicada durante o alongamento seja contínua para que ocorra alteração na rigidez articular passiva. No entanto, as modificações da rigidez articular foram inferidas a partir da medida do pico de torque de resistência passiva em amplitude padronizada e não de forma direta. Ainda, esse estudo evidenciou diminuição da rigidez passiva do tendão de Aquiles apenas após o programa de alongamento balístico. A explicação para esse fato não é clara, mas pode estar relacionada à diferença do efeito dos alongamentos estático e balístico sobre os elementos contráteis e elásticos (22). Talvez, o efeito do alongamento balístico sobre a rigidez do tendão esteja relacionado à atividade muscular que ocorre durante esse alongamento.

 

Considerações finais

As evidências encontradas na literatura sugerem, em sua maioria, que exercícios de fortalecimento isotônico, isométrico ou excêntrico de alta intensidade são capazes de aumentar os níveis de rigidez passiva de músculos, tendões e articulações tanto em animais quanto em humanos. O aumento da área de secção transversa e modificações na composição dos tecidos são alguns dos mecanismos responsáveis pelo aumento da rigidez, sendo que esses mecanismos podem atuar simultaneamente durante o processo de remodelação tecidual. Além disso, ainda não está claro se o mecanismo responsável pela alteração da rigidez irá depender ou não do tipo de contração muscular realizada.

Em relação às técnicas direcionadas para redução da rigidez, o treino de força excêntrica com carga moderada realizado em toda a amplitude de movimento articular e o fortalecimento em posição alongada são sugeridos. No entanto, não há evidência suficiente na literatura acerca do efeito dessas técnicas sobre a rigidez tecidual. Além disso, programas de alongamento estático ou do tipo contrai-relaxa parecem eficazes em reduzir a rigidez tecidual passiva quando realizados com a aplicação de protocolos de longa duração e/ou alta frequência. Estudos adicionais devem investigar o efeito de protocolos de alongamento de maior duração em humanos, no qual a amplitude adquirida seja posteriormente utilizada pelos indivíduos em suas atividades diárias.

Os diversos estudos analisados realizaram as medidas da rigidez passiva de maneiras distintas. Alguns estudos em humanos calcularam a rigidez articular como a variação do torque de resistência articular em uma determinada amplitude (21, 22, 28, 50), enquanto outros mediram essa propriedade pela oscilação rítmica do segmento corporal, assumindo o comportamento semelhante ao modelo de pêndulo massa-mola para cálculo do nível de rigidez (26). A maioria das pesquisas em humanos, portanto, registrou rigidez articular, que é conferida pelos tecidos que cruzam a articulação. No entanto, as pesquisas realizadas em animas foram capazes de determinar a rigidez isolada do tecido muscular a partir da medida direta da variação da força de resistência aplicada nesse tecido (24, 25, 27).

Ademais, alguns autores mediram a rigidez do complexo tendão-aponeurose utilizando imagens de ultrassonografia durante a medida do torque de resistência à movimentação (6, 41). A presença desses diferentes métodos de mensuração impossibilitou a comparação dos resultados em relação à magnitude de aumento ou diminuição da rigidez tecidual. Assim, não foi possível saber qual dos diferentes protocolos de intervenção utilizados foi mais eficaz em alterar a rigidez tecidual.

Além dos diferentes métodos de mensuração da rigidez tecidual utilizados nos estudos, o corpo de conhecimento atual sobre o tema inviabiliza a realização de uma revisão sistemática da literatura que inclua apenas Ensaios Clínicos Aleatorizados. A opção por realizar uma revisão crítica da literatura incluindo também estudos em animais permitiu investigar tanto o efeito dos exercícios de fortalecimento e alongamento sobre a rigidez tecidual passiva quanto as alterações histológicas responsáveis por esse efeito.

Esta revisão da literatura identificou alguns protocolos de fortalecimento e alongamento eficazes em alterar a rigidez tecidual passiva. A literatura sugere a relação da rigidez com a estabilidade articular, a capacidade de transferência de energia entre os segmentos corporais, a postura e os padrões de movimento (5, 8, 13). A maioria dos estudos analisados não investiga se as modificações na rigidez resultantes dos programas de fortalecimento e alongamento são capazes de alterar algum desses fatores. Dessa forma, estudos futuros podem investigar o efeito da modificação da rigidez tecidual sobre a postura, a estabilidade articular e os padrões de movimento.

 

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Pule carnaval sem esquecer da saúde

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Não importa onde será sua folia: na praia, no interior ou na cidade, antes de vestir o abadá vale seguir algumas dicas para não estragar seu Carnaval.

Cuidado com a hidratação nos dias de muito calor e excesso de atividade física - Wilson Pedrosa/AE
Wilson Pedrosa/AE
Cuidado com a hidratação nos dias de muito calor e excesso de atividade física

Evite a desidratação

Nestes dias de muito calor e muita atividade física, é preciso atenção redobrada à hidratação. Beba muita água e bebidas como água de coco e sucos de frutas, para repor a perda de líquido. "Nessa época, até os isotônicos industrializados estão liberados", indica a nutricionista Mariana Del Bosco. É bom lembrar que, fora do Carnaval, essas bebidas esportivas não devem ser consumidas com frequência, já que o alto teor de sódio pode ocasionar aumento da pressão arterial.

Outra dica: evite os refrigerantes e outras opções gasosas. "Esse tipo de bebida aumenta a irritação no estômago", explica o clínico geral Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Prefira os sucos naturais", recomenda.

Atenção ao que você come

Evite longos períodos sem se alimentar. "Você corre o risco ter uma queda de pressão e passar mal", alerta a nutricionista Mariana Del Bosco. Nesta época, casos de hipoglicemia por falta de comida são bem comuns. "Tenha sempre algo por perto, como uma bolachinha, para conseguir repor os nutrientes perdidos no suor", diz ela.

Mas preste atenção na hora de escolher onde comer, tanto no tipo de alimento, quanto na limpeza do local. Em dias de festa, principalmente na praia e em cidades menores, é fácil encontrar várias barracas e quiosques que oferecem lanches e pratos rápidos e práticos. A falta de higiene pode causar intoxicação alimentar, que leva a diarreia e vômitos. Deixe de lado os ingredientes que estragam facilmente, como a maionese.

Se você não abre mão da comidinha caseira, cuidado com a quentinha também. "Há riscos de contaminação, já que os alimentos estarão fora da geladeira e não poderão ser armazenados corretamente", explica Mariana. Por isso, prefira barras de cereal, frutas, biscoitos integrais e  frutas secas, como castanhas e nozes.

Outra opção é consumir picolés de fruta, que espantam o calor e hidratam o organismo.

Álcool, o velho vilão

Ninguém aqui vai proibir uma cervejinha. O problema, como sempre, é o abuso. Além de garantir uma bela ressaca, o excesso de álcool provoca desidratação. "Por isso é sempre bom tomar água entre uma bebida e outra", indica Paulo Olzon.

Quer tomar vários tipos de bebida? "Não há comprovação científica de que misturar diferentes bebidas faz mal à saúde. O que conta mesmo é a quantidade ingerida", frisa ele. Outra vez: evite o excesso.

Merecido descanso

A maior parte das pessoas dorme pouco, e mal, durante os dias de folia - e se esquece que isso é vital para manter o pique. "Respeite seus limites e descanse. Esse é o melhor remédio para curar a estafa e também a ressaca", ensina Paulo Olzon. Um repouso de 6 a 8 horas é suficiente para recuperar as energias gastas na folia.

E nada de abusar de estimulantes como café e o famoso pó de guaraná. "Muitas doses de bebidas estimulantes com cafeína podem ocasionar aceleração cardíaca", alerta Paulo Olzon.

Cuidado com a audição

No carnaval, a música é tocada a altos brados na avenida, em festas e principalmente nos trios elétricos. Apesar de divertido, o ambiente muito ruidoso pode ser prejudicial. Quanto expostos a uma intensidade muita alta de som, cerca de 110 a 120 decibéis, podemos perder audição em questão de minutos."A pessoa não necessariamente vai ficar surda de uma vez, mas pode sim perder um pouco da audição devido ao som muito alto", alerta Ektor Onishi, otorrinolaringologista da Unifesp.

Segundo o especialista, o primeiro sinal de abuso é sentir um zumbido forte nos ouvidos. "Em geral, a lesão ocorrida é pequena, mas irreversível. O ideal é não se expor novamente, pois, ainda que não seja notada logo, essa perda de audição vai aparecer no futuro", diz.

A dica é evitar ficar perto das caixas de som e, se possível, tentar ir para longe do ambiente com ruído a cada meia hora. Isso também vale para quem é frequentador assíduo de baladas e festas. Já no carnaval, outra opção é usar protetores auriculares para proteger os ouvidos.

Sexo seguro

Todo mundo está careca de ouvir - mas tem gente que ainda esquece o velho conselho: use camisinha. Não à toa nesta época sempre crescem os casos de DSTs - as doenças sexualmente transmissíveis.

E aqui não se trata só de evitar a aids, a mais temida delas. "Muita gente se arrisca porque não sabe a gravidade de doenças como gonorreia, sífilis e HPV, além da aids, claro", lembra Paulo Olzon.

Aferição dos equipamentos de laser de baixa intensidade

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A terapia a laser de baixa intensidade (LBI) vem sendo investigada e utilizada clinicamente há mais de 30 anos, o que justifica o crescente interesse pelos efeitos do laser e a significativa quantidade de publicações científicas encontradas na literatura mundial1-3. Portanto, faz-se necessário que o usuário do equipamento tenha um conhecimento dos princípios físicos e bioquímicos para um melhor aproveitamento dos seus recursos.

Os equipamentos de LBI podem ter saída tanto pulsada quanto contínua, e os comprimentos de ondas mais comumente utilizados na sua prática variam de 630 nm a 1300 nm, incluindo, dessa forma, espectros de luz visível e não-visível (infravermelho)1.

Segundo estudos realizados in vitro, os efeitos da luz ativam mecanismos de controle metabólico celular. Esses mecanismos envolvem aceleração da cadeia de transporte de elétrons, aumento da síntese de adenosina trifosfato (ATP) e redução do pH intracelular. Essas reações formam as bases dos efeitos de LBI4-6.

Estudos laboratoriais, realizados na sua maioria em animais, expõem fortes evidências de que o LBI tem capacidade de modular processos inflamatórios e aliviar quadros álgicos agudos desencadeados por lesões em tecidos moles. Essa atuação pode ocorrer por meio da diminuição da condução nervosa, liberação de opióides endógenos, aumento da angiogênese e consequentemente da microcirculação local7,8. Além disso, teria efeitos inibitórios da liberação de prostaglandinas, níveis de citocinas, da cicloxigenase (Cox2) bem como efeitos de aceleração da proliferação celular, síntese de colágeno e reparo tecidual9,10.

No entanto, vários pontos ainda precisam ser esclarecidos e padronizados para uma utilização segura e eficaz. Alguns desses tópicos se relacionam ao tipo de LBI, comprimento de onda e dose empregada, que podem alterar os efeitos desejados durante a aplicação de tal recurso1.

De acordo com Fukuda e Malfatti11, muitos terapeutas e pesquisadores têm-se baseado na definição da dose do laser pela densidade energética ou fluência (ΔE), porém a grande variedade de equipamentos de LBI pode levar a diferença nos resultados terapêuticos encontrados por fornecerem parâmetros que variam de acordo com o fabricante. Dessa maneira, há uma dificuldade ainda maior em relação à reprodutibilidade clínica dessas pesquisas, pois, ao se utilizarem os mesmos valores em diferentes equipamentos, diferenças na energia total emitida ao tecido podem ser encontradas.

Outros aspectos importantes na variabilidade dos resultados clínicos e na qualidade dos tratamentos propostos são as falhas eletrotécnicas dos equipamentos de LBI, assim como a quantidade de energia que está sendo fornecida ao tecido. Ainda não há uma grande preocupação por parte dos terapeutas e fabricantes sobre a frequência com que esses equipamentos devem ser submetidos a serviços de calibragem e aferição12-14.

Pensando nisso, o objetivo deste estudo foi analisar a potência média real (PmR) dos equipamentos de LBI e as doses terapêuticas aplicadas durante a utilização clínica desse recurso em clínicas, consultórios, ambulatórios, universidades e hospitais situados na região da Grande São Paulo.

 

Materiais e métodos

Levantamento dos equipamentos de LBI

Este foi um estudo de aferição de equipamentos de LBI utilizados em clínicas, consultórios, ambulatórios, universidades e hospitais com o serviço de Fisioterapia na região da Grande São Paulo. Em princípio, 261 estabelecimentos foram localizados por meio de livretos de convênios, sites de busca na internet e conhecimentos pessoais dos avaliadores, sendo eles contactados por telefone ou visita pessoal. Apenas 140 possuíam equipamentos de LBI, sendo que 52 não puderam ser avaliados por falta de permissão do responsável ou porque o equipamento estava em manutenção.

Nos 88 estabelecimentos onde foram realizadas as análises, 127 equipamentos foram encontrados, sendo 60 selecionados para avaliação por terem sua forma de emissão contínua. Eles foram divididos em sete marcas (seis nacionais e um importado) sendo 11 modelos diferentes. Além disso, 13 equipamentos apresentavam laser vermelho (oito equipamentos com comprimento de onda de 660 nm e cinco equipamentos com 670 nm) e 47 infravermelho (dez com comprimento de onda de 808 nm, 26 com 830 nm e 11 com 850 nm) (Figura 1).

 

 

Foram incluídos na análise os equipamentos de LBI em totais condições de uso, com tempo mínimo de utilização de três meses e que estivessem sendo utilizados na abrangência da Fisioterapia.

Questionário

Para a coleta dos dados, foi elaborado um questionário para ser respondido antes dos procedimentos, contemplando informações do equipamento como: marca, modelo, cor do laser, potência média fornecida pelo fabricante (PmF) e comprimento de onda. Também foram elaboradas questões direcionadas ao principal operador do LBI, como: principal efeito terapêutico pretendido em suas aplicações, dose programada para alcançar tal finalidade15, informações quanto ao conhecimento da necessidade de aferição e se os mesmos já haviam sido submetidos à manutenção e calibragem. As in-formações foram coletadas dos manuais de operação dos res-pectivos equipamentos; porém, para aquelas não encontradas, realizou-se também contato telefônico e/ou por internet com as empresas responsáveis.

Procedimentos

Antes da coleta dos dados, foi entregue ao responsável pelo equipamento um termo de consentimento livre e esclarecido, contemplando a ausência de riscos físicos ao equipamento, danos morais ou despesas aos responsáveis.

A aferição da PmR foi realizada por meio de um potenciômetro (Lasercheck - Coherent) que, previamente ao estudo, foi calibrado pelo fabricante, sendo fornecido um certificado de acurácia de +/- 5%. Ele possui uma faixa de abrangência entre 400 e 1064 nm de comprimento de onda e destina-se à avaliação de equipamentos de emissão contínua. Esse aferidor possui uma lente protetora utilizada em equipamentos com uma PmF acima de 10 mW. Abaixo desse nível, a lente protetora era mantida aberta, segundo instruções do fabricante.

Padronizou-se que todos os equipamentos seriam analisados de duas maneiras: a primeira, imediatamente ligados (desaquecidos), e a segunda, após 10 minutos de utilização (aquecidos). Foram realizadas três análises para o equipamento aquecido e três para o equipamento desaquecido, calculando-se a média para cada condição. Também foi feita a limpeza da lente da caneta emissora com uma gaze descartável e um cotonete umedecidos em álcool etílico hidratado, e procurou-se realizar a análise em um local com menor claridade possível para evitar interferência luminosa.

Para o início da análise, a dose foi programada de duas maneiras, devido ao fato de os equipamentos possuírem formas de emissão diferentes (densidade de energia e energia final). Com isso, salienta-se que a diferença na forma de emissão não interferiu na coleta dos dados, já que o parâmetro analisado foi a PmR do equipamento em comparação com a PmF. Sendo assim, após execução do projeto-piloto, padronizou-se como parâmetro a dose de 4 J ou 4 J/cm2, dependendo da forma de emissão de cada equipamento.

Em seguida, o potenciômetro foi ajustado quanto ao com-primento de onda referente a cada equipamento, e a caneta emissora era acoplada em um ângulo de 90º, sendo realizado o disparo e simultaneamente ligado o potenciômetro, o qual fornecia a PmR emitida pelo LBI (Figura 2).

 

 

Esses valores de PmR foram também enquadrados nas nor-mas vigentes da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), que permite uma variação na saída dos equipamentos de, no máximo, 20%12-14.

Projeto-piloto

Foi realizado um estudo prévio para padronizar a dose a ser aferida em todos os equipamentos. Diferentes doses de energia foram testadas (2, 4 e 6 J) em um mesmo equipamento de LBI com PmF igual a 100 mW e comprimento de onda de 808 nm.

Após análise dos dados, não foi encontrada diferença significativa na PmF aferida nas doses descritas (P=0,2). Portanto, para aferição da PmR, padronizou-se utilizar dose de energia de 4 J ou 4 J/cm2, selecionando-se tal parâmetro por apresentar tempo de exposição radiante compatível com a realização de todo o procedimento de aferição. Com essa dose selecionada, a análise não ultrapassaria 15 minutos, evitando transtornos ao estabelecimento.

Ainda, dentre esses procedimentos, foi feita uma análise estatística pelo Teste T para amostras independentes (P=0,80), comparando os dois avaliadores, e também o Teste de Correlação Intraclasse (ICC=0,81). Dessa forma, considerou-se que ambos os examinadores estavam aptos a realizar tal mensuração.

Análise dos dados

Para melhor entendimento e aproveitamento da análise, os equipamentos foram divididos em quatro grupos de acordo com o tempo de uso: grupo I, até 2 anos e 6 meses (n=18); grupo II, até 5 anos (n=12); grupo III, até 7 anos e 6 meses (n=10) e grupo IV até 10 anos (n=20).

Após a coleta dos dados, foi utilizado o programa estatístico Graph Pad Instat para processamento. Em princípio, foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov (K- S) para verificação da normalidade dos dados, com significância de 5%, sendo que se optou por um teste não-paramétrico por análise de variância (ANOVA) com o pós-teste de Friedman, para comparar a PmF, PmR (aquecido) e PmR (desaquecido).

 

Resultados

A média da PmF foi de 30,7 mW, a PmR dos equipamentos desaquecidos foi de 18,1 mW e dos aquecidos, 18,3 mW. A correlação entre a PmF e a PmR, incluindo todos os equipamentos desaquecidos, mostrou-se extremamente significativa (P<0,001). O mesmo se deu na comparação entre a PmF e a PmR com os equipamentos aquecidos (P<0,001) (Figura 3). A porcentagem de déficit da PmR em relação à PmF com os equipamentos desaquecidos foi de 64,3%, e com os equipamentos aquecidos foi de 63,7% (Tabela 1).

 

 

 

 

Os resultados da análise mostraram que dentre os 60 equipamentos aferidos, somente oito enquadravam-se nos padrões de regularidade pré-definidos pela ABNT12,14, portanto, 52 equipamentos apresentavam PmR fora dessa margem de regularidade.

As análises pelo tempo de utilização da PmR com a PmF mostraram os seguintes déficits médios: grupo I: 34,73%; grupo II: 65%; grupo III: 68,40% e o grupo IV: 90,70%.

AΔE mais comumente utilizada pelos aplicadores foi 4 J/cm2 por ponto, sendo que os efeitos terapêuticos mais pretendidos foram cicatriciais e anti-inflamatórios.

Salienta-se que, dos 18 equipamentos do grupo I, somente dois haviam passado por manutenção, e seis estavam dentro da margem de regularidade da ABNT. No questionário realizado com os terapeutas, encontrou-se que 16 utilizavam a dose em ΔE, e dois usavam energia total, sendo que nenhum conseguiu atingir a janela terapêutica desejada.

No grupo II, dentre os 12 equipamentos, somente seis haviam passado por manutenção, e apenas um estava dentro dos padrões da ABNT. Todos os terapeutas utilizavam a dose em ΔE, e nenhum equipamento conseguiu atingir a janela terapêutica.

Nos dez equipamentos do grupo III, sete passaram por manutenção, porém nenhum estava dentro dos padrões da ABNT. Como observado no grupo anterior, todos utilizavam a dose em ΔE, e nenhum equipamento atingiu a janela terapêutica. Para o grupo IV, dentre os 20 equipamentos, somente dez haviam passado por manutenção, e um estava dentro da margem de regularidade; a dose usada foi em ΔE, e somente um equipamento conseguiu alcançar a janela terapêutica desejada (Tabela 2). Vale lembrar que a distribuição em quatro grupos foi utilizada apenas para a análise dos dados contidos no questionário, não sendo mantida, portanto, para a aferição da PmR.

 

 

Discussão

Este estudo teve como objetivo mostrar a atual condição dos equipamentos de LBI utilizados em clínicas e consultórios de Fisioterapia na região da Grande São Paulo, sendo que se encontrou uma desordem na utilização e manutenção desse recurso terapêutico. Evidências mostram que os equipamentos encontram-se fora dos padrões de normalidade dos órgãos de vigilância dos equipamentos eletrônicos e que há falta de conhecimento técnico dos profissionais na escolha da dose ideal, tipo de laser e métodos para alcançar o real efeito terapêutico desejado.

Após períodos prolongados de uso, os equipamentos de LBI tendem a sofrer degradação dos meios produtores de radiação laser, diminuindo a potência de radiação emitida pelo equipamento16. Por isso, a verificação anual de tais equipamentos deveria ser realizada de acordo com as especificações encontradas nos manuais fornecidos pelos fabricantes, visto que, apenas desse modo, pode-se alcançar uma aplicação realmente funcional desse método terapêutico. Tendo em vista que equipamentos eletromédicos podem vir a apresentar falhas de utilização com o passar dos anos, há uma grande dificuldade em saber quando e como as falhas irão ocorrer, ou até mesmo como prevenir esse fato12-14.

A análise feita neste estudo comprova o real quadro dos equipamentos de LBI, em que se salienta que a minoria dos aparelhos analisados haviam passado por calibração ou aferição, comprometendo ainda mais a qualidade e eficácia do tratamento proposto.

Em relação às normas NBR IEC 601-2-22, IEC 60825-1 e Relatório Técnico 60825-8 IEC da ABNT, que recomendam que o LBI não apresente incerteza maior que ±20% em relação ao valor nominal da potência do fabricante12-14, observou-se, neste estudo, que dos 60 aparelhos avaliados, apenas oito encontravam-se dentro desses padrões. Na avaliação da PmF em relação a PmR notou-se uma diferença de 64%, eviden-ciando a desordem na utilização desse recurso. Dessa forma, explica-se o porquê de somente um aparelho atingir a janela terapêutica preconizada pela World Association for Laser Therapy (WALT)15.

Em relação à forma de aplicação, a grande maioria dos terapeutas utilizava a dose baseada na ΔE. Dos 60 equipamentos, apenas dois proporcionavam o cálculo direto da energia final como parâmetro; porém, devido ao seu déficit na PmR, não conseguiram alcançar a janela terapêutica desejada. Apenas um equipamento atingiu esse limiar de tratamento, tendo em vista que somente nele era aplicada uma alta ΔE, além de se encontrar dentro dos padrões da ABNT, levando ao real efeito terapêutico desejado.

Em um estudo em que foram feitas simulações comparativas da potência média em aparelhos de LBI nacionais, os autores concluíram que a ΔE não parece ser o parâmetro que melhor descreve a dose a ser utilizada, pois ele pode variar dependendo do equipamento utilizado, já que seus parâmetros serão diferentes quando comparados a outras marcas e modelos de LBI11. Esse fato volta a justificar os resultados encontrados na atual análise e, além disso, observou-se que, mesmo em equipamentos que possuíam PmR alta e dentro das normas da ABNT, não seria possível alcançar a janela terapêutica preconizada devido ao desconhecimento do profissional em relação à dose desejada. No presente estudo, os profissionais basearam-se apenas em ΔE, sendo que o principal valor foi de 4 J/cm2, objetivando alcançar efeitos anti-inflamatórios e cicatrizantes.

Devido a tal fato, nota-se que a ΔE utilizada foi muita baixa, uma vez que, segundo a WALT, é necessário aplicação de 1 a 4 J de energia final para alcançar esses efeitos, e assim o profissional precisaria utilizar uma ΔE muito maior15.

Isso pode ser comprovado na avaliação de dois ensaios clínicos aleatórios e controlados, em que, no primeiro, foi aplicado LBI em pacientes com osteoartrite nas mãos, com dose padronizada em DE igual a 3 J/cm2. Os resultados obtidos no estudo não mostraram diferenças significativas entre os grupos, indicando que a DE pode ter sido muito baixa, não atingindo a janela terapêutica15,17. O segundo estudo foi realizado em pacientes com lombalgia, divididos em três grupos: no primeiro, foi realizada aplicação de LBI associada a exercícios; no segundo, somente aplicação de LBI e, no terceiro, somente exercícios. De acordo com os parâmetros fornecidos nesse estudo quanto à dosimetria, nota-se que se atingiram os parâmetros preconizados pela WALT e, consequentemente, o efeito terapêutico desejado pelos pesquisadores. Assim, pode-se observar que nos dois grupos que usaram LBI, houve diferença significativa no nível da dor quando comparados ao grupo que realizou somente exercícios15,18.

Este quadro atual de falta de padronização da aferição de equipamentos utilizados na Fisioterapia estende também ao ultrassom terapêutico (UST). Os resultados obtidos mostra-ram um período demasiadamente longo entre as aferições dos equipamentos, interferindo, assim, no seu efeito terapêutico. Alguns estudos alertam para a necessidade de aferições periódicas dos equipamentos de UST19,20.

Com isso, fica claro a importância da realização de verificações periódicas nos equipamentos, dando ao fisioterapeuta um recurso com maior confiabilidade e reprodutibilidade. Afirma-se também que as pesquisas científicas devem seguir o mesmo caminho, ou seja, passar por um processo de aferição previamente ao estudo19-21.

As análises desses trabalhos e dos resultados mostrados no presente estudo levam a acreditar que, para um melhor e mais eficiente aproveitamento dos efeitos benéficos do LBI, é extremamente importante que a Pm do equipamento esteja dentro dos padrões da ABNT e que o fisioterapeuta esteja apto a dosar de forma correta a energia aplicada12-15.

Portanto, percebe-se que há a necessidade de aferição anual ou até mesmo semestral dos equipamentos de LBI, investimentos na melhoria da qualidade pelos fabricantes bem como maior conhecimento técnico por parte dos profissionais que os utilizam. Uma limitação deste estudo é que foram avaliados apenas equipamentos de laser na forma contínua, visto que o potenciômetro empregado para aferição é específico para emissão contínua. Como perspectivas para futuros estudos, propõe-se realizar nova aferição dos equipamentos para analisar uma provável mudança neste cenário, assim como incluir equipamentos que tenha saída pulsada.

 

Conclusão

Os equipamentos de LBI utilizados em clínicas, consultórios e hospitais localizados na região da Grande São Paulo apresentaram um déficit acentuado na potência média, o que mostra uma grande desordem na utilização clínica desse recurso. Além disso, grande parte dos equipamentos estavam fora dos padrões da ABNT, e as aplicações provavelmente não estej am atingindo a janela terapêutica preconizada, mostrando a necessidade de aferição periódica.

 

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Autores:

Thiago Y. FukudaI,II; Julio F. JesusI; Marcio G. SantosI; Claudio Cazarini JuniorII; Maury M. TanjiIII,IV; Helio PlaplerII

ISetor de Fisioterapia, Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São Paulo (SP), Brasil
IICirurgia e Experimentação, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil
IIILaboratório de Investigação Médica em Dermatologia e Imunodeficiência (LIM56), Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo (SP), Brasil
IVUniversidade do Grande ABC (UNIABC), Santo André (SP), Brasil

Dicas para uma boa especialização de Fisioterapia na Pediatria

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Quando se pensar em fazer uma especialização em pediatria, o profissional de fisioterapia precisa ter algumas questões resolvidas.

O fisioterapeuta que trabalha nesta área utiliza uma abordagem com base em técnicas neurológicas e cardiorrespiratórias especializadas, buscando integrar os objetivos fisioterápicos com atividades lúdicas e sociais, levando a criança a uma maior integração com sua família e a sociedade. Criança essa de qualquer idade. Seja recém nascido ou na pré adolescência. 


Ao procurar fazer um curso de especialização em pediatria, o profissional procura a complementação da formação universitária nos aspectos da prática profissional, não contemplados nos cursos de graduação e a formação de profissionais com visão crítica e abrangente do sistema de saúde universalizado, integrado, hierarquizado e regionalizado, voltados à melhoria das condições de saúde da população. Além disso, a capacitação do profissional fisioterapeuta para implantar serviços de fisioterapia pediátrica, bem como realizar a terapia física, dar e/ou encaminhar o paciente pediátrico quer seja em regime de ambulatório, enfermaria, UTI e/ou pronto socorro.

As disciplinas que serão estudas com certeza tem que ter desenvolvimento psicomotor infantil, semiologia, aulas de neonatologia, aulas de fisioterapia na pneumologia, revisão de literatura sobre postura além de conhecimento especifico de muitas sindromes que acomete crianças.

Ao procurar uma especialização para fazer, procure o quadro docente. Com certeza indica o comprometimento da instituição com a qualidade. Boa sorte!

Via

Saiba mais sobre Flexibilidade

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- DEFINIÇÃO CLÁSSICA 

" É a capacidade e a qualidade que tem o indivíduo de executar movimentos de grande amplitude angular por si mesmo ou sob a influência de forças externas" (HARRE,1976;FREY,1977;WEINECK,1986).

- FLEXIBILIDADE CORPORAL 

A flexibilidade corporal tem duas significações : uma relativa à capacidade adaptativa do organismo como um todo para cumprir as tarefas motoras específicas do dia-a-dia do homem e a outra relativa à qualidade das estruturas orgânicas que intervêm na execução de tarefas motoras ambas, portanto, determinadas geneticamente.

- DEFINIÇÃO OPERACIONAL 

A flexibilidade corporal pode ser entendida como a capacidade de executar movimentos de grande amplitude através da ação da musculatura agônica, acumulando energia cinética potencial que pode ser utilizada na execução de tarefas motoras que requerem velocidade e/ou potência da contração muscular, tais como lançamentos, partidas etc.

A flexibilidade corporal, do ponto de vista educativo-físico, apresenta vários sinônimos . Alguns deles são mal-utilizados e geram confusão, como é o caso da elasticidade , que se refere ao grau de concentração e de extensão das fibras musculares, e o alongamento , que se refere ao grau de distensão das fibras musculares , mas não se refere ao grau de contração . Por essa razão só podemos utilizar como sinônimo a mobilidade articular , dado que ela envolve a participação de todas as estruturas orgânicas que são utilizadas na flexibilidade corporal.

Essas estruturas orgânicas são: os músculos, que compreendem as fibras musculares  e o fluido intramuscular(sarcoplasma), que permite que as fibras musculares escorreguem entre si; o colágeno , a substância  que mantém as fibras musculares unidas; os tendões , que unem os músculos aos ossos e que não apresentam graus de contração ; a cápsula articular , que envolve as articulações e que contém o líquido sinovial que evita o atrito entre as superfícies articulares ; e os ligamentos , que são os pontos de inserção dos músculos nos ossos.

Segundo (GOMESTUBINO,1977) flexibilidade é "uma qualidade física do homem que condiciona a capacidade funcional das articulações de movimentarem-se dentro dos limites ideais de determinadas ações ."

(GOMESTUBINO,1977) ainda  afirma que "o trabalho de flexibilidade desenvolve a elasticidade muscular e a mobilidade articular. Por sua vez , a comunhão da elasticidade muscular com a mobilidade articular provoca uma amplitude dos movimentos".

Conforme ( SULLIVAN  & TOBIAS,1998) "os homens tendem a ser pouco flexíveis porque a testosterona , o hormônio masculino, forma músculos e força enquanto diminui a flexibilidade." "o corpo feminino é muito mais flexível do que o masculino : sua estrutura óssea é menos densa e os ossos são mais curtos. O estrógeno e a progesterona são hormônios que ajudam a manter a flexibilidade".   

Fonte

No Youtube 3: Garoto supera paralisia cerebral com atividade física

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O esporte pode reabilitar e desenvolver crianças, adultos e idosos. Não é raro a gente escutar pessoas que superam as suas limitações em várias modalidades esportivas.

O video de hoje fala de uma criança, com paralisia cerebral, que supera suas limitações motoras com a prática de Natação e a ajuda da familia.



Uma linda história, daquelas para inspirar o seu trabalho diário.

Nada é impossível quando se tem trabalho, fé e conhecimento.

Esse video, assim como muitos outros, estão no nosso canal do Youtube. Inscreva-se!


A Fisioterapia no alívio da dor

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A Fisioterapia em Cuidados Paliativos visa a qualidade de vida em pacientes com doença avançada ou em progressão desta, por meio de condutas que reabilitem funcionalmente o paciente, bem como auxilia o cuidador a lidar com o avanço rápido da enfermidade.1

A dor no câncer constitui uma preocupação e torna-se um problema em saúde pública, uma vez que o gerenciamento destes sintomas e custos traz desgastes desde a esfera física à financeira. Desta forma, medidas terapêuticas menos agressivas e invasivas devem ser consideradas.2

A abordagem medicamentosa é a forma mais utilizada para o controle da dor. Entretanto, a utilização de recursos fisioterapêuticos como a cinesioterapia, a eletroterapia, a massagem, oferecem meios para a melhora da dor, uma vez que a fisioterapia busca a reabilitação plena do indivíduo a partir da minimização de seus sintomas.2,3

A dor contribui para um estado de incapacidade no paciente que independe da doença de base, bem como pode gerar adaptações de autocontrole, minimização de sintomas ou simplesmente um estado de prostração, quietude, esgotamento físico e mental. O sintoma da dor conduz o sujeito a um estado de finitude de sofrimento.4

A dor nestes pacientes pode relacionar-se direta ou indiretamente ao tumor primário bem como a suas metástases, a intervenções terapêuticas e/ou procedimentos de investigação. Devemos levar em consideração que fatores como postura, inatividade física, estado emocional, e até temperatura podem trazer influências.3-5


A DOR NO CÂNCER

A dor no câncer pode decorrer desde a infiltração (invasão) neoplásica dos tecidos, de procedimentos terapêuticos, bem como de síndromes paraneoplásicas. O câncer pode gerar lesões dos receptores de dor denominados nociceptores. Os nociceptores podem ser ativados por diversos estímulos (mecânicos, térmicos ou químicos) e sensibilizados por estímulos químicos endógenos (serotonina, substância P, bradicinina, prostaglandinas e histamina) após uma lesão tecidual.2-5

A dor relacionada à infiltração tecidual pode ocorrer através do osso, compressão de troncos nervosos periféricos, no neuro-eixo, vísceras ocas, vísceras parenquimatosas, invasão e oclusão de vasos sanguíneos, infiltração de mucosas, tegumento e estruturas de sustentação.4,5

Ao falarmos de procedimentos terapêuticos citamos a dor incisional e cicatricial, pós-amputação, pós-quimioterapia, pós-radioterapia, supressão de corticosteroides, mucosite, neuropatia pelo vírus herpes zoster, neuropatia actínica, uso de morfina e epigastralgia por doença péptica.4,5

Entretanto, as síndromes paraneoplásicas poderão ser ocasionadas por agentes liberados na circulação por células neoplásicas como também por mecanismos reacionais; dentre eles incluem-se a dermatomiosite, miopatias, artrites, síndrome dolorosa do tromboembolismo por hipercoagulabilidade, imobilismo e distrofia simpático-reflexa.4,5

Faz-se necessária uma minuciosa avaliação da dor para que haja um tratamento adequado. Pode-se recorrer ao uso de instrumentos de avaliação (escalas de avaliação da dor) e seus domínios como forma de mensuração, e complementarmente as escalas de funcionalidade.3


CUIDADOS PALIATIVOS E A FISIOTERAPIA

A fisioterapia atua na prevenção de complicações, sejam estas da esfera osteomioarticular, respiratória, e por desuso, que causem danos físicos e funcionais ao individuo através orientações domiciliares, diagnóstico e intervenção precoce, por meio de condutas que favorecem a melhoria da qualidade de vida e a redução tanto dos custos pessoais quanto hospitalares. A atuação deve ser realizada em todas as etapas da neoplasia: pré-tratamento, durante o tratamento, após o tratamento, na recidiva da doença e nos cuidados paliativos.6

Os profissionais da fisioterapia dispõem de recursos que podem intervir no tratamento paliativo de pacientes com câncer. Estes cuidados são responsáveis por desenvolver um tratamento para doentes sem possibilidades de cura, monitorando e diminuindo os sinais e sintomas físicos, psicológicos e espirituais.7 Desta forma, visam, sempre que possível, à construção e manutenção da independência funcional do paciente através da preservação da vida e alívio dos sintomas por recursos fisioterapêuticos como: terapia para dor, alívio dos sintomas psicofísicos, atuação nas complicações osteomioarticulares, reabilitação das complicações linfáticas, cardiopulmonar, atuação na fadiga, alterações neurofuncionais, úlceras de pressão.3,7

Mediante a fase da enfermidade, a reabilitação paliativa tenta amenizar o impacto do avanço da patologia, minimizando seus sintomas e incentivando o paciente a realizar atividades funcionais e até mesmo participar de seu tratamento, respeitando seu limite funcional.1

A evolução da doença causa sofrimento ao paciente e à família, e reconhecer a fase em que o paciente se encontra é importante, uma vez que permite uma adequação ao tratamento e entender que a terminalidade não se restringe apenas aos últimos dias de vida.8

Um fator importante nestes pacientes é a questão da morte. Saber lidar com esta situação é um dos fatores mais angustiantes para os profissionais e exige extrema delicadeza, pois muitos encaram esta dificuldade experimentando um desconforto com a situação, seguido de inevitáveis frustrações profissionais. Além disso, a relação da morte e do morrer e seus cuidados são ainda desconhecidos até mesmo no ambiente acadêmico, e perpetuam-se durante a vida profissional.9

De acordo com o CREFITO e a resolução do COFFITO nº10 de 03/07/78, que aprova o Código de ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no capítulo II art.7º está explícito como dever do fisioterapeuta no exercício profissional: o zelo, o respeito à vida humana desde a concepção até a morte, a prestação de assistência, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, a utilização de todos os conhecimentos técnicos e científicos, respeito ao natural pudor e intimidade, bem como o respeito do direito de decisão da pessoa de seu bem-estar e a informação sobre seu diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico.7

A fisioterapia não busca apenas a funcionalidade do paciente, mas a manutenção de uma comunicação, objetivando estreitar a relação profissional-paciente, gerando mais confiança do doente em relação ao terapeuta e conforto. Tais condutas diminuem a sensação de abandono que aflige muitos pacientes em fase avançada e seus familiares.1


A FISIOTERAPIA NO ALÍVIO DA DOR

A dor no câncer é talvez o sintoma mais angustiante que apresenta um paciente com neoplasia, devido à deteriorização de sua qualidade de vida.

Os sintomas apresentados em pacientes com neoplasia avançada podem ser múltiplos, intensos e multifatoriais. Fatores como dor e a perda da independência são complicações temidas pelos pacientes. A diversidade deles faz com que se tenha uma preocupação na monitorização de evolução, intensidade, causa, impacto sobre as AVD's, estado emocional e probabilidade de controle.1,7,10

A utilização de recursos manuais, meios físicos e ortóticos minimizam a percepção sintomática da dor. Dentre as modalidades terapêuticas podemos citar a cinesioterapia, eletrotermoterapia e órteses (muletas, andadores, cadeiras adaptadas e coletes). Os agentes físicos mais utilizados são o calor, o frio e as correntes elétricas. Tais recursos podem ser utilizados em associação, incluindo a massagem, acupuntura, técnicas de relaxamento, distração e respiração.1,3,5,7,10

Os métodos de terapia manual podem ser utilizados para complementar o alívio da dor, diminuindo a tensão muscular, melhorando a circulação tecidual e diminuindo a ansiedade do paciente.7

Com o alívio da dor em Cuidados Paliativos busca-se, acima de tudo, o bem estar e conforto do paciente. Mas é importante frisar que a dor não afeta apenas quem a sente, mas também exerce um impacto significativo nos cuidadores, que muitas vezes se sentem incapazes de aliviar tal sintoma.1,7,10

Termoterapia

A termoterapia é uma modalidade que possibilita a vasodilatação, o relaxamento muscular, a melhora do metabolismo e circulação local, a extensibilidade dos tecidos moles, a alteração de propriedades viscoelásticas teciduais e a redução da inflamação. A termoterapia por calor superficial pode ser realizada através do uso de bolsas térmicas, banhos de contraste, banhos de parafina, infravermelho, forno de Bier, hidroterapia de turbilhão e por calor profundo, os mais utilizados são o ultrassom, ondas curtas, laser e microondas.3,7,11

A termoterapia superficial pode ser utilizada para aliviar a dor de pacientes em tratamento paliativo. O objetivo é o de promover o alívio do espasmo muscular, interferindo no ciclo dor-espasmo-dor, aumento da extensibilidade tecidual e relaxamento muscular em indivíduos portadores de tumores, os quais podem estar comprimindo estruturas neuromusculares e, dessa forma, causando dor.3,7,11

A utilização do frio (crioterapia) pode ser utilizada em disfunções musculoesqueléticas, traumáticas, inflamatórias incluindo processos agudos.

No entanto, não há estudos conclusivos sobre a diminuição de dor oncológica através de crioterapia, porém sua aplicação pode ser útil para dores músculo-esquelética.3,7,11

Vale ressaltar que a termoterapia superficial com calor está contraindicada, quando aplicada diretamente sobre áreas tumorais. A vasodilatação provocada pelo calor superficial pode oferecer riscos na disseminação de células tumorais por via linfática e hematogênica. Desta forma, aplicam-se ao calor profundo as mesmas restrições sob todas as formas de apresentação (ondas curtas, ultrassom e laser), cujo aumento do metabólico local gerado pelo calor pode disseminar as células tumorais. Tais cautelas também deverão ser tomadas em áreas desprovidas de sensação térmica e sobre as áreas de insuficiência venosa, tecidos lesados ou infectados, bem como irradiados (Tabela 1).3,7,11




Eletroterapia

A eletroterapia consiste na utilização de corrente elétrica com finalidades terapêuticas promovendo analgesia pelo efeito contrairritativo, resultando na ativação do sistema supressor da dor e produzindo uma sensação que interfira na sua percepção. Esse efeito pode persistir por períodos longos, determinando o desaparecimento da dor. As correntes elétricas com fins analgésicos mais utilizadas são as TENS.12

A Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS) é bastante utilizada na fisioterapia para fins clínicos, por ser uma técnica analgésica simples e não invasiva que pode ser aplicada na clínica por profissionais de saúde ou em casa pelos próprios pacientes. A TENS é usada principalmente para o manejo sintomático da dor aguda e dor crônica.2,3,13 Atua sobre as fibras nervosas aferentes como um estímulo diferencial que "concorre" com a transmissão do impulso doloroso. Ativa as células da substância gelatinosa, promovendo uma modulação inibitória segmentar, e ao nível do SNC (sistema nervoso central), estimula a liberação de endorfinas, endomorfinas e encefalinas.11,2,3,14,15

O efeito analgésico, neste caso, ocorre pelos opioides endógenos (as endorfinas) que são liberados no corpo para que se liguem a receptores específicos no sistema nervoso central e periférico, diminuindo a percepção da dor e as respostas nociceptivas; portanto, a eletroestimulação alivia a dor devido à liberação de endorfinas, aumentando os números de opioides endógenos circulantes no liquido cerebroespinhal.12 (Tabela 2). As principais modalidades terapêuticas do Tens está ilustrada na tabela 3.






Cinesioterapia

Na presença de dor oncológica é comum os pacientes reduzirem a movimentação e a atividade física. Este padrão comportamental gera o comprometimento gradual do condicionamento físico e da força muscular, bem como da flexibilidade e da capacidade aeróbica, predispondo o paciente ao desenvolvimento da síndrome de imobilização. Nos estágios mais avançados, o desuso e estado de caquexia favorecem a atrofia muscular.1,3,7

A cinesioterapia é uma terapia que se utiliza de movimentos como forma de tratamento, a partir de movimentos voluntários que proporcionam a mobilidade, a flexibilidade, a coordenação muscular, o aumento da força muscular e a resistência à fadiga.

Na orientação dos doentes com dor oncólogica deve-se dar atenção à nocividade da inatividade, realizando esclarecimentos em virtude de seus efeitos deletérios a médio e curto prazo. É necessária a compreensão sobre os benefícios dos exercícios para a manutenção da flexibilidade e da força muscular, bem como da importância da função do aparelho locomotor, da manutenção do condicionamento cardiovascular e respiratório.7

Os programas de atividade física têm como objetivo desenvolver a força e o trofismo muscular, o senso de propriocepção do movimento, resgatando a amplitude do movimento articular e prevenindo a imobilidade no leito, mas devem levar em consideração o estado funcional do paciente. Um bom norteador são as escalas de funcionalidade (ECOG e Karnofsky) utilizadas em cuidado paliativo.7

Massagem

A massagem é uma técnica utilizada como terapia complementar nos pacientes com câncer, com o objetivo de proporcionar o alívio da dor.

Define-se como a manipulação dos tecidos moles do corpo, executada com as mãos, com o objetivo de produzir efeitos sobre os sistemas vascular, muscular e nervoso, produzindo a estimulação mecânica dos tecidos através da aplicação rítmica de pressão e estiramento. Quando exercida nos tecidos, estimula os receptores sensoriais, produzindo sensação de prazer ou bem estar; por outro lado, o estiramento reduz a tensão sobre os músculos e produz relaxamento muscular. Desta forma a massagem induz o relaxamento muscular e o alívio da dor.3,7

Órtese

As órteses são dispositivos que podem ser de uso definitivo ou não, com o objetivo principal de alinhar, prevenir e/ou corrigir deformidades, além de contribuir na minimização de quadros álgicos. (Tabela 4)16




Atualmente, também pode ser designada como tecnologia assistida cujo conhecimento deve ter característica interdisciplinar com métodos e estratégias que objetivam a promoção de funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com alguma deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida; visa à autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social desses indivíduos.17

A dor é um sintoma frequente associado à metástase óssea, cujo sítio pode ser por invasão tumoral direta ou por outras vias. De acordo com sua localização representa um sinal de envolvimento ósseo, bem como de uma futura fratura patológica.

O uso profilático de uma órtese propicia a estabilização de uma lesão dolorosa e auxilia na prevenção de fraturas, evitando uma experiência álgica maior, além da restrição e perda da mobilidade voluntária. A sua utilização ou de veículos auxiliares para marcha permitem ao paciente uma maior funcionalidade do membro e a preservação de sua mobilidade e autonomia. Nos casos de lesões ósseas em nível da coluna vertebral, as órteses podem proporcionar o único meio de proteção do canal vertebral. O tipo da órtese dependerá do quadro de instabilidade e os movimentos que necessitam de proteção e estabilização.16,18


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o alívio da dor por meios não farmacológicos é preciso que a equipe multidisciplinar tenha um olhar atento quanto às ações pessoais e de recursos utilizados. Os eventos relacionados à dor transcendem o físico: eles transitam do espiritual ao emocional. Desta forma, saberes múltiplos devem ser somados. Procedimentos de meios físicos, eletrotérmicos e ortóticos pela fisioterapia mostram-se benéficos ao paciente, além de métodos de distração e relaxamento. Entretanto, deve-se ter cautela para que não haja uso em excesso e/ou inadequado de recursos, e sim o que se faz pertinente frente às necessidades do paciente. A principal meta é a qualidade de vida e a minimização dos sintomas; neste caso, especialmente da dor. Ainda não há um consenso sobre quais são os melhores recursos que se aplicam no alívio da dor em cuidados paliativos. A pesquisa e a construção diária na atenção a estes pacientes servem de norteadores, bem como a escuta de quem é cuidado.


AGRADECIMENTOS

À Equipe de Cuidados Paliativos do HUPE, aos Pacientes e a todos os envolvidos direta e indiretamente na construção deste trabalho.


REFERÊNCIAS

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2. Pena R, Barbosa LA, Ishikawa NM. Estimulação Transcutânea do Nervo (TENS) na Dor Oncológica - Uma Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia 2008;54(2):193-9.

3. Sampaio LR, Moura CV, Resende MA. Recursos fisioterapêuticos no controle da dor oncológica: revisão da literatura. Revista Brasileira de Cancerologia 2005;51(4):339-346.

4. Simões ASL. A dor irruptiva na doença oncológica avançada. Rev Dor. São Paulo, 2011 abr-jun;12(2):166

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12. Castro C. Mecanismos neurofisiológicos da dor. Diabete Méd. 1998;24:7.

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15. Mackler LS, Robinson AJ. Eletrofisiologia clínica - Eletroterapia e teste eletrofisiológico. 2a edição; Porto Alegre: Artmed;2002;cap.2;p.7.

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18. Lynn G, et al. Rehabilitation in the cancer patient. Cancer Supplement. Aug 15 2001;92(4):2932-36.

Danielle de M. Florentino1
Flavia R. A. de Sousa2
Adalgisa Ieda Maiworn3
Ana Carolina de Azevedo Carvalho4
Kenia Maynard Silva5

1. Fisioterapeuta; Especialização em Fisioterapia Oncológica-INCA; Núcleo de Cuidados Paliativos e Centro Universitário de Controle do Câncer/UERJ.
2. Especialização em Geriatria e Gerontologia/UnATI-UERJ. Núcleo de Cuidados Paliativos e Centro Universitário de Controle do Câncer/UERJ.
3. Doutoranda em Ciências Médicas na Disciplina Pneumologia pelo Programa de Pós Graduação Em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas; Responsável técnica da Divisão de Fisioterapia da Policlínica Piquet Carneiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Conselheira do CREFITO - 2.
4. Doutora - Ciências Biológicas-UFRJ; Chefe do Setor de Fisioterapia - HUPE-UERJ.
5. Doutoranda em Ciências Médicas na Disciplina Pneumologia pelo Programa de Pós Graduação Em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas; Fisioterapeuta da Disciplina de Pneumologia do HUPE.



Pontos importantes na avaliação neurológica

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Quando pensamos em avaliar um paciente neurológico, em geral nos preocupamos em avaliar o tônus, o grau de força muscular e, quando muito, a sensibilidade. Porém, existem alguns outros pontos, extremamente importantes de serem avaliados e que algumas vezes passam desapercebidos. Estes pontos podem ajudar o terapeuta a mapear a extensão da lesão. Sabemos que várias seqüelas neurológicas correspondem a uma alteração em uma região determinada de nosso Sistema Nervoso.

O primeiro ponto a ser observado é a queixa principal do paciente. Com isto conseguiremos não só pré-programar a nossa conduta mas também descobrir o grau de integridade mental do paciente. Na inspeção, verificaremos como ele se encontra em termos do aparelho locomotor, isto é, se ele é cadeirante ou se consegue deambular e, principalmente, as condições desta marcha. Outro ponto da inspeção é se o paciente possui algum tipo de alteração cutânea (escara, psoríase e outras). Cabe ao profissional de fisioterapia, orientar o acompanhante em relação a mudança de decúbito e cuidados no leito.

Passando pelo exame físico, verificaremos o tônus, a força muscular, a sensibilidade, os reflexos, a postura, o equilíbrio e tudo aquilo que possa dar suporte as atividades de vida diária como o equilíbrio, por exemplo. Neste artigo, não irei me deter nas formas de avaliação destas funções mas irei repensar que outras formas de avaliação devem ser preconizadas para o paciente neurológico.

Considerando a definição da Academia Americana de Ortopedia onde Postura é a relação existente entre os segmentos corporais, entendemos que este é um dos pontos importantes na avaliação do paciente. Saber como se posiciona um segmento em relação ao outro nos dá uma visão ampla da qualidade do movimento dentro do arco cinesiológico deste segmento. A observação, também, da posição da cabeça em relação ao tronco pode nos dar a idéia de como está o equilíbrio do paciente ou se ele possui algum tipo de patologia que influencie o estado das peças ósseas da coluna vertebral.

A mudança de decúbito avalia não só a percepção do paciente e a sua capacidade de responder aos estímulos externos bem como, a condição do equilíbrio dinâmico. Outra maneira de avaliar o equilíbrio dinâmico é através da marcha.

Os testes de reflexo nem sempre são totalmente elucidativos pois dependem da competência do avaliador em utilizá-los e, principalmente, da cooperação do paciente. Como os pacientes neurológicos possuem certas deformidades posturais, fica difícil saber a real resposta do teste se este não for feito de maneira bem consciente.

A sensibilidade engloba a sensibilidade superficial (dor, temperatura e pressão) e a profunda (propriocepção, esterognosia, grafestesia e outros). Estes teste são bastante elucidativos pois facilitam a compreensão da patologia, ajudando a mapear o local e a extensão da lesão além de dar um feedback positivo em relação a segurança da conduta que será imposta ao paciente. Por exemplo, se no teste de sensibilidade superficial, o paciente não conseguir distinguir entre o calor e o frio, nós devemos nos preocupar com o tipo de procedimento que iremos implementar para o paciente.

Outros dados importantes são a forma de comunicação do paciente e o comportamento humoral. Embora eles não tenham ação específica com o tratamento motor, eles são de fundamental relevância no programa terapêutico e na avaliação da interação paciente-terapeuta.

O terapeuta mais experiente deve avaliar a condição cárdio-respiratória deste paciente. Muitas doenças cursam com alterações ventilatórias tanto restritivas como obstrutivas.

Finalmente, devemos observar o grau de interação entre o paciente e seus familiares para que os mesmos possam auxiliar o tratamento nos horários em que não há terapia. Sabemos que quanto maior o número de estímulos dados ao paciente mais facilmente este irá responder funcionalmente.

10 mandamentos para uma excelente apresentação de monografias e eventos

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Para não errar nunca!

1.Não desleixe da aparência jamais. Na apresentação de monografias ou outros eventos todo cuidado é pouco. O momento requer um vestuário simples e formal, nada muito exagerado. As mulheres evitem decotes generosos, saias muito curtas, maquiagem carregada, transparências, afinal o que está em jogo não é a sedução. Os homens, devem dar preferência a camisas de tons neutros, como o branco, cinza, tons claros de outras cores, nada de camisas sem manga ou com propaganda ou cores chamativas. Calça deve ser social, sem ser muito justa (estilo Zéze de Camargo), jeans se for escuro e sem detalhes chamativos e sapato social. A meia combina com a cor do sapato. A única pessoa que usava meia branca com sapato preto era o Jackson quando tinha nariz e era negro. Agora, se o evento for muito chique pode-se utilizar terno e gravata, de preferência italiana (aquelas pequenas, existem imitações a venda).  Lembre-se que imagem e postura conta muito. Cabeça erguida, coluna ereta demonstra entusiasmo e elegância. Também cuidado com o exagero dos perfumes principalmente para as mulheres e cheiro de cigarro, nada mais desagradável. Se é fumante compulsivo, procure levar alguns chicletes a base de nicotina, faz o mesmo efeito (acalma).

2.Cheque cedo. Nunca, chegue em cima da hora, quando for se apresentar. Economize stress.  Cheque cedo, se possível, uma hora antes para testar seu pendrive e afins se for usar computador. Se apresentação for pela manhã, acorde mais cedo, para não chegar com cara de sono. Leve bala de menta e água, pois algumas pessoas com o nervosismo, a voz pode falhar.

3.Cuidado com o material de apoio: A maioria das universidades e faculdades estão utilizando-se de datashow e computador, portanto, sempre leve 3 versões, pois pode ocorrer problemas de compatibilidade de arquivos, assim, nunca é demais ter uma versão (em PDF, a maioria dos computadores tem leitor de pdf) e outra em slides (Powerpoint ou Impress) e outra no papel (imprimido) , pois pode ocorrer algum problema técnico com o computador ou mesmo faltar energia elétrica, assim não será prejudicado.

4. Modere seu linguajar. Mesmo que sua apresentação seja entre seus parentes ou amigos, utilize um linguajar culto sem ser rebuscado demais. Não utilize gírias, palavrões, piadinhas,  cuidado com erro de pronúncia, (se não sabe pronunciar procure um sinônimo), gaguejar (demonstra nervosismo, se tem algum problema nesse sentido, procure treinar antes em casa),  fugir do assunto falando de problemas pessoais etc. Se deu um "branção" volte para os slides com o velho chargão "dando continuidade a apresentação"…. e continue como se nada tivesse acontecido. As vezes o seu erro é imperceptível para a platéia e muito menos para a banca.

5.Modere seu tom de voz. Não fale baixo demais, pois pode ser entendido como linguagem de sedução, ou pior ninguém vai lhe escutar, nem mesmo quem está na banca. Também evite falar alto demais, pois demonstra desconsideração com o outro. Se desconhece qual seu tom de voz, experimente gravar (a maioria dos celulares vem com o gravador de voz embutido) e escute sua própria voz e saberá distinguir se está exagerado ou baixo demais.

6.Seja objetivo e mantenha um gestual simples de poucos movimentos. A apresentação é no máximo, 20 vinte minutos, o que significa que não pode ser menos. Você pode se apresentar em 15 minutos para apresentação e 5 min fica para perguntas da banca. O que não pode é ultrapassar o tempo, portanto cuidado, teste em casa, usando o cronometro do seu celular. Evite gesticular demais, ficar passando a mão na cabeça a cada 30 segundos, mexer demais as pernas ou mãos, assim, as pessoas vão prestar mais atenção nos gestos do que na sua fala, além do que demonstra nervosismo e não tranqüilidade. 

7.Procure não ler nada em papéis e mesmo os slides. Fazer a leitura de papéis demonstra que não domina o conteúdo, portanto se esforce em estudar e ler seu trabalho, afinal foi você que fez, não foi? Os slides e retroprojetor é apenas um apoio, você deve ser capaz de falar mesmo sem ele. Outro detalhe os slides devem ter textos curtos (apenas os tópicos, imagens) que ajudem a lembrar do assunto, portanto evite ler os slides, a não ser que seja realmente necessário e que tenha esquecido. Haja, como se não estivesse decorado. 

8.Mantenha a calma. Algumas pessoas tem medo de se apresentar na frente de outras pessoas por traumas na infância. Se você faz o tipo que tem medo de público, procure assistir a apresentação de outras pessoas, assim saberá o que vai passar. No momento da apresentação, apresente-se a banca educamente (seu nome, nome do curso, nome do orientador e título). Dirija-se a plateia e procure olhar para um ponto neutro (por exemplo, um quadro, um canto da parede) sem que ninguém perceba. Evite olhar para a banca ou para a platéia, pois pode ser influenciado pelos olhares de aprovação ou desaprovação da platéia.

9.Desligue o celular. Nada mais indelicado na hora de sua apresentação é estar com aquele aparelhinho a tira-colo, pois desconcentra e além do que é uma gafe indesculpável. O toque do celular mesmo na vibração (silencioso) pode cortar o raciocínio e acabar se perdendo na apresentação.

10.Concentre-se nos resultados e conclusão. Muita gente perde muito tempo na introdução e na revisão de literatura e esquece o mais importante que são os resultados e conclusão. Na hora da apresentação a banca não se manifesta, somente ao final, com certeza vai fazer comentários, sugerir correções, fazer questionamentos. Ao ser questionado pela banca, JUSTIFIQUE-SE. Nada de ser monossilábico (respondendo apenas sim ou não), ao contrário, você pode defender que o "céu é cor de rosa", dependendo apenas de sua retórica e de sua justificativa.

Por fim, se alimente bem, relaxe um dia antes, procure dormir oito horas, namore, são apenas 15 minutos que lhe ajudarão pela vida inteira.

Antes, lembre-se que toda apresentação deve ter:

Capa/Apresentação: Nome, orientadora, faculdade, curso

Introdução : Justificativa (por que escolheu este tema?), problemática (qual problema investigou?) objetivos, (qual seu objetivo?) relevância (qual a importância do seu estudo para a comunidade acadêmica e envolvidos?)

Revisão de literatura (a contribuição dos principais teóricos)

Metodologia (como fez a pesquisa? Local? período? Tipo? mesmo bibliográfica, precisa dizer de onde consultou as fontes).

Resultados e conclusão (Sua resposta ao questionamento inicial)

Conclua com agradecimentos rápidos


Métodos simples de fisioterapia empresarial beneficiam rendimento

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Com a passagem do século 20 para 21, o estresse se tornou o mal da vez. A partir dessa mudança, foi percebido que funcionários passaram a se sentir mais desgastados, comprometendo o rendimento da empresa e a vida do gestor consequentemente.

Para solucionar o problema, empreendimentos passaram a investir em técnicas simples, conhecidas como atividades de fisioterapia empresarial, entre essas: quick massage (massagem rápida), ginástica laboral e alongamentos.

De acordo com a fisioterapeuta e mestre em Ciências da Saúde Carolita Vasconcelos, proprietária da Fisiolíder, os exercícios feitos no ambiente de trabalho conferem benefícios a funcionários e líderes, pois colaboradores saudáveis não geram despesas ao bolso do chefe.

Segundo a profissional, uma das melhores alternativas para garantir a saúde psicológica do funcionário é a massagem. Estudos revelam que sessões do método fazem com que a taxa do hormônio causador do estresse, o cortisol, diminua. "Prevenir a falta do trabalhador, que pode ser decorrente de estresse, é a melhor estratégia para o empresário não ter prejuízos quanto à produção", disse Carolita.

Para a fisioterapeuta, além de cuidar do psicológico dos funcionários é importante que o gestor esteja atento a cuidados simples, como a postura a se sentar à mesa e também à prática de exercícios ergonômicos para evitar distensões e enrijecimento de articulações e músculos. "Promover a ginástica laboral é fundamental para a saúde do funcionário. A partir dos movimentos propiciados por ela, é possível manter aquecido e alongado todo corpo, diminuindo as chances de tensões", concluiu.

Tratamento da fascite plantar bilateral pela técnica da crochetagem: um estudo de caso

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A fascite plantar refere-se a uma dor plantar, no ponto de origem da fascia plantar, na tuberosidade medial do calcâneo. Caracteriza-se por uma inflamação ocasionada por microtraumatismos de repetição na origem da tuberosidade medial do calcâneo. As forças de tração durante o apoio levam ao processo inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração das fibras fasciais que se originam no osso (SNIDER, 2000; HEBERT et. al; 2003; CYRIAX ; CYRIAX, 2001). Embora pareça não estar diretamente relacionada a nenhum tipo específico de pé, a fascite plantar surge com maior freqüência em indivíduos obesos (SNIDER, 2000; RIDLE et. al., 2004). Suas manifestações caracterizam-se pela dor local e ao redor da base do calcâneo e no arco plantar, principalmente ao levantar-se da cama, ou após um período de repouso (GRISOGONO, 2000; MEIJA ; KALB, 2000). Para Peterson ; Renström (2002), a pronação excessiva do pé, apresenta maior probabilidade no desenvolvimento desta doença, em virtude do aumento da resultante de força na aponeurose, em conseqüência do alongamento do arco e expansão dos dedos.

O tratamento fisioterapêutico da fascite plantar consiste na utilização de órteses, compradas prontas, para amortecimento do calcanhar, acompanhado de recursos de analgesia e combate ao processo inflamatório, e exercícios que promovam a diminuição da tensão no tendão calcâneo e na fascia plantar, sendo o alongamento, o exercício mais comumente utilizado (SNIDER, 2000).

A crochetagem mioaponeurótica é uma técnica manipulativa, desenvolvida pelo fisioterapeuta sueco Kurt Eeckman, colaborador do Dr. James Cyriax, à partir da limitação palpatória das técnicas convencionais (BAUMGARTH, 2003; BUSSIÈRES, 2004). A técnica baseia-se na utilização de ganchos ou "crochets", que são utilizados na quebra das aderências do sistema músculo-esqueletico (SARAIVA et.al, 2003). Seu objetivo principal é o rompimento de pontos de fibrose, geralmente causados pelo acúmulo de cristais de oxalato de cálcio nos planos aponeuróticos, causando irritação (BAUMGARTH, 2003; VARGAS, 2004; BUSSIÈRES, 2004).

Também conhecida como diafibrólise percutânea, a crochetagem está indicada em qualquer afecção osteomioarticular que leve a uma fibrose ou formação de aderências, assim como nas neuralgias, em especial, aquelas ocasionadas por alterações miofasciais. Tem sido divulgada e difundida entre os fisioterapeutas brasileiros, embora não existam estudos científicos a cerca de seus efeitos em língua portuguesa. A pouca literatura existente, está, em sua maioria, em francês ou alemão (VARGAS et. al, 2004; SARAIVA et. al, 2003; BAUMGARTH, 2003)

O presente estudo objetivou a verificação dos benefícios da crochetagem mioaponeurótica, no tratamento fisioterapêutico de um paciente portador de fascite plantar bilateral. A escolha da técnica se deu pela facilidade no transporte e manuseio do instrumental, bem como pela simplicidade de sua execução e necessidade de pouco tempo de aplicação. 



Revisão de literatura

Anatomicamente, a fascia refere-se a uma lâmina ou membrana de tecido conjuntivo que reveste cada músculo, órgão ou conjunto de órgãos, com função de proteção (DÂNGELO ; FATTINI, 2001; BIENFAIT, 1999). Porém, ainda segundo Bienfait (1999), foram os osteopatas que criaram o conceito de fascia como um conjunto membranoso contínuo, representando uma única unidade funcional.

A região plantar do pé é revestida por uma fascia, de forma triangular, denominada aponeurose plantar (FIELD, 2001). Esta faixa extensa de tecido conectivo insere-se proximalmente à superfície do tubérculo medial do calcâneo e distalmente às articulações metatarso-falangianas, onde se fundem aos ligamentos capsulares (PRENTICE, 2002).

Segundo Hebert et. al. (2003); a fascia plantar consiste na principal estrutura estabilizadora passiva do arco longitudinal medial do pé. Filho (2001) afirma que as funções de estabilização e suporte do pé na posição ortostática e durante a locomoção, implicam no seu apoio no solo através da região plantar. Esse apoio se dá através do triângulo de sustentação, que tem como vértices a extremidade

posterior do calcâneo e as cabeças do primeiro e quinto metatarsos. O arco plantar permite uma maior flexibilidade no apoio, assim como um maior amortecimento de impactos. Tanto na posição ortostática quanto durante a marcha, a hiperextensão dos artelhos demanda um tensionamento da fascia plantar e uma pronação do pé (BUSSIÈRES, 2002). Para Starkey ; Ryan (2001), a fascia plantar não só sustenta, como é sustentada por muitos dos músculos intrínsecos e ligamentos do pé.

A fascite plantar pode ser definida como uma afecção caracterizada pela dor na região plantar do calcâneo, que pode se estender por toda a fascia plantar. Sua manifestação é insidiosa, e sua sintomatologia é mais evidente pela manhã, ou após um período de repouso. Geralmente melhora após atividade (primeiros passos), embora em alguns casos, a dor possa persistir por todo o dia (BUSSIÈRES, 2002; HEBERT et. al., 2003; SNIDER, 2000; FILHO, 2001; ALDRIDGE, 2004). Para Hebert et. al. (2003); o aumento no quadro doloroso ao primeiro apoio matutino deve-se ao fato de que durante o sono, a inatividade dos músculos dorsiflexores promove um encurtamento da fascia plantar. O primeiro apoio provoca um estiramento brusco da aponeurose, o que provoca a dor. Segundo o mesmo autor, corridas, saltos e atividades de impacto pioram a dor. Riddle et. al. (2004) afirma que as perdas funcionais decorrentes da fascite plantar, estão relacionadas somente às atividades que envolvem corrida, e atividades profissionais e hobbies que envolvem sustentação de peso; não havendo relação com perda de amplitude de movimento (ADM) e perda de força e trofismo muscular.

Ao exame físico, é verificada marcha antálgica, com apoio sobre a parte lateral ou anterior do pé. Há palpação dolorosa da região medial do calcâneo e a dorsiflexão dos dedos exacerba os sintomas, pela distensão da fascia plantar. A dor produzida pela fascite plantar geralmente não é incapacitante, embora possa limitar algumas atividades (HAMER et. al., 2003; ALDRIGE, 2004). Pontos dolorosos na região medial da panturrilha e do tendão calcâneo podem ser encontrados, o que demonstra uma relação entre a fascite plantar e a rigidez do tendão calcâneo e musculatura posterior da perna (HEBERT et. al., 2003; HAMER et. al., 2003).

Várias podem ser as causas da fascite plantar, como distúrbios anatômicos e biomecânicos. Prentice (2002), cita a diferença entre o comprimento dos membros, a pronação excessiva da subtalar, a falta de flexibilidade do arco longitudinal e a rigidez das musculaturas da panturrilha, assim como o uso de calçados inadequados e o aumento do tamanho do passo durante a corrida. Para Cyriax ; Cyriax (2001) A fascite plantar tem início com um esforço prolongado em posição ortostática, em pacientes com encurtamento dos músculos da panturrilha e com os pés cavos. Huang et. al (2004) demonstraram em seu estudo, uma incidência maior de fascite plantar em indivíduos com pé plano flexível, que em indivíduos com arco plantar normal. Hebert et. al. (2003), afirma que tanto o pé cavo como o pé plano, são fatores pré-disponentes, assim como traumatismos de repetição, associados à intensidade, duração e freqüência da atividade, e a dureza do piso. Entretanto, segundo Peterson ; Renström (2002), embora o alongamento do arco plantar e a expansão dos dedos ocasionados pela pronação, submetam a aponeurose a um aumento de tensão; não há uma ligação explicita entre o pé plano ou o pé cavo com a fascite plantar. O fato de que aproximadamente 60% do peso corporal estejam distribuídos sobre o calcanhar, de 31 a 38% na região da cabeça dos metatarsos e somente cerca de 5% na região medial do pé (MANFIO et. al, 2001), talvez explique essa falta de relação direta com o tipo de pé. Segundo Snider (2000), a fascite plantar ocorre com mais freqüência em indivíduos obesos. Essa afirmação é corroborada pelo estudo de Ridle et. al. (2004) que demonstra uma relação estreita entre o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC), e as manifestações clínicas da doença.

Bussières (2002) afirma que a fascite provavelmente seja um processo inflamatório ocasionado por microtraumas, que vêm a acelerar o processo de envelhecimento (degeneração) normal da aponeurose plantar. Essa assertiva corrobora com o pensamento de Herbert et al. (2003); de que as forças de tração que ocorrem durante o apoio desencadeiam o processo inflamatório, resultando em fibrose e degeneração.

A epidemiologia mostra que a maior incidência da doença se dá entre as mulheres, em sua maioria obesa e na faixa etária do climatério. Em homens, a prevalência é maior nos praticantes de esportes, especialmente os que envolvem corridas (HEBERT et. al., 2003; SNIDER, 2000). Em seu estudo, Imamura ; Carvalho Jr. (1996), verificaram que das 29 pessoas estudadas, 26 eram do sexo feminino, representando 90% da amostra. Cavanagh et. al. apud Manfio et al., (2001) não encontraram em seu estudo, relação direta entre o peso corporal, e os picos de pressão plantar, o que indica que embora haja uma grande incidência em pessoas obesas, o excesso de peso não deve ser visto como um fator primário na ocorrência da fascite plantar.

Ainda em seu estudo, Bussières (2002) cita o trauma direto ou indireto, a pronação excessiva do pé, o desabamento do arco plantar, a retração do gastrocnêmio e o aumento da tensão da aponeurose plantar durante a fase de propulsão como possíveis causas da fascite plantar.

Em seu estudo, Tokars et al. (2003) demonstraram que o tipo de calçado pode ocasionar síndromes dolorosas nos pés, joelhos, quadris e coluna, o que pode estabelecer uma relação entre o uso de calçados inadequados e a fascite plantar.

O tratamento da fascite plantar é eminentemente conservador e inclui a administração de antiinflamatórios não esteróides; o uso de palmilhas de material macio para suporte do calcanhar e em alguns casos do arco longitudinal; restrição das atividades que envolvam apoio prolongado, deambulação de longa distância, saltos e corridas; exercícios para alongamento da fascia plantar, tendão calcâneo e gastrocnêmio; assim como recursos que promovam analgesia e diminuição das tensões (SNIDER, 2000; PRENTICE, 2002; HEBERT et. al.,2003). A infiltração de corticóides pode ser utilizada em casos persistentes, porém oferece o risco de atrofia e degeneração do coxim adiposo, assim como a degeneração e ruptura da fascia (BUSSIÈRES, 2002; HEBERT et. al., 2003).

A crochetagem mioaponeurótica, também conhecida como diafibrólise percutânea é uma técnica de tratamento manipulativo do aparelho locomotor, que visa combater as algias pela destruição das aderências e fibroses, através da utilização de ganchos ou "crochets", aplicados sobre a pele (BURNOTTE; DUBY, 1988; BAUMGARTH, 2003; SARAIVA et. al.,2004; BUSSIÈRES, 2004).

A técnica foi desenvolvida pelo fisioterapeuta sueco Kurt Eeckman, o qual foi assistente do Dr. James Cyriax, no período pós-segunda guerra mundial. As limitações palpatórias na execução das técnicas convencionais de terapias manuais, dentre elas a massagem profunda de Cyriax, o levaram a desenvolver uma série de ganchos, que tiveram sua forma, material e técnica de aplicação desenvolvida progressivamente.

Após ganhar notoriedade com o sucesso no tratamento da Nevralgia de Arnold, Kurt Eeckcman ensinou o método a vários colegas, dentre eles, P. Duby e J. Burnotte, que passaram a desenvolver uma abordagem menos agressiva e dolorosa, baseada nos conceito de cadeias musculares e da osteopatia (BAUMGARTH, 2003, BURNOTTE; DUBY, 1988).

Ainda segundo Baumgarth (2003); Burnotte; Duby (1988) a diafibrólise possui três efeitos básicos: o efeito mecânico, o efeito circulatório e o efeito reflexo. Suas principais indicações são as aderências consecutivas a um traumatismo ou a uma fibrose cicatricial, as algias do aparelho locomotor (inflamatórias ou não), as nevralgias em conseqüência da irritação mecânica dos nervos periféricos, e por fim, as síndromes tróficas dos membros.

Embora seja um método com poucas contra-indicações, é importante considerar a agressividade ou imperícia do terapeuta, os maus estados cutâneos e circulatórios, assim como sua aplicação direta sobre processos inflamatórios.

O gancho é constituído de aço e possui duas extremidades, com curvaturas diferentes, para um melhor contato com as diferentes estruturas e acidentes anatômicos. Cada curvatura termina em forma de espátula, que reduz a pressão exercida sobre a pele, tornando o contato pouco doloroso. A referida espátula apresenta uma convexidade na face externa, e uma superfície plana na parte interna, o que facilita sua interposição entre os planos tissulares profundos.

Segundo Baumgarth (2003); Burnotte; Duby (1988), O princípio do tratamento se baseia numa abordagem do tipo "centrípeta". Na presença de uma dor localizada num local específico, o terapeuta inicia sua busca palpatória manual das regiões afastadas (proximais e distais) do foco doloroso. Esta busca palpatória segue cadeias lesionais que estão em relação anatômica (mecânica, circulatória e neurológica) com a lesão. Esta concepção permite evitar o aumento da dor, chamado de efeito rebote, conseqüência de um tratamento exclusivamente sintomático.

A técnica da crochetagem divide-se em três fases sucessivas: Palpação digital, palpação instrumental e fibrólise. Há ainda, a técnica perióstea a drenagem.

A palpação digital consiste em uma espécie de amassamento digital, realizado com a mão esquerda, que permite um delineamento da área a ser tratada. A palpação instrumental, realizada com o gancho que melhor se adapte a estrutura a ser tratada, serve para a localização precisa das fibras conjuntivas aderentes e os corpúsculos fibrosos, e é realizada colocando-se a espátula do gancho junto ao dedo indicador da mão esquerda.

A fibrólise consiste em uma tração complementar, realizada com a mão que segura o gancho, ao final da fase de tração instrumental. Essa fase corresponde ao tempo terapêutico.

A técnica perióstea se caracteriza por uma raspagem superficial da estrutura anatômica a ser tratada, com uma associação entre a utilização do gancho e uma mobilização manual do tecido periósteo. É indicada para descolamento de áreas de inserções ligamentares e tendíneas.

A drenagem consiste no deslizamento superficial da superfície convexa do gancho maior sobre as estruturas miofasciais, a fim de promover relaxamento e aumento do aporte sanguíneo.

Embora seja um recurso manipulativo de tecidos corpóreos e, portanto, esteja no âmbito da Fisioterapia, esta técnica não é de domínio exclusivo dela. Por ser recente, existe pouca bibliografia a respeito, sendo na maioria em francês e alemão (BAUMGARTH, 2003).

O tratamento da fascite plantar, através da crochetagem, não objetiva somente o pé e a fascia plantar. A musculatura posterior da perna deve ser abordada, em função de sua ligação com a etiologia da doença (BAUMGARTH, 2004; NATIVIDADE, 2004).

O tratamento começa por um alongamento da musculatura do tríceps sural, que pode ser substituído pela fibrólise (tração), seguido de uma raspagem da fascia plantar com o bordo menor do gancho, para que ocorra uma hiperemia do tecido. Em seguida, é realizada uma drenagem, com o lado maior do gancho, sempre no sentido distal para proximal, objetivando melhorar a irrigação, através da irritação da fascia plantar. O tratamento segue no tendão calcâneo, que é tracionado com o bordo menor do gancho, objetivando diminuir a tensão causada pelo tensionamento da musculatura do tríceps sural. Por último, a musculatura do tríceps sural será ganchada com o lado maior do gancho, e em seguida será drenada no sentido distal para proximal. Após todo o procedimento com o gancho, uma nova seqüência de alongamentos pode ser realizada, a fim de melhorar a resposta do corpo ao tratamento (BAUMGARTH, 2004; NATIVIDADE, 2004).

Os resultados práticos observados na utilização da crochetagem no tratamento da fascite plantar estão de acordo com os objetivos gerais do tratamento desta afecção, por demonstrarem diminuição da tenção da musculatura posterior da perna e tendão calcâneo, bem como a diminuição do processo inflamatório na fascia plantar e analgesia (JORDÃO, 2004).


Materiais e Métodos

O presente estudo avaliou a técnica da crochetagem em um paciente de 35 anos de idade, músico profissional, sedentário, portador de fascite plantar bilateral há aproximadamente quatro anos, sem ter se submetido a tratamento clínico ou fisioterapêutico; apenas utilizando recursos paliativos como alongamentos esporádicos e massagens. O tratamento foi realizado em domicilio do próprio paciente, durante cinco semanas, com duas sessões semanais, totalizando dez sessões. Foram utilizadas como parâmetros de avaliação, as dores referidas pelo paciente em região medial do calcâneo, ao ficar em posição ortostática e à palpação da tuberosidade medial do calcâneo, antes e depois do tratamento. Para quantificação da dor, foi utilizada uma escala de graduação, onde o paciente quantifica visualmente sua dor ao longo de uma linha continua de 10cm, sendo zero ausência total de dor, e 10 dor mais grave (MAGEE, 2OO2). A avaliação limitou-se à quantificação visual da dor, uma vez que a perda funcional decorrente da fascite limita-se à dificuldade de realizar atividades que incluem corridas e apoio ortostático (HEBERT et. al.. 2003; RIDDLE et, al. 2004). As sessões tiveram duração média de 30 minutos, e constaram somente da utilização da crochetagem, devido à praticidade no transporte do instrumental e aplicação da técnica. Durante o tratamento, o paciente não foi orientado a utilizar nenhum outro tipo de recurso.

O tratamento foi realizado em uma maca, com o paciente em posição prona e supina, de acordo com a técnica utilizada.

Inicialmente, com o paciente em decúbito ventral, foi realizada a fibrólise da musculatura da panturrilha, com ênfase na porção medial do gastrocnêmio, e do tendão calcâneo, tracionando todo o trajeto da musculatura com a parte côncava do gancho maior (Figura1) e o tendão com a parte côncava do gancho menor. Em seguida, ainda com o paciente em decúbito ventral, foi realizada a técnica perióstea, raspando com a espátula do gancho menor, orientada pela ponta do dedo indicador, os bordos medial, posterior e lateral do calcâneo e a fascia plantar; seguido da fibrólise (tração) da aponeurose plantar, com o gancho menor (Figura 2). Na seqüência, a drenagem da região plantar, no sentido disto proximal, em decúbito dorsal (Figura 3). Por ultimo, novamente em decúbito ventral, foi realizada a drenagem da musculatura da panturrilha. O procedimento de drenagem, tanto da fascia plantar, quando da musculatura, foi realizado com a parte convexa do gancho maior.




Figura 1 – Fibrólise da musculatura da panturrilha



Figura 2 – Fibrólise da aponeurose plantar






Figura 3 – Drenagem da região plantar

Resultados e discussão



Na avaliação inicial, o paciente quantificou sua dor como grau 8 em posição ortostática e grau 9 à palpação em pé direito; e grau 6 em posição ortostática e grau 6 à palpação em pé esquerdo (figura 4). Após as dez sessões, quantificou em grau 4 em posição ortostática e grau 4 à palpação em pé direito; e ausência de dor (grau zero) em posição ortostática e grau 2 à palpação em pé direito (figura 5). Relatou também melhora considerável em suas atividades da vida diária, uma vez que as mesmas eram significativamente limitadas pela dor. A ausência total de dor no pé esquerdo e a importante diminuição no pé direito, quando em ortostatismo, permitiram ao paciente um melhor rendimento em suas atividades profissionais, uma vez que necessita passar horas em pé.



Figura 4 – Avaliação da dor antes do tratamento







Figura 4 – Avaliação da dor após o tratamento

Os resultados deste estudo não podem ser considerados generalizados a uma população, haja vista, que o mesmo foi realizado sobre um único caso. Entretanto, vale a pena ressaltar a importância de se investigar novos recursos no tratamento desta afecção que se não incapacita, leva ao menos à limitação das atividades diárias e desportivas (HAMER et. al.,2003). No caso em questão, o paciente tinha suas atividades profissionais restritas pela dor, e evitava o engajamento em atividades físicas pelo mesmo motivo. De acordo com esta investigação, a crochetagem parece ser um recurso eficiente no tratamento sintomático da fascite plantar, uma vez que reduziu consideravelmente a sintomatologia do paciente, promovendo assim uma maior funcionalidade e bem estar. Isso se deu pela diminuição da tensão sobre a aponeurose plantar, diminuição da rigidez e aderências do tendão calcâneo e músculo gastrocnêmio, e aumento do aporte sangüíneo, auxiliando no combate ao processo inflamatório e na analgesia, atingindo dessa forma, de maneira direta, os objetivos gerais do tratamento desta infecção, preconizados pelos autores estudados. A diminuição da dor referida, principalmente em posição ortostática, onde ouve ausência total de dor no pé esquerdo, após o tratamento; permitiu ao paciente uma maior funcionalidade, principalmente no que diz respeito à deambulação e ao ortostatismo por tempo prolongado, que são as atividades diretamente prejudicadas pela fascite plantar, de acordo com Hebert et. al. (2003). Para Jordão (2003), ao comprometer a deambulação e o ortostatismo do indivíduo, a fascite plantar pode afetar sua saúde em seu aspecto social. Ainda segundo este autor, a crochetagem pode promover um retorno rápido às atividades diárias e profissionais, o que pôde ser verificado neste estudo de caso. Cabe, no entanto, observar que o tratamento efetivo da fascite plantar envolve não só o tratamento sintomático, mas também o combate às causas da doença, que podem estar associadas a causas intrínsecas como obesidade e características biomecânicas; e a causas extrínsecas, como tipo de vida, atividades repetitivas que podem levar a microtraumatismos, e até mesmo, calçados inadequados (BUSSIÈRES, 2002; TOKARS et. al., 2003).

Conclusão



Apesar da praticamente inexistente referencia sobre a crochetagem, que nos permitam uma melhor fundamentação, o presente estudo de caso demonstrou que foi possível reduzir consideravelmente os sintomas no pé direito, e praticamente eliminá-los no pé esquerdo do paciente, permitindo que o mesmo retornasse às suas atividades diárias e profissionais, dependentes da deambulação e da permanência em posição ortostática. Cabe observar que a praticidade no transporte e utilização do instrumento (gancho), a inexistência de custos adicionais; bem como a facilidade na aplicação da técnica, tornam a crochetagem bastante atraente como recurso terapêutico no tratamento da fascite plantar. Maiores estudos se fazem necessários, utilizando uma amostragem maior, e parâmetros de controle mais específicos, assim como outras modalidades terapêuticas, para que a influência da técnica seja realmente verificada. Por ser uma técnica ainda pouco conhecida no Brasil, e sem publicações científicas, maior investigação sobre a crochetagem devem ser feitas, para uma maior compreensão de seus efeitos e aplicabilidades, oferecendo aos fisioterapeutas, alternativas nos tratamentos das afecções do aparelho locomotor.

Referências Bibliográficas

ALDRIGE, T. Diagnosing heel pain in adults, Uniteds States, Am Fam Physician; 70 (2): 332-8, 2004 jul 15.

BAUMGARTH, H. Crochetagem. Material didático do VI Curso de Crochetagem, Rio de Janeiro, 2003.

BAUGARTH, H. Tratamento da Fascite Plantar segundo a Crochetagem. Rio de Janeiro, 2004. Entrevista concedida à Rodrigo Baptista de Sant'Anna em 04 de novembro de 2004.

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AUTOR: RODRIGO BAPTISTA DE SANT'ANNA - ESPECIALISTA EM FISIOTERAPIA EM TRAUMATOLOGIA E ORTOPEDIA


Gravidez e parto: comprometimento da musculatura do assoalho pélvico

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A gravidez e a via de parto são fatores de risco para alteração da força muscular do assoalho pélvico (AP). O incremento do peso corporal materno e o peso do útero gravídico aumentam a pressão sobre a musculatura do (AP) na gestação. O aumento do índice de massa corpórea (IMC) na gravidez, a multiparidade, o parto vaginal, o tempo prolongado do segundo período do parto e a episiotomia são fatores que diminuem a força dos músculos do assoalho pélvico. Na gestação no trabalho de parto e no parto ocorrem mudanças na posição anatômica da pelve, na forma da musculatura pélvica, nas vísceras e no períneo. Estas alterações e a relação com a gravidez e parto podem ser explicadas pela deficiência do (AP) na gestação e no parto, pois a sobrecarga do períneo causa neuropatia do pudendo. Os processos fisiológicos sequenciais durante a gestação e o parto lesam o suporte pélvico, o corpo perineal e o esfíncter anal e são fatores determinantes, em longo prazo para surgimento das perdas urinárias (Snooks et al., 1985; Polden, 2000; Wijma, 2001).

No parto vaginal, a região do AP é submetida à pressão da cabeça fetal que é potencializada por manobras de Valsalva no período expulsivo, pode levar à distensão e compressão dos tecidos, nervos e dos músculos do assoalho pélvico (MAP). As lesões no tecido conjuntivo, musculatura e nervos podem ocorrer principalmente se a pressão e tração da cabeça fetal passar de 30 minutos no período expulsivo no parto vaginal. Mudanças no formato ou eventual rompimento unilateral ou bilateral da musculatura elevadora do ânus podem afetar a porção pubovisceral e puborretal. Este mecanismo, principalmente se repetido, provocam distúrbios na atividade elétrica desses músculos, dano direto a sua inervação ou ainda lesão da musculatura decorrente da compressão e isquemia (Jundt et al. 2002; DeLancey et al., 2003; Lukacz et al., 2006).
É muito alto o risco de lesão do assoalho pélvico durante o parto por via vaginal. O parto em posição vertical em posição sentada, de joelhos, de cócoras ou em pé é capaz de reduzir a porcentagem de tais lesões. A gravidade exerce ação favorável, reduzindo principalmente a porcentagem de episiotomias e atrasando o período expulsivo. Parece que o parto é mais vantajoso na posição ereta, no que diz respeito às lesões traumáticas. As lesões do períneo ou a episiotomia restabelecem-se rapidamente no puerpério, desde que sejam recuperados corretamente. A cicatrização que frequentemente é unilateral resulta mais tarde em redução da força contrátil e em alteração do tônus da musculatura e, por conseguinte, em restrição da capacidade funcional mural e muscular (Allen et al., 1990; Donnelly et al., 1998; Grupta et al., 2004).
As estruturas de tecido conjuntivo podem sofrer distensão ou ruptura. Um exemplo típico disso é o afrouxamento ou ruptura da sínfise púbica. O alargamento da sínfise em torno de 4 a 9 mm é considerado normal na mulher grávida. Os alongamentos maiores em relação aos valores normais reduzem a resistência mecânica no anel pélvico, que pode ser causa de dor e restrição da mobilidade. A passagem da cabeça fetal, sobretudo do recém-nascido com mais de 4.000 g, é capaz de provocar lesões de diversos graus no assoalho pélvico. O Brasil é um país com altas taxas de cesáreas, e as mulheres e os médicos usam o comprometimento do AP pós-parto vaginal como forma de estímulo para a realização de cesárea eletiva. A literatura tem discutido o direito das mulheres à cesárea eletiva, as suas vantagens em relação à cesárea de urgência durante o trabalho de parto e as diferenças de custo (Abramson et al., 1934; Sultan et al., 1993; Groutz et al., 2004).

A lesão dos músculos pélvicos, dos nervos ou da fáscia parece ser consequência inevitável do parto vaginal, independente das distocias no parto. A vagina sofre menos dilatação e distensão que o colo do útero, mas é questionável se a lesão da fáscia endopélvica é mais grave que a do colo do útero. É pouco provável que os ligamentos cardinais e uterossacros sejam lesados de forma irreparável e é mais aceitável que a resposta à tração notada após o parto reflita a embebição gravídica dos tecidos e não sua lesão ou destruição. As lesões neurológicas dos músculos pélvicos são bem documentadas. À medida que pequenos nervos são separados das fibras musculares, a habilidade contrátil dessas fibras musculares é diminuída e a função normal é perdida. A distensão exagerada das fáscias pode levar a prolapso da vagina. A abertura do AP, para a passagem da cabeça fetal, é pequena e, portanto a cabeça empurra o AP para baixo até que tenha dilatado o suficiente para passar por ela (Henry et al., 1982; Smith et al., 1989; Sultan et al., 1994).

Agur (2008) tem sugerido que o treinamento dos músculos do assoalho pélvico pode levar a obstrução do canal do parto devido à hipertrofia do músculo. Por outro lado Salvesen (2004) sugere que o treinamento muscular do assoalho pélvico no pré-natal pode melhorar a força, flexibilidade e controle motor, facilitando a segunda fase do trabalho de parto e reduzindo a necessidade de parto instrumental. Porém, ainda não há evidências suficientes para afirmar que a cesariana diminui o risco de desenvolvimento de incontinência urinária ou fecal. Enquanto alguns apoiam a prática da cesariana como forma de proteger o AP, outros autores defendem que a operação cesariana, por si só, não previne tais distúrbios principalmente quando é precedida de trabalho de parto (Chaliha et al., 2004; Press et al., 2007).

FisioImagem 39

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Reeducação postural global e alongamento estático segmentar na melhora da flexibilidade, força muscular e amplitude de movimento

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INTRODUÇÃO

Os exercícios de alongamento têm como principal objetivo proporcionar maior flexibilidade a qual, segundo Bandy et al.1, é a habilidade de um músculo aumentar seu comprimento, possibilitando a uma ou mais articulações, em seqüência, se moverem em uma determinada amplitude de movimento (ADM).

Na prática clínica, freqüentemente o alongamento estático é o mais utilizado por ser considerado mais seguro, pois uma força relativamente constante é aplicada vagarosa e gradualmente até um ponto tolerado pelo paciente (que representa o ponto de maior comprimento muscular possível, de forma a evitar o reflexo de estiramento) e mantida por um curto período de tempo2,3. Ainda que Lardner4 considere alongamento estático só o que é realizado por uma força passiva, externa ao paciente (por exemplo, um fisioterapeuta), o mesmo pode ser realizado pelo próprio indivíduo, desde que haja relaxamento muscular na posição alongada.

O alongamento estático normalmente é utilizado para alongar isoladamente um músculo até um ponto tolerável e sustentar a posição por certo tempo, daí ser considerado segmentar. Por sua vez, o alongamento global alonga vários músculos simultaneamente, pertencentes à mesma cadeia muscular, e parte do pressuposto de que um músculo encurtado cria compensações em músculos próximos ou distantes5. Essa técnica, conhecida como reeducação postural global (RPG), preconiza a utilização de posturas específicas para o alongamento de músculos organizados em cadeias musculares, sendo considerado de longa duração (aproximadamente 15 minutos em cada postura). De acordo com a RPG, as cadeias musculares são constituídas por músculos gravitacionais que trabalham de forma sinérgica dentro da mesma cadeia. Por exemplo, todos os músculos da cadeia posterior possibilitam a manutenção da posição ortostática contra a ação da gravidade. O alongamento segmentar de um desses músculos, ao não levar em conta as compensações secundárias que ocorrem na respectiva cadeia muscular, poderiam torná-lo menos eficiente6.

Em relação ao aumento de ADM, alguns estudos foram realizados para demonstrar os benefícios do alongamento segmentar. Bandy et al.2 compararam os efeitos de diferentes repetições diárias e durações do alongamento ativo segmentar dos músculos isquiotibiais sobre a flexibilidade, medida pelo encurtamento dos mesmos músculos. Os sujeitos avaliados foram divididos em cinco grupos: o primeiro realizou três repetições de alongamento com duração de um minuto, o segundo três repetições com duração de 30 segundos, o terceiro, uma repetição de alongamento por um minuto, o quarto uma repetição com 30 segundos de duração e o quinto foi o grupo controle. Os alongamentos foram realizados durante seis semanas com freqüência de cinco vezes semanais. Os autores constataram que, quando o objetivo é aumentar a ADM, alongamentos com duração de 30 segundos mostram-se efetivos, e que não houve diferença quando a duração do alongamento aumentou de 30 para 60 segundos ou a freqüência de uma para três vezes diárias.

Guirro et al.7 avaliaram a flexibilidade e força dos músculos isquiotibiais em contração isométrica com a perna fletida a 30°, 90° e 120°, após um programa de alongamento segmentar em mulheres sem lesão musculoesquelética. O programa foi realizado durante cinco semanas com freqüência de três vezes semanais, sendo realizadas 15 repetições de alongamento passivo mantidas por 60 segundos. Os resultados mostraram diminuição do encurtamento dos músculos isquiotibiais e aumento da força muscular em todos os ângulos avaliados.

Na prática fisioterapêutica, são usados com freqüência os exercícios de alongamento de músculo ou grupos musculares, ou seja, o alongamento segmentar. Clinicamente, o alongamento global tem se mostrado eficiente no tratamento dos desvios posturais e no ganho de flexibilidade, porém a literatura ainda é escassa6,8,9. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi comparar os dois tipos de alongamento - segmentar e global pela técnica de RPG - na melhora da flexibilidade, força muscular e ADM de indivíduos sem lesão musculoesquelética.

 

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Centro de Docência e Pesquisa do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Sujeitos

Participaram do estudo 33 voluntárias sem lesão musculoesquelética de tipo algum, selecionadas de acordo com os seguintes critérios:

  • ter idade entre 21 e 30 anos;
  • ser do sexo feminino, para garantir maior homogeneidade da amostra;
  • apresentar encurtamento dos músculos isquiotibiais, considerado como uma perda de, pelo menos, 15° na extensão da perna;
  • consentir em participar do estudo e assinar o termo de consentimento pós-informação, livre e esclarecido.

Foram excluídas as voluntárias com algum tipo de algia musculoesquelética dos membros inferiores e de patologia que limitasse a amplitude de movimento; as participantes que relatassem mudança na freqüência e/ou intensidade de prática esportiva durante o tratamento; e as que faltassem a uma sessão e esta não fosse reposta na mesma semana.

Três participantes, devido às faltas, não completaram o tratamento. Dessa forma, a amostra final foi constituída por 30 mulheres, distribuídas aleatoriamente em três grupos com 10 indivíduos cada: o grupo global fez alongamento pela técnica de RPG; o grupo segmentar (fez alongamento segmentar; e o grupo controle não fez alongamento.

Instrumentos

Foram utilizados um goniômetro de acrílico transparente (Carci®) com marcações de zero a 360°; fita métrica; dinamômetro (Filizola®) cilíndrico com capacidade de 50 Kgf, devidamente calibrado; colchonetes e maca para as sessões de alongamento.

Procedimentos de avaliação

A avaliação de todas as participantes, realizada na primeira e última sessões, consistiu em: preenchimento de um protocolo onde se registraram dados pessoais; e avaliação das seguintes variáveis:

  • Encurtamento dos músculos isquiotibiais: foi medido pela amplitude de extensão da perna. A voluntária ficava em decúbito dorsal, mantendo as pernas fletidas com os pés apoiados no colchonete. A coxa direita foi posicionada em flexão de 90° e solicitava-se que estendesse ativamente a perna, aplicando-se o goniômetro com o braço fixo apontando para o trocânter maior do fêmur, o fulcro no centro da articulação do joelho seguindo a linha do epicôndilo lateral do fêmur, e o braço móvel apontando para o maléolo lateral2,10. As medidas foram obtidas sempre no joelho direito.
  • Flexibilidade: foi utilizado o teste 3º dedo-solo. A voluntária ficava em posição ortostática com os pés paralelos e em seguida realizava flexão do tronco mantendo os braços e a cabeça relaxados. O avaliador media a distância perpendicularmente do terceiro dedo da mão direita ao solo10,11.
  • Força muscular: medida pelo teste realizado com a voluntária em decúbito ventral, com o dinamômetro fixado à parede e preso a seu tornozelo por meio de uma faixa de tecido sintético inextensível. O objetivo foi medir a intensidade da força isométrica (em Kgf) da flexão da perna a 45° e 90°, sendo realizadas três repetições de 6 segundos com intervalos de 30 segundos entre cada repetição. Um tempo de descanso de dois minutos foi dado antes da mudança de angulação. A instrução dada era que as voluntárias fizessem o máximo de força no sentido da flexão da perna assim que ouvissem o comando inicial, e relaxassem ao comando final. Durante as contrações isométricas, foram dados estímulos verbais por parte do examinador. Foi considerada a maior medida obtida nas três repetições em cada posição7.

Sessões de alongamento

As sessões tiveram duração de 30 minutos e foram realizadas duas vezes por semana durante quatro semanas, com intervalo mínimo de 48 horas entre as sessões.

No grupo RPG, as participantes foram submetidas a duas posturas de alongamento mantidas por 15 minutos cada, em abertura e fechamento do ângulo coxofemoral. A decisão sobre quais posturas seriam utilizadas em cada sessão teve como parâmetros os testes de abertura e fechamento de ângulo coxofemoral e membros superiores, segundo procedimento de Marques12. Essas posturas eram realizadas em decúbito dorsal quando o objetivo era trabalhar com maior ênfase os membros superiores e o segmento cervical da coluna vertebral; na posição sentada, quando a ênfase era no tórax e coluna vertebral; e em pé, quando se focalizavam tronco e membros inferiores.

Em todas as posturas eram tomados alguns cuidados: não permitir compensações em outras articulações, como aumento da lordose lombar ou protrusão de ombros; evitar que as costelas adotassem a posição inspiratória; e o segmento lombar da coluna vertebral deveria permanecer retificado.

No grupo segmentar, foram alongados músculos que fazem parte das cadeias musculares e que também foram alongados no grupo global. Cada alongamento durava 30 segundos, realizado passivamente ou de maneira autopassiva, bilateralmente, sempre com a preocupação de fixar os segmentos próximos a fim de evitar compensações. Os exercícios de alongamento foram baseados em Kisner e Colby13 e Kendall et al.14. Foram alongados os seguintes músculos nas posições:

  • decúbito dorsal: músculos isquiotibiais, flexor curto e longo dos dedos, flexor profundo e superficial dos dedos, flexor curto e longo do hálux, paravertebrais, glúteos, músculos lombares, flexor longo do polegar e adutor do polegar, subescapular, deltóide, pronador redondo e pronador quadrado;
  • decúbito ventral: músculos gastrocnêmios e sóleo, peitoral maior, peitoral menor, bíceps braquial e braquial;
  • sentada: músculos adutores de membro inferior, iliopsoas, trapézio superior, pronador redondo e pronador quadrado.

Análise estatística

Foi realizada com nível de significância de 5% e os intervalos com coeficientes de confiança de 90%, pelos testes qui-quadrado, t de Student, ANOVA e Kruskal-Wallis. O teste qui-quadrado foi usado para analisar a variável qualitativa "atividade física" das voluntárias.

O teste ANOVA foi usado para comparar os grupos sob suposição de normalidade e igualdade de variância. A confirmação dos resultados da ANOVA foi feita pelo teste de Kruskal-Wallis, que é não paramétrico. Os intervalos de confiança para a média dos grupos foram construídos para a identificação dos grupos discrepantes. Para confirmação do que foi visualizado nos gráficos de intervalos de confiança, o teste Kruskal-Wallis foi utilizado na comparação dois a dois dos grupos.

A variável utilizada em todos os testes estatísticos foi o ganho relativo (GR) comparando-se o pré e o pós-tratamento, de acordo com as seguintes fórmulas:

  • GR = 100 X (pós-pré)/pré, no caso onde aumento significa melhora;
  • GR = 100 X (pré-pós)/pré, no caso onde diminuição representa melhora.

Os procedimentos estatísticos utilizados neste trabalho podem ser encontrados em detalhe em Noether15.

 

RESULTADOS

A análise dos dados demográficos (Tabela 1) não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os grupos em relação à idade (p=0,16) e ao nível de atividade física (p=0,5). Além disso, todas as voluntárias eram do sexo feminino, estudantes e solteiras.

 

 

Os valores médios do ganho relativo de ADM da extensão da perna, de flexibilidade e de força de flexão da perna a 45° e 90° são apresentados na Tabela 2. Foi observada diferença estatisticamente significante entre os três grupos no ganho de ADM, flexibilidade e força muscular (p<0,05) pela ANOVA. Quando o teste Kruskal-Wallis comparou os grupos dois a dois, não houve diferença significante entre os grupos que realizaram alongamento na ADM (p=0,12), flexibilidade (p=0,28) e força muscular a 45° (p=0,92) e 90° (p=0,92), indicando igualdade entre eles.

 

 

O Gráfico 1 mostra os intervalos de confiança para o ganho relativo de ADM de extensão da perna dos três grupos. Entre os grupos que realizaram alongamento, os intervalos de confiança apresentam intersecção, indicando que não diferem significantemente entre si, porém diferem do grupo controle.

 

 

Na Gráfico 2 está representado o ganho relativo de ADM de extensão da perna intra-sessões para os grupos global e segmentar. A intersecção entre os grupos indica ausência de diferença estatisticamente significante. Nota-se em ambos que a melhora relativa foi maior nas primeiras sessões, decrescendo ao longo das mesmas.

 

 

DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi comparar o efeito da RPG e do alongamento segmentar no ganho de flexibilidade, força muscular e ADM, sendo que a hipótese inicial era que exercícios de alongamento com tempo de manutenção mais prolongado e em cadeias teriam resultados mais favoráveis. Os dados dos dois grupos estudados apresentaram ganhos significantes após a realização dos alongamentos, porém os exercícios de curta e longa duração (alongamento segmentar e RPG, respectivamente) mostraram-se igualmente eficientes.

Neste trabalho, a RPG foi aplicada por um período de 15 minutos em cada uma das duas posturas, enquanto o grupo segmentar alongou vários músculos, à razão de 30 segundos cada músculo, resultando em um tempo total de alongamento dos dois grupos de aproximadamente 30 minutos por sessão. Em relação ao tempo de manutenção, os achados deste estudo vão contra o postulado por Kisner e Colby13, de que o alongamento de 20 minutos ou mais traria melhores ganhos que os de curta duração.

A RPG pode ser enfática em um músculo, mas sua proposta é o alongamento máximo não permitindo que haja compensações, ou seja, consiste num tratamento que tem como uma de suas premissas alongar um número grande de músculos de uma única vez. Por isso, outra possibilidade para explicar a similaridade entre os grupos global e segmentar nas variáveis flexibilidade e encurtamento dos músculos isquiotibiais pode ser o fato de que a RPG, por distribuir a força de alongamento pelos músculos das cadeias, diminui a intensidade sofrida por cada músculo isoladamente. Como, pela Lei de Hooke16, o grau de deformação é igual à força aplicada multiplicada pelo tempo de aplicação, pode-se ter encontrado um resultado não estatisticamente significante entre os grupos tratados pelo fato de o alongamento segmentar promover uma intensidade alta o suficiente para compensar o curto tempo de alongamento.

Torna-se necessário discutir a intensidade do alongamento pela RPG nos músculos posteriores dos membros inferiores, já que essa técnica usa contrações excêntricas para a evolução das posturas, enquanto o alongamento segmentar trabalha os músculos passivamente. Salvini17 e Alter18 descrevem a eficácia da contração excêntrica no ganho de ADM e hipertrofia muscular. Portanto, esperava-se que, no presente estudo, houvesse no grupo global um ganho maior de flexibilidade, ADM de extensão da perna e, em especial, de força muscular, tanto pelo aumento da energia potencial elástica relativa à maior ADM de extensão da perna quanto pelo treino direto de força contrátil da musculatura. Mas tal fato não ocorreu, ou seja, não foram encontradas diferenças significantes dessas variáveis entre os dois tipos de alongamento. Isso pode significar que, durante o tratamento com alongamento global, não houve estimulação contrátil suficiente nos músculos isquiotibiais para provocar as diferenças esperadas.

Alguns estudos investigaram os efeitos do alongamento muscular segmentar na ADM, considerando como forma de avaliação o encurtamento dos músculos isquiotibiais. Bandy et al.2 observaram que, em uma população de adultos jovens, o tempo de manutenção de 30 segundos é suficiente para obter ganhos de flexibilidade. Grandi19 não obteve diferenças entre 18 e 30 segundos de manutenção no mesmo tipo de população, enquanto Feland et al.20 constataram um aumento na ADM de extensão da perna após a realização de alongamentos mantidos por 60 segundos estudando indivíduos idosos. Como a população deste estudo tinha idade entre 21 e 30 anos, inferiu-se que 30 segundos em posição de alongamento eram suficientes para aumentar a flexibilidade e ADM.

Outros autores estudaram os efeitos da técnica de RPG e do alongamento segmentar no tratamento de pacientes. Cabral et al.9 trataram pacientes com síndrome fêmoro-patelar por oito semanas e observaram que ambas as técnicas aumentaram a ADM de extensão da perna, porém o alongamento global produziu maior ganho de flexibilidade. Essa diferença em relação ao presente estudo pode ter ocorrido pela etiologia específica dessa síndrome, baseada em encurtamentos musculares. Já Fernández-de-las-Peñas et al.8 trataram pacientes com espondilite anquilosante e observaram uma melhora da mobilidade do esqueleto axial após a realização de ambas as técnicas, o que, apesar das diferentes regiões avaliadas, está de acordo com os resultados obtidos neste estudo.

Não existe consenso em relação à freqüência com que os exercícios devem ser realizados. Bandy et al.2 e Feland et al.20 realizaram alongamentos com freqüência de cinco vezes por semana e Grandi19 apenas uma vez por semana. Neste estudo, os exercícios de alongamento foram realizados duas vezes por semana e os resultados foram satisfatórios no ganho de flexibilidade e força muscular e na diminuição do encurtamento dos músculos isquiotibiais.

O aumento da força muscular relativo ao ganho de flexibilidade em humanos foi descrito por Guirro et al.7. Resultados semelhantes foram encontrados neste estudo, já que os grupos tratados tiveram melhor desempenho do que o controle, porém sem diferença entre si. Aliás, talvez nem seja possível falar apenas sobre aumento de força muscular, mas também de um mecanismo de maior vantagem mecânica possibilitando um melhor rendimento21 pela otimização do uso da energia potencial elástica22-24. Tendo em mente esse mecanismo de aproveitamento de energia potencial elástica, é possível relacionar os resultados de força muscular com o encurtamento dos músculos isquiotibiais, pois os dois grupos alongados se comportaram de maneira semelhante, ganhando igualmente flexibilidade e vantagem mecânica.

No presente trabalho, foi verificado um aumento da força muscular dos grupos que realizaram alongamento. Isso significa que a energia potencial elástica obtida pelo aumento da flexibilidade e ADM não substituiu a força perdida por uma suposta complacência do tendão. Os resultados aqui obtidos levam a concordar com Deyne25, que calculou uma intensidade enorme da tensão gerada pelo alongamento concentrada no músculo. É muito provável que o alongamento não afete negativamente a transmissão de força, e que, ao contrário, exerça um efeito positivo nessa tarefa.

Analisando o ganho de ADM obtido intra-sessões, não houve diferença entre os grupos alongados após a intervenção. Como alguns autores26,27 afirmam que o alongamento estático de 45 segundos resulta num relaxamento do estresse viscoelástico instantâneo de 18 a 20%, com o encurtamento usual voltando em menos de 1 hora, supõe-se que o ganho intra-sessão tenha relação com a viscoelasticidade. No Gráfico 2, é possível notar que a viscoelasticidade diminui progressivamente com as sessões, mostrando que quanto mais alongada uma pessoa está, mais difícil é o ganho maior de alongamento por efeito viscoelástico.

Outra justificativa para a resposta homogênea dos grupos é que o tratamento foi realizado seguindo os mesmos princípios: não permitindo compensações, estimulando um ritmo respiratório lento e sem bloqueio inspiratório. O alongamento estático segmentar é de execução mais simples, o que facilita sua aprendizagem. Porém, seu procedimento adequado, com atenção cuidadosa, se faz necessário para obtenção do efeito observado no presente estudo.

As sessões dos dois grupos foram individuais, permitindo um atendimento mais personalizado e sempre com o mesmo fisioterapeuta, o que facilita o vínculo e fortalece a motivação para atingir as metas terapêuticas. A figura do terapeuta que cuida e orienta faz parte do papel pedagógico na condução e aprendizagem dos exercícios, sugerindo sua influência nos resultados.

 

CONCLUSÃO

As duas técnicas de alongamento utilizadas, reeducação postural global e estático segmentar, foram igualmente eficientes no ganho de flexibilidade, amplitude de movimento e força muscular de indivíduos sem lesão musculoesquelética; ambas levaram a resultados superiores aos do grupo controle. Dessa forma, infere-se que ambas podem ser utilizadas em situações clínicas. Porém, para ampliar as repercussões clínicas, recomenda-se a realização de estudos semelhantes com diferentes lesões musculoesqueléticas.

 

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José Luís Pimentel do RosárioI; Adriana de SousaII; Cristina Maria Nunes CabralIII; Silvia Maria Amado JoãoIV; Amélia Pasqual MarquesIV

IFisioterapeuta; Ms.
IIFisioterapeuta; mestranda em Ciências da Reabilitação no Fofito/FMUSP (Depto. de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP)
IIIFisioterapeuta; Profa. Dra. do Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, SP
IVFisioterapeutas; Profas. Dras. do Curso de Fisioterapia, Fofito/FMUSP


O ultrasom é efetivo no tratamento da tendinite calcárea do ombro?

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Introdução

A tendinite calcária do ombro é uma calcificação reativa (1), autolimitante (2), caracterizada pela deposição de sais de cálcio nos tendões do manguito rotador (principalmente no tendão do supraespinhoso) (3) e por constantes dores no ombro (4). Conforme Speed e Hazleman (2), essa patologia é mais comum em indivíduos entre 30 e 60 anos de idade, com maior incidência no sexo feminino, podendo ser encontrada tanto em indivíduos sintomáticos quanto assintomáticos (5). Em pacientes sintomáticos, a dor e a perda de amplitude de movimento (ADM) representam as principais queixas (6). A tendinite calcária do ombro corresponde a 17% das síndromes dolorosas do ombro (7).

A razão para a deposição de cálcio no manguito rotador ainda não é bem esclarecida (2). Fatores como relativa isquemia em consequência da hipovascularização na chamada zona crítica do manguito rotador (8), degeneração dos tendões (9) e distúrbios metabólicos (10) têm sido sugeridos como possíveis causas.

Segundo a literatura, a deposição de cálcio nos tendões ocorre de forma espontânea, podendo haver somente uma fase aguda, em que os sintomas tendem a diminuir em poucas semanas, ou a evolução para a cronicidade (11). Nesse caso, prejuízos funcionais, em razão, principalmente, da dor, da diminuição da amplitude de movimento (6, 11) e das alterações na função mecânica do ombro (11, 12) são comumente observados. Talvez, por essas razões, Uhthoff e Sarkar (7, 13) consideram a tendinite calcária do ombro como condição incapacitante.

A abordagem terapêutica da tendinite calcária do ombro consiste na utilização de anti-inflamatórios não esteroides (4, 14), infiltração com corticoide (14), punção (4) e terapia por ondas de choque extracorpórea (4). Aspiração percutânea (4, 15, 16) e cirurgia (11) também são procedimentos realizados, porém somente em último caso, em razão do caráter invasivo de ambas. Os efeitos desses tratamentos variam significantemente e os resultados são, na maioria das vezes, inconsistentes (17).

Dentre os recursos fisioterapêuticos utilizados para o tratamento da tendinite calcária do ombro, o ultrassom tem sido sugerido como alternativa promissora para facilitar a reabsorção dos depósitos de cálcio (15, 18-21). Os mecanismos que fundamentam esse efeito são, entretanto, ainda controversos na literatura e a utilização clínica do ultrassom na tendinite calcária tem sido baseada mais em evidências empíricas do que científicas. Este estudo objetivou realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos biológicos e terapêuticos do ultrassom, a fim de identificar o seu real papel no tratamento de depósitos calcários, especificamente na tendinite calcária do ombro.

 

Metodologia

Busca literária

Para a realização desta pesquisa bibliográfica foram consultadas as seguintes bases de dados: MEDLINE (1966 até abril de 2010), PubMed (1966 até abril de 2010), Cochrane Library (1991 até abril de 2010), PEDro (até abril de 2010) e LILACS (1982 até abril de 2010). Os descritores utilizados foram: calcifying tendinitis, calcific tendinitis, calcium deposits, tendinitis calcarea, paratentinitis calcarea, calcification tendons, calcareous tendinitis, ultrasound therapy, therapeutic ultrasound, phonophoresis. Esses termos foram combinados entre si ou aplicados de forma isolada nas bases de dados, como pode ser visto na Tabela 1. Estudos aleatorizados ou não, controlados e publicados na língua portuguesa, inglesa ou espanhola foram incluídos.

 

 

Outras estratégias de busca

Além das bases eletrônicas, a busca foi complementada por uma pesquisa manual nas referências bibliográficas dos artigos previamente selecionados e no acervo da biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Seleção dos estudos

Dois revisores independentes selecionaram inicialmente os artigos, de acordo com o título e o resumo. Se tais artigos não forneciam informações suficientes para a inclusão, ou os examinadores verificassem que o artigo era potencialmente útil, uma cópia completa era solicitada. Na presença de divergência entre os avaliadores, quanto à inclusão de algum estudo, estes se reuniam para que um consenso fosse obtido. Não ocorrendo um acordo entre eles, uma terceira pessoa era consultada. Os critérios de exclusão foram artigos em que a amostra compreendia indivíduos com episódio recente de trauma no ombro, artrite do ombro, capsulite adesiva e infecção local.

Desfechos avaliados

A efetividade da fonoforese foi avaliada por meio de um ou mais dos seguintes desfechos: exame radiológico, amplitude de movimento (ADM), dor, porcentagem da droga transmitida pelo ultrassom e função.

Avaliação da qualidade metodológica

A análise da qualidade dos artigos selecionados foi realizada de acordo com a escala de Jadad (22). Segundo a escala, as notas variam de 0 a 5 pontos, sendo que pontuação inferior a 3 indica estudo metodologicamente fraco, e entre 3 a 5 indica pesquisa de alta qualidade (23). Dois revisores independentes avaliaram cada artigo utilizando os critérios de Jadad (22). Na presença de não similaridade entre as notas, os dois avaliadores reuniam-se. Permanecendo o desacordo, uma terceira pessoa era consultada.

Análise dos resultados

As informações referentes ao objetivo, à metodologia e ao desfecho dos artigos selecionados foram organizadas em tabelas, a fim de facilitar a análise e a interpretação de cada estudo. Buscou-se verificar a correlação entre o objetivo e o desfecho do trabalho e avaliar a clareza na determinação e na descrição dos parâmetros utilizados para a pesquisa.

 

Resultados

A busca eletrônica inicial identificou 1.108 artigos. Destes, 31 foram selecionados a partir da leitura dos títulos, sendo apenas quatro trabalhos (6, 15, 24, 25) incluídos após a leitura dos resumos (Tabela 2). A exclusão dos 27 estudos ocorreu em razão da utilização do ultrassom não associado a fármaco tópico.

 

 

A qualidade metodológica dos estudos variou de 0 a 4 na escala de Jadad (0 a 5). Três artigos foram considerados de baixa (6, 24, 25) e um, de alta (15) qualidade. As falhas metodológicas mais comuns entre os estudos foram ausência de duplo-cego (6, 24, 25) e descrição do método de gerar a sequência de aleatorização da amostra (6, 15, 24, 25) (Tabela 3).

Dos quatro trabalhos selecionados (6, 15, 24, 25), três (6, 15, 24) eram estudos clínicos aleatorizados. Os desfechos mais avaliados foram: tamanho da calcificação (15, 24), dor (15, 24) e ADM (6, 15, 24), os quais foram mensurados por meio de raio X e/ou escala Gartner e Heryer, escala visual analógica e goniometria, respectivamente. Dentre os estudos selecionados, dois (15, 24) demonstraram redução da dor e do tamanho da calcificação e dois (6, 25) não apresentaram resultados positivos quanto ao uso do ultrassom na tendinite calcária do ombro. Esses dados estão descritos na Tabela 4.

Na Tabela 5, estão discriminados os parâmetros utilizados nos trabalhos. Pode-se observar que a frequência do ultrassom variou de 0,89 MHz a 3 MHz, e a intensidade ficou entre 0,8 W/cm2 a 2,5 W/cm2, permanecendo ambos dentro da faixa recomendada para aplicações terapêuticas. Em relação ao modo de aplicação, somente um estudo utilizou o ultrassom pulsado (15). O tempo de aplicação variou de 5 a 15 minutos e a frequência das sessões foi de 3 a 5 vezes por semana, totalizando de 9 a 24 sessões.

 

Discussão

O ultrassom é um recurso amplamente empregado nas afecções do sistema musculoesquelético (26-28), visando principalmente ao controle dos sinais e dos sintomas inflamatórios (29-32), ao estímulo à fibroplasia e à osteogênese (32, 33) e à modulação da dor (26). Os benefícios induzidos por esse recurso são decorrentes de suas ações térmicas e não térmicas nos tecidos (26). Tradicionalmente, esses efeitos são considerados separadamente, embora ambos possam ocorrer em todas as aplicações do ultrassom.

Os efeitos térmicos do ultrassom, incluindo aceleração do metabolismo, alteração da velocidade de condução nervosa, aumento do fluxo sanguíneo e da extensibilidade de tecidos moles, redução ou controle da dor e do espasmo muscular (30, 34), são os mesmos obtidos com outras modalidades de aquecimento; porém as estruturas-alvo do aquecimento (tecidos ricos em proteínas, principalmente colágeno) são diferentes (35). Os efeitos atérmicos resultam de eventos mecânicos (cavitação, correntes acústicas e microfluxo) produzidos pela passagem da onda sonora nos tecidos e estão relacionados: 1) ao aumento da permeabilidade da pele (36) e da membrana celular (37); 2) ao aumento dos níveis de cálcio intracelular (38); 3) ao aumento da síntese proteica e da atividade de fibroblastos e condrócitos (39, 40) e 4) ao aumento da degranulação de mastócitos (41) e da atividade dos macrófagos (42).

Os benefícios supracitados são, entretanto, dependentes dos parâmetros utilizados para aplicação do ultrassom (43), principalmente da dosimetria. Variáveis como o tamanho da área a ser tratada, diferenças teciduais (44), duração da aplicação (43) e o objetivo da conduta terapêutica (44) também devem ser considerados.

Em uma revisão realizada por Gam e Johannsen (17), em que foram analisados artigos publicados entre 1950 e 1992, foi concluído que apenas 22 dos 293 artigos revisados apresentavam metodologia adequada, sendo apenas esses os que comprovaram a eficácia do ultrassom. Além disso, os autores relataram a dificuldade de investigar uma possível relação entre dose/resposta em razão do déficit de informações sobre os parâmetros utilizados na aplicação desse recurso.

De maneira semelhante, no trabalho de Robertson e Baker (19) foi avaliada a qualidade metodológica de estudos que abordavam a efetividade do ultrassom terapêutico em indivíduos que apresentavam dor e/ou lesões musculoesqueléticas. Dentre os trabalhos consultados, a falta de grupo controle, de tratamento padronizado e de critérios de avaliação, bem como a ausência da análise estatística dos resultados, caracterizou os estudos como sendo de baixa qualidade metodológica (19).

Efeitos do ultrassom na tendinite calcária do ombro

Conforme demonstrado pela presente revisão, poucos estudos têm investigado os efeitos e/ou a efetividade do ultrassom (6, 15, 24, 25) no tratamento da tendinite calcária do ombro, e os resultados encontrados nos trabalhos selecionados foram variáveis. Apesar disso, a utilização do ultrassom no manejo dessa afecção é trivial na prática clínica do fisioterapeuta (26, 28).

Resultados positivos foram observados no trabalho conduzido por Ebenbichler et al. (15), que, por meio de um estudo randomizado e duplo-cego, analisaram a efetividade do ultrassom terapêutico comparado ao placebo no tratamento da tendinite calcária do ombro. Os pacientes do grupo experimental receberam 15 minutos de ultrassom pulsado (1:4) com frequência de 0,89 MHz e intensidade de 2,5 W/cm², com a área do cabeçote de 5 cm². No grupo controle, o recurso terapêutico foi aplicado pelo mesmo período de tempo, porém desligado. Foram realizadas ao todo 24 sessões. Após seis semanas de intervenção, verificou-se significativa diferença entre os grupos na diminuição do depósito calcário, favorecendo o grupo experimental. Houve redução da dor e melhora da qualidade de vida nesse grupo em relação ao controle após o término do tratamento. No entanto, após os nove meses de follow-up não foi encontrada diferença significativa entre os grupos.

Shomoto et al. (24) realizaram um estudo com 40 pacientes estratificadamente randomizados em dois grupos. O grupo experimental (n = 20) foi submetido a cinco minutos de ultrassom terapêutico (modo contínuo; 3 MHz; 1 a 2 W/cm²; ERA de 4,3 cm²; área da superfície de 5 cm²) associado a exercícios. O grupo controle (n = 20) foi tratado apenas com exercícios. Todos os participantes sofreram intervenção três vezes por semana até o final do estudo, porém os autores não informaram a duração da pesquisa. Observou-se, no grupo experimental, melhora significativa da calcificação com poucos pacientes ainda presenciando dor durante a movimentação ativa. No grupo controle, a maioria das calcificações não modificou a área e nem a densidade, ou os pacientes apresentaram piora da condição.

Especificamente em relação às ações do ultrassom na tendinite calcária, Ebenbichler et al. (15) sugerem que os efeitos térmicos induzidos por esse recurso seriam os responsáveis pela redução da calcificação. Os autores afirmam que a atividade das células capazes de fagocitar as partículas de cálcio, assim como o metabolismo e o fluxo sanguíneo, é favorecida pelo aumento da temperatura dos tecidos. Esses efeitos, em conjunto, possibilitariam a desintegração dos depósitos de cálcio. Shomoto et al. (24) acreditam que a redução do depósito calcário também esteja relacionada ao aumento da circulação sanguínea, da atividade dos fagócitos e à liberação de fatores quimiotáticos.

Os parâmetros utilizados por Ebenbichler et al. (15) e Shomoto et al. (24) foram diferentes entre si; no entanto, os resultados encontrados nos dois estudos foram semelhantes, havendo redução da dor e da calcificação. Esses fatos podem ser justificados pela alta dose total de energia fornecida aos pacientes submetidos ao tratamento em ambos os estudos.

Dois estudos (6, 25) encontraram resultados divergentes aos trabalhos de Ebenbichler et al. (15) e Shomoto et al. (24).

Perron e Malouin (6) investigaram a efetividade da iontoforese associada ao ultrassom terapêutico na tendinite calcária do ombro de 22 voluntários. O grupo experimental foi submetido a nove sessões de iontoforese seguidas de ultrassom contínuo (1 MHz; 0,8 W/cm²; 5 minutos). O grupo controle não recebeu nenhum tratamento durante o mesmo período. Os autores não encontraram diferença significativa entre os grupos na redução da área e da densidade do depósito calcáreo. O mesmo foi observado para dor e abdução passiva do ombro. Concluiu-se que a iontoforese associada ao ultrassom não é efetiva para a reabsorção do depósito calcário, como também na melhora da funcionalidade. A diminuição em ambos os grupos do tamanho e da densidade do depósito calcário resulta, provavelmente, de um processo natural e não do tratamento empregado (6). O fato dos autores não terem identificado efeitos positivos no grupo experimental em relação ao controle pode ser em razão da falha metodológica do trabalho.

No estudo de Greve et al. (25), foi utilizado o ultrassom terapêutico e o fortalecimento muscular em 60 ombros com disfunção tendinosa. Destes, 18 apresentavam tendinite calcária do ombro. Os parâmetros utilizados para o ultrassom terapêutico não foram mencionados pelos autores e o estudo não apresentava grupo controle. Os pacientes foram tratados duas vezes por semana, de 1 a 8 meses. Ao final do tratamento, 11 dos 18 pacientes tiveram resultados insatisfatórios; e no follow-up, de 6 a 36 meses, 13 indivíduos não melhoraram. Não houve diferença entre os resultados encontrados com as alterações radiológicas. Como os autores não informaram os parâmetros utilizados e não compararam os resultados obtidos com grupo controle, inviabiliza-se afirmar que o ultrassom não promove benefícios para os indivíduos com tendinite calcária do ombro (19, 44).

A comparação entre os achados positivos e negativos (6, 15, 24, 25) deve ser feita com cautela, uma vez que os parâmetros são diferentes e, em alguns casos, não são citados (19, 44).

A frequência (MHz) do ultrassom é responsável por determinar a profundidade de penetração da onda mecânica no tecido-alvo (39). A literatura afirma que quanto maior a frequência da onda ultrassônica, menor será sua penetração nos tecidos e maior será a absorção (45, 46). Considerando que a patologia a ser tratada é de caráter superficial, não seria necessária a utilização de altas frequências. No entanto, resultados positivos e negativos foram observados independentes da frequência.

Assim como a frequência, a intensidade (W/cm2), que influencia nos mecanismos térmicos e atérmicos promovidos pelo ultrassom, também foi variável. De acordo com Low e Reed (47), a energia sonora é convertida em energia térmica, sendo esta proporcional à intensidade do ultrassom. Em todos os estudos avaliados, a intensidade foi aplicada dentro da faixa terapêutica e demonstrou proporcionar efeitos positivos. Portanto, fica claro que a aplicação inadequada desse recurso pode não induzir aos benefícios terapêuticos e/ou causar danos aos tecidos biológicos (25). Por isso, é importante que sejam conhecidos os parâmetros apropriados, a fim de atingir os objetivos propostos, dentro dos limites seguros (48).

As divergências encontradas nos estudos que demonstraram efeitos positivos e negativos podem ser justificadas pelos diferentes parâmetros utilizados nos trabalhos. Apesar de inicialmente os parâmetros usados por Ebenbichler et al. (15) e Shomoto et al. (24) parecerem diferentes, a dose média aplicada por sessão foi semelhante (w/cm2 x minuto).

Nos estudos com resultados positivos, a frequência utilizada foi desigual. O fato demonstra que esse parâmetro parece não ser determinante para a efetividade do ultrassom no tratamento da tendinite calcária do ombro, que se caracteriza por uma patologia de caráter superficial.

A dose utilizada por Perron e Malouin (6) não é citada, inviabilizando qualquer tipo de decisão, e a falta de grupo controle no estudo de Greve et al. (25) intensifica a baixa qualidade do estudo.

Parâmetros do ultrassom terapêutico, como frequência, intensidade, regime de emissão (contínuo ou pulsado) empregado e tempo de aplicação, foram controversos entre os autores (6, 15, 24, 25) (Tabela 1) e interferem nos resultados (43, 44). Tanto o estudo de Ebenbichler et al. (15) quanto o de Shomoto et al. (24), além de terem registrado a efetividade do ultrassom terapêutico na tendinite calcária do ombro, apresentaram melhor qualidade metodológica em relação aos demais artigos. Conforme observado nos estudos revisados, os benefícios parecem estar relacionados à dose total e também à qualidade metodológica, que é um fator determinante para haver efetividade no tratamento da patologia. A randomização da amostra pode ser um fator importante para a distribuição igualitária entre os grupos de fatores prognósticos que também poderiam interferir nos resultados do estudo, sendo esse fato inserido na questão da qualidade metodológica.

Por meio da análise dos artigos desta revisão, sugere-se que o ultrassom terapêutico possa ser efetivo na diminuição ou resolução da tendinite calcária do ombro, bem como da sintomatologia presente nessa afecção, desde que haja adequada seleção de parâmetros para sua aplicação. Parece que a efetividade do ultrassom na tendinite calcária do ombro está relacionada à dose e ao número de sessões totais, ou seja, a quantidade de energia fornecida ao paciente.

 

Conclusão

Esta revisão sugere que o ultrassom pode ser um recurso importante no tratamento da tendinite calcária do ombro, podendo atuar positivamente na redução dos depósitos calcários desde que o recurso seja utilizado dentro de parâmetros satisfatórios. Para isso, a dose total, considerando-se a dose fornecida pelo recurso e o número de sessões, deve ser adequada ao objetivo do tratamento. Nesse sentido, faz-se necessária uma adequação metodológica para publicação de estudos que utilizem o ultrassom como recurso terapêutico no tratamento da tendinite calcária do ombro.

 

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Autor:

Josiane Sena dos SantosI; Rebecca Barbosa de Decco Monteiro MarinhoII; Angélica Rodrigues AraújoIII; Maria Emília de Abreu ChavesIV; Mariane Palumbo NascimentoV; Aline de Morais PereiraVI

IAcadêmica de Fisioterapia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: josy.sena@yahoo.com.br
IIAcadêmica de Fisioterapia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: beca_monteiro@yahoo.com.br
IIIFisioterapeuta, Doutora em Bioengenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), docente do curso de Fisioterapia da PUC Minas, Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: angelica@bios.srv.br
IVFisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Esportiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: mariaemiliabh@yahoo.com.br
VFisioterapeuta, Especialista em Geriatria e Gerontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: marianepalumbo@yahoo.com.br
VIFisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), Belo Horizonte, MG - Brasil, e-mail: alinedemorais@yahoo.com.br


Atuação Fisioterapêutica na Prevenção de Úlceras de Decúbito em Hemiplégicos

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É de fato confirmado, teoricamente, que as úlceras de decúbito são complicações secundárias inteiramente preveníveis; e são as alterações mais comuns que acontecem nos pacientes submetidos ao longo período de decúbito 3 . Nenhuma outra complicação da disfunção neurológica tem tanta possibilidade de ser prevenida, é tão difícil de manejar, e tão prejudicial à reabilitação do paciente e ao seu bem-estar geral quanto à perda da integridade da pele 15 .

Em função disso, todos os profissionais envolvidos na assistência de pacientes com incapacidades neurológicas precisam dividir as responsabilidades de estabelecer e manter um programa vigilante para prevenir danos aos tecidos moles 15,13,11,2 .

As estratégias para evitar o colapso cutâneo são posicionamento apropriado do paciente no leito ou em uma cadeira, assistência regular para possibilitar que o paciente mude de posição e cuidados meticulosos nos casos de incontinência urinária ou intestinal 12 .

Existem estratégias adequadas para o posicionamento do paciente hemiplégico. Estas destinam-se a otimizar a estimulação sensorial e incentivar a adoção de apoio de peso efetivo. Além disso, essas posições objetivam impedir complicações secundárias, além de inibir o desenvolvimento de tônus muscular anormal 9,5,6,7 .

O presente estudo teve como objetivo considerar um programa de prevenção de úlceras de decúbito para pacientes hemiplégicos internados no 5º andar do HUSM, contando com a colaboração da equipe de enfermagem para execução e conscientização da importância dessa medida preventiva, contribuir para minimizar a ocorrência de úlceras de decúbito em pacientes com hemiplegia imobilizados no leito e divulgar para os demais profissionais da área da saúde o posicionamento adequado do paciente hemiplégico.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram estudados 13 pacientes hemiplégicos internados no 5º andar do Hospital Universitário de Santa Maria, no período de agosto a novembro de 2004.

Os pacientes foram avaliados diariamente quanto à freqüência das mudanças de decúbito durante 24 horas, através de uma ficha de controle colocada na pasta de evolução da enfermagem, e semanalmente o surgimento, localização e estágio das úlceras de decúbito através de uma ficha de avaliação elaborada para o estudo 12, 2 .

Foram analisados dois grupos: um grupo de pacientes que não foi submetido a intervenção fisioterapêutica o outro grupo em que ocorreu a intervenção fisioterapêutica com mudanças de decúbito e posicionamento adequado a aproximadamente cada 2 horas, contando com a colaboração da equipe de enfermagem, após essa estar devidamente esclarecida quanto aos propósitos do estudo e o correto posicionamento do paciente hemiplégico no leito.

Foram considerados do primeiro grupo, oito pacientes hemiplégicos que interaram no 5º andar do Hospital Universitário de Santa Maria no período de agosto a setembro de 2004, e do segundo grupo cinco pacientes hemiplégicos que internaram no período de outubro a novembro de 2004. Os pacientes somente foram analisados durante o período em que estiveram internados no 5º andar do Hospital Universitário de Santa Maria.

As análises estatísticas foram realizadas através dos testes paramétricos. Para os testes de normalidade utilizou-se dos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilks.

RESULTADOS

Os resultados obtidos no primeiro grupo estão apresentados nos gráficos I e II, que mostram o tempo de permanência em cada decúbito semanalmente e a quantidade de mudanças, e a ocorrência de úlceras de decúbito respectivamente. Os mesmos dados foram analisados no segundo grupo, os quais estão apresentados nos gráficos III e IV. Os locais acometidos por úlceras de decúbito estão registrados nos gráficos V e VI sendo o gráfico V referente ao primeiro grupo e o VI ao segundo grupo.

No primeiro grupo foi observado que os pacientes permaneciam a maior parte do tempo em decúbito dorsal e a quantidade de mudanças durante as 24 horas não eram realizadas a cada 2 horas. Isso justifica a alta incidência de úlceras de decúbito observadas nesse grupo. Porém na quinta semana de análise desse grupo observou-se uma redução da incidência de úlceras de decúbito e diminuição da permanência em decúbito dorsal em virtude da conscientização por parte da equipe de saúde salientada durante a realização desse estudo.

No segundo grupo, passou-se a observar o aumento da freqüência das mudanças com conseqüente redução da formação de úlceras de decúbito. Nas duas primeiras semanas ainda foram registradas úlceras de decúbito, porém a mudança de decúbito a cada duas horas também mostrou-se eficaz na regressão das úlceras de decúbito, sendo que nas duas últimas semanas de observação não foram registradas nenhuma úlcera de decúbito nos pacientes analisados.

 
 
 
 
 

DISCUSSÃO

As estratégias para evitar o colapso cutâneo são posicionamento apropriado do paciente no leito ou em uma cadeira e assistência regular para possibilitar que o paciente mude de posição periodicamente 2,12 .

Os dados obtidos com a realização desse estudo demonstraram uma influência benéfica da intervenção fisioterapêutica nos cuidados básicos do paciente hemiplégico.

No período inicial dessa pesquisa, observou-se que os pacientes permaneceram a maior parte das 24 horas em decúbito dorsal; quanto a quantidade de mudanças, ocorreram em média 6 durante o mesmo intervalo de tempo. Também notou-se um aumento na formação de úlceras de decúbito até a terceira semana de observação, porém a conscientização por parte da equipe de enfermagem da importância da prevenção, salientada durante a realização desse estudo, fica evidenciada pela diminuição da formação de úlceras de decúbito nas últimas semanas. Quanto ao local de incidência das úlceras de decúbito foram registradas em escápula, olécranos, sacro, cóccix, ísquios, maléolos fibulares e calcanhares, resultantes da maior permanência em decúbito dorsal. Nos trocânteres femurais relacionado com a posição em decúbito lateral e na região anterior da perna e próximo ao tornozelo decorrente do decúbito dorsal com as pernas cruzadas por várias horas.

No período de intervenção fisioterapêutica, estabeleceu-se uma rotina de trocas de decúbito e posicionamento adequado a cada 2 horas, com auxílio da equipe de enfermagem. Porém, essa rotina teve limitações em função da impossibilidade da permanência durante todo o tempo das responsáveis pela pesquisa e pelo número reduzido de profissionais da área de enfermagem para realizar esse procedimento. Mas, apesar disso, os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois houve redução na permanência em decúbito dorsal, indicando que as mudanças ocorreram aproximadamente de 2 em 2 horas. Também notou-se nas duas primeiras semanas a formação de úlceras de decúbito na escápula, sacro, cóccix, ísquios e trocânteres femurais. É conveniente salientar, que as úlceras de decúbito registradas nessa fase da pesquisa sofreram regressão até que nas últimas semanas não se registrou nenhuma úlcera de decúbito nos pacientes dessa amostra. Logo, conclui-se que houve uma redução no número de úlceras de decúbito nos paciente hemiplégico após a intervenção fisioterapêutica e maior interação da equipe de enfermagem para os propósitos sugeridos nesse estudo.

CONCLUSÃO 

Os dados obtidos com a realização deste estudo demonstraram uma influência benéfica da intervenção fisioterapêutica nos cuidados básicos do paciente hemiplégico junto à equipe multidisciplinar.

Os materiais utilizados para posicionar o paciente de forma adequada estão disponíveis no ambiente hospitalar, como travesseiros, cobertores, lençóis e fronhas para confecção de rolos e cunhas. Todos estes materiais são de fácil manuseio e aplicação, desde que o cuidador tenha conhecimento dos posicionamentos adequados para o paciente hemiplégico.

Os métodos propostos são de fácil realização e os mesmos podem ser aprendidos por qualquer membro da equipe multidisciplinar, inclusive pelos familiares. O paciente beneficia-se desta integração pela redução das complicações causadas pela imobilidade no leito além de ajudar no seu restabelecimento e orientar os familiares quanto aos cuidados durante e após o período de hospitalização.

Ainda constatou-se, subjetivamente, que os pacientes tiveram redução das outras complicações secundárias à imobilidade no leito, como redução de contraturas, algias, melhora na tonicidade da musculatura paravertebral e auxílio na drenagem de secreções pulmonares.

A partir desse estudo, portanto, fica evidenciado a importância do trabalho em equipe visando a melhora dos cuidados básicos em saúde, pois é com iniciativas como essa que no futuro haverá condições de estabelecer um ambiente de recuperação adequado para o paciente, com todos os profissionais das diferentes áreas da saúde aceitando que cada um tem algo a acrescentar.

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Autor(a): Carmen Silvia Benevides Fellippa
                 Aline Loupa Decken
                 Danise M. Bertoncheli Alves


Mão ou braço podem ser reimplantados até seis horas após amputação

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O ciclista perdeu um dos braços após ser atingido por um motorista na avenida Paulista

No último domingo (10), o caso do ciclista que teve o braço arrancado após ser atingido por um motorista em São Paulo chocou o país. A equipe que atendeu o rapaz no Hospital das Clínicas (HC) estava pronta para tentar o reimplante, mas o braço, atirado em um córrego pelo atropelador, não foi encontrado. "O tempo de tentativa já se foi e só nos restou somente a opção de limpar e suturar a ferida", desabafou uma das médicas no Facebook. 

Quanto mais próxima do tronco for a parte amputada, menor o prazo para se tentar o reimplante. Em casos de braços ou mãos extirpados, o limite é de seis horas, segundo os médicos. Já quando se perde um dedo ou parte dele, por exemplo, o limite aumenta para até 20 horas. Isso se as condições do paciente permitirem e se o membro for conservado adequadamente até a chegada ao hospital - ele deve ser colocado em um saco plástico com água ou envolvido em um pano limpo, e então guardado em um recipiente com gelo.
 
"Nem sempre é possível tentar o reimplante", frisa o ortopedista e microcirurgião Marcelo Rosa de Rezende, do Instituto de Ortopedia do HC. Em primeiro lugar, é preciso considerar o estado geral da vítima - se ela sofreu algum trauma mais importante, o foco dos médicos deve ser em salvar a vida e evitar sequelas mais graves. A cirurgia para recolocar o membro amputado é longa e nem todo paciente tem condições de ser submetido ao procedimento.
 
Outro aspecto importante é a maneira como ocorreu a amputação: os casos de arrancamentos são sempre mais complexos que decepamentos provocados por máquinas industriais, algo que ocorre com muito mais frequência no Brasil. 
 
Por fim, é importante lembrar que não é qualquer hospital, nem qualquer profissional, que está habilitado a fazer esse tipo de cirurgia. Em geral, reimplantes são feitos por cirurgiões-ortopedistas ou cirurgiões plásticos com especialização em microcirurgia, uma técnica muito específica.

 
Riscos
 
Passado o prazo para a tentativa de reimplante, o risco para o paciente é muito grande. "No período sem circulação, a estrutura começa a sofrer decomposição e libera substâncias que, depois, quando o sangue volta a circular, são levadas para órgãos como pulmões ou rins e podem até levar à morte", explica Rezende. 
 

O que fazer ao presenciar um acidente com amputação

- Use um pano ou algo parecido para fazer uma compressão forte no local a fim de conter a hemorragia
- Coloque a parte do corpo amputada em um saco plástico cheio de água ou envolvido em um pano seco, e então coloque-o em um recipiente com gelo ou refrigerado. Atenção: a parte não pode ficar diretamente em contato com o gelo
- Não tente lavar ou desinfetar a parte amputada, para não correr o risco de deteriorá-la ainda mais
- Chame o resgate ou uma ambulância. A vítima e a parte amputada devem ser levadas o mais rápido possível para um hospital de referência, se possível um centro que tenha um setor especializado em atendimento a trauma
Fontes: os cirurgiões Mario Vieira Guarnieri, do Hospital Israelita Albert Einstein, e Marcelo Rosa de Rezende, do Instituto de Ortopedia do HC
Além de estimar todos esses riscos, o médico precisa avaliar se o membro reimplantado terá alguma função após o procedimento. "Às vezes um dedo sem movimento pode até atrapalhar os outros", comenta. Nesse caso, é preciso ser firme e não ceder às pressões da vítima e de seus familiares, que às vezes estão mais concentrados na questão estética.
 
Quando a amputação é de membros inferiores, aliás, a indicação para reimplante é bem mais restrita. As próteses, nesse caso, funcionam bem e podem ser a melhor opção para que o paciente volte a andar e leve uma vida normal. 
 
A cirurgia de reimplante é bastante delicada, por isso só pode ser feita por um profissional capacitado. No caso de um dedo, por exemplo, pode levar até quatro horas. Uma mão, cerca de oito horas. 
 
O ortopedista e especialista em cirurgia de mão Mario Vieira Guarnieri, do Hospital Israelita Albert Einstein, conta que, ápós a limpeza dos cotos, o primeiro passo é a fixação óssea, que às vezes requer pinos ou placas. Em seguida, é preciso suturar todos os principais tendões, e então partir para as artérias e veias disponíveis e, por último, para os nervos envolvidos. A reabilitação, depois, também é longa.
 
Primeiros socorros
 
Caso uma pessoa presencie uma amputação, o procedimento mais importante é socorrer a vítima, usando um pano ou algo parecido para fazer uma compressão forte no local a fim de conter a hemorragia. "Geralmente as artérias cortadas entram em espasmo e param de sangrar depois de alguns minutos", diz o cirurgião do Einstein.
 
A parte do corpo que foi amputada precisa ser conservada em baixas temperaturas para adiar sua deterioração. Mas, atenção: nunca se deve colocar o tecido diretamente em contato com o gelo. Lembre-se dos documentários sobre exploradores que perderam os dedos pela exposição ao frio extremo.
 
Não tente lavar ou desinfetar a parte amputada, para não correr o risco de deteriorá-la ainda mais. A vítima e a parte amputada devem ser levadas o mais rápido possível para um grande hospital, se possível um centro que tenha um setor especializado em atendimento a trauma.

A humanização e a formação do profissional em fisioterapia

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O Sistema Único de Saúde (SUS) é o resultado de lutas pela redemocratização da sociedade brasileira que aconteceram em meio aos movimentos de resistência à ditadura militar. No campo da saúde, essa resistência se exprimiu com o surgimento do movimento da Reforma Sanitária, em reação ao modelo tecnicista do complexo médico-industrial, preconizando saúde para todos, através da prevenção, promoção e reabilitação, sendo a atenção primária o foco dessas ações.

Embora a saúde seja um direito constitucionalmente garantido, suas práticas revelam a contradição existente entre as conquistas estabelecidas no plano legal e a realidade de crise vivenciada pelos usuários e trabalhadores relacionados com o processo saúde-doença. No cotidiano do atual sistema de saúde, ainda se enfoca a doença e fatores como o valor da experiência subjetiva do usuário; a sua experiência de vida, a permanente interdependência entre os condicionantes biológicos, psicossociais, culturais e ambientais relacionados ao processo saúde-doença são desconsiderados, o que implica uma série de consequências negativas para o relacionamento profissional/usuário e garantia da linha de produção do cuidado, no âmbito dos princípios doutrinários e das diretrizes organizativas dos SUS.

Apesar dos avanços acumulados no que se refere aos princípios norteadores e à descentralização da atenção e da gestão, o SUS ainda enfrenta fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes trabalhadores e da rede assistencial, dificultando a complementaridade entre a rede básica e o sistema de referência; precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção; sistema público de saúde burocratizado e verticalizado; baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho em equipe; poucos dispositivos de fomento à cogestão e à valorização e inclusão dos gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde; desrespeito aos direitos dos usuários; controle social frágil dos processos de atenção e gestão do SUS; modelo de atenção centrado na relação queixa-conduta e formação dos trabalhadores de saúde distante do debate e da formulação da política pública de saúde1.

A dimensão desumanizante no campo da saúde vem ocorrendo na medida em que, baseado no modelo biomédico, os usuários do sistema são reduzidos a objetos da própria técnica, des personalizados em uma investigação que, para se aceitar científica, se propõe fria e objetiva. O saber técnico define qual é o bem de seu usuário, independentemente de sua opinião. O lucro é o horizonte final do processo.

Casate e Corrêa2 ressaltam que se faz necessário humanizar as práticas em saúde diante do acelerado processo de desenvolvimento tecnológico nesta área, em que a singularidade do usuário emoções, crenças e valores ficou em segundo plano, sua doença passou a ser objeto do saber reconhecido cientificamente e a assistência se desumanizou, principalmente no atendimento e nas condições de trabalho, dificultando as relações humanas, tornando-as frias, objetivas, individualistas e calculistas.

Diversos fatores demonstram a promoção da desumanização na atenção em saúde e podem ser agrupados em três categorias: (1) em relação às falhas na organização do atendimento (longas esperas e adiamentos de consultas e exames, ausência de regulamentos, normas e rotinas, deficiência de instalações e equipamentos, bem como falhas na estrutura física); (2) ligados especificamente à relação com o doente (o anonimato, a despersonalização, a falta de privacidade, a aglomeração, a falta de preparo psicológico e de informação, bem como a falta de ética por parte de alguns trabalhadores); e (3) no que diz respeito às condições de trabalho (baixos salários, dificuldade na conciliação da vida familiar e profissional, jornada dupla ou tripla, ocasionando sobrecarga de atividades e cansaço, o contato constante com pessoas sob tensão, gerando ambiente de trabalho desfavorável).

A discussão sobre a humanização no campo da saúde, dessa forma, teve início em um cenário no qual a humanização era secundarizada e/ou banalizada por grande parte dos gestores e trabalhadores e reivindicada tanto pelos usuários quanto por trabalhadores, buscando uma atenção com acolhimento, de modo resolutivo e lutando por melhores condições de trabalho. Mas o conceito se expressava em ações fragmentadas, era frágil e impreciso, ligado ao voluntarismo, assistencialismo, paternalismo ou mesmo ao tecnicismo de um gerenciamento sustentado na racionalidade administrativa e na qualidade total. Para que ocorresse um processo de mudança forte, respondendo aos anseios dos usuários e trabalhadores da saúde, foi necessário enfrentar desafios conceituais e metodológicos3.

No campo da atenção em saúde, o termo humanização tem sido utilizado com diferentes significados e entendimentos. A humanização, que antes estava relacionada a movimentos religiosos, filantrópicos e paternalistas, tem o seu conceito modificado no decorrer dos últimos anos. Atualmente, é entendida como a capacidade de ofertar atendimento de qualidade, articulando os avanços tecno­lógicos, com acolhimento, com melhoria dos ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos trabalhadores.

Humanizar refere-se à possibilidade de uma transformação cultural da gestão e das práticas desenvolvidas nas instituições de saúde, assumindo-se uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, de respeito ao usuário, o mesmo passando a ser entendido como um cidadão e não apenas como um consumidor de serviços de saúde4.

Diante dessas constatações, houve a necessidade de redefinição do conceito e dos modos de construção de uma política pública e transversal de humanização na saúde. Nesse cenário, o Ministério da Saúde lançou, em 1994, a Política Nacional de Humanização (PNH), Humaniza SUS, como proposta para enfrentar o desafio de assegurar os princípios do SUS, no que eles impõem de mudança dos modelos de atenção e gestão das práticas de saúde. Essa nova política leva em consideração o conceito de clínica ampliada como trabalho clínico, que visa ao sujeito e à doença, à família e ao contexto, tendo como objetivo produzir saúde e aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade. Utiliza como meios de trabalho a integração da equipe multiprofissional; a adstrição de clientela e construção de vínculo; a elaboração de projeto terapêutico, conforme a vulnerabilidade de cada caso; e a ampliação dos recursos de interação sobre o processo saúde-doença1.

Na área da saúde, um grande desafio para a implementação de medidas humanizadoras no âmbito assistencial é a sensibilização e preparação dos trabalhadores, que têm uma formação acadêmica, fundamentalmente tecnicista.

Para atender às novas políticas de saúde, fazem-se necessárias mudanças na formação dos recursos humanos, adaptando-os à nova realidade do "tratar em saúde", representando, portanto, um processo de transformação complexo, que deve iniciar-se durante a graduação e manter-se como um processo de educação continuada após a inserção deste profissional no mercado de trabalho5.

As profissões da saúde fazem parte do conjunto que resulta na assistência a seres humanos, que são totalidades complexas. Cada profissão possui especificidade de conhecimentos e práti cas. Essa especialização do conhecimento, ao invés de possibilitar avanço, pode gerar fragmentação e alienação, pois, quando não há integração entre os trabalhadores, o atendimento ao usuário ocorre de forma segmentada e tecnicista, sem levar em consideração o aspecto humano e a integralidade do mesmo.

No caso da formação do fisioterapeuta, esta deve ir além de uma preparação para atuação técnica, enfocando diretamente o ser humano. O fisioterapeuta deverá estar voltado à atenção integral ao usuário, não só do ponto de vista físico, como também social, ético e humano.

Embora tenha recursos físicos disponíveis, o fisioterapeuta tem como principal instrumento as mãos, que, através do toque, cuidam, reabilitam, confortam e curam. As mãos dos fisioterapeutas que operam modernos equipamentos também são aquelas que tocam e massageiam os usuários. O resgate do uso das mãos no contato direto entre profissional-doente está contribuindo para a humanização do atendimento e a valorização do toque, que vai de encontro à supervalorização das máquinas em detrimento de uma assistência humanizada.

Embora a origem da fisioterapia esteja vinculada ao modelo biomédico, cartesiano, com uma visão reducionista, em que o corpo é comparado a uma máquina, e o profissional, centrado em atenuar e reabilitar os organismos lesados fisicamente, em decorrência das grandes guerras mundiais e do processo de industrialização, não se pode pensar em fisioterapia sem envolvimento, sem diálogos, sem trocas de conhecimento, sem formação de vínculo, uma vez que o fisioterapeuta é um dos trabalhadores que tem como principal instrumento as mãos e utiliza o toque no corpo do outro da forma mais incisiva possível. Portanto, não pode permitir que as suas intervenções terapêuticas sejam desumanizadas6.

É a partir do conhecimento global, holístico do ser humano, que se pode alcançar o objetivo maior para o qual a fisioterapia apresenta-se, que é preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade de órgãos, sistema e/ou função. É necessária uma visão mais sistêmica e não apenas reducionista, para que se possa ir além da ausência da doença. Uma fisioterapia que centre o seu conhecimento na doença não produz saúde e, se a mesma fica reduzida ao campo físico, ela perde sua essência.

Como qualquer outro trabalhador da saúde, o fisioterapeuta precisa estar ciente e sensibilizado quanto à questão da humanização, saber reconhecer o ser humano na sua integridade e singularidade e ter consciência do seu papel frente àqueles que o procuram acometidos por alguma enfermidade, aceitando suas reações psíquicas e a própria atitude frente à doença.

O atendimento humanizado traz melhores condições de recuperação para os usuários, devendo a fisioterapia tornar-se atuante desta prática, pois proporcionará inúmeros benefícios ao seu usuário e ao próprio trabalho.

O ressignificar da humanização faz-se necessário no sentido de qualificar o atendimento terapêutico, promover a satisfação do profissional e do usuário, além de conscientizar o profissional da saúde, em especial o fisioterapeuta, para que reconheça o usuário como um sujeito e não como um simples objeto de sua atenção, deixando de considerar a doença e dedicando-se a cuidar de uma pessoa que circunstancialmente está doente. Cada pessoa deve ser vista de maneira holística, levando-se em consideração vários aspectos de sua vida: contexto social, econômico, cultural, familiar, espiritual, através do compromisso político, técnico, ético para com a comunidade e as pessoas.

Uma redefinição do conceito de humanização, resistindo a seu sentido instituído, passa a entender a humanização como estratégia de interferência nas práticas de saúde, levando em conta que os sujeitos sociais, atores concretos e engajados em práticas locais, quando mobilizados, são capazes de, coletivamente, transformar realidades, transformando-se a si próprios neste mesmo processo.

O desafio metodológico é alterar as práticas concretas dos serviços de saúde, aumentar a qualidade de vida dos usuários e melhorar as condições de trabalho das equipes de saúde, através da sintonia entre "o que fazer" e "como fazer", o conceito com a prática, o conhecimento com a transformação da realidade, valorizando os processos de mudança dos sujeitos na produção de saúde, reconhecendo a inseparabilidade entre as práticas do cuidado e a gestão do cuidado, uma vez que não há como transformar os modos de atender à população num serviço de saúde sem que se alterem, também, a organização dos processos de trabalho, os mecanismos de planejamento, decisão, avaliação e de participação, a dinâmica de interação da equipe, com mudança na forma de relacionamento nas práticas de saúde, aumentando o grau de comunicação, conectividade e intercessão intra e intergrupos nos serviços e em outras esferas do sistema3.

Humanizar a atenção e a gestão em saúde no SUS se apresenta como meio para a qualificação das práticas de saúde: acesso com acolhimento, atenção integral e equânime com responsabilização e vínculo, valorização dos trabalhadores e usuários com avanço na democratização da gestão e no controle social participativo e isso diz respeito a todos os envolvidos na produção do cuidado7.

A fisioterapia, por ser uma profissão relativamente nova e encontrar-se em fase de expansão, apresenta escassez de literatura disponível, principalmente relacionada ao tema humanização na fisioterapia, o que remete à necessidade de desenvolvimento de pesquisas na área.

Diante do exposto, esse estudo teve por objetivo verificar a concepção dos acadêmicos de fisioterapia, matriculados no último ano do curso de fisioterapia de uma instituição de ensino superior, pública, no estado da Paraíba, acerca da abordagem sobre a humanização no processo ensino-aprendizagem, teórico-prático e com vistas a sua inserção no Sistema Único de Saúde.

 

Metodologia

Sendo a temática humanização eminentemente subjetiva, na qual se estudam os significados da experiência humana, trata-se de uma pesquisa realizada segundo uma abordagem qualitativa, uma vez que objetivou identificar a concepção dos acadêmicos de fisioterapia acerca da humanização nas suas práticas.

O presente estudo caracteriza-se como transversal, uma vez que foi escolhido um intervalo de tempo limitado para a realização das entrevistas, e exploratório, na busca de ampliar os estudos relacionados ao tema humanização na fisioterapia. Foi realizado em uma universidade pública, na cidade de Campina Grande (PB), cuja população foi compreendida por alunos do curso de fisioterapia. Para delimitação da amostra, optou-se pela amostragem por exaustão8, em que são incluídos todos os indivíduos disponíveis. Diante do exposto, a amostra foi composta, por acessibilidade, de todos os alunos concluintes no semestre letivo 2007.1, que aceitaram participar voluntariamente deste estudo, perfazendo um total de 24 participantes.

A pesquisa obedeceu às diretrizes éticas da Declaração de Helsinqui (1964), versão atualizada de 2000, e as recomendações da Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba. A elaboração e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido possibilitou aos participantes o recebimento de informações sobre o estudo, garantia de anonimato e confidencialidade de dados sigilosos. Para identificação nos discursos, foi utilizada a letra E, para entrevistado, seguida da ordem de realização da entrevista, de E1 a E24, e gênero do participante, sendo SF (sexo feminino) e SM (sexo masculino).

Para a coleta de dados, foram realizadas, no primeiro semestre do ano de 2007, entrevistas semi-estruturadas, abordando o tema humanização em fisioterapia. Os alunos foram entrevistados individualmente, não sendo delimitado o tempo de duração da entrevista para cada entrevistado, uma vez que as respostas foram subjetivas. Durante a realização desta pesquisa, foram consideradas todas as questões éticas e os discursos e depoimentos dos entrevistados foram submetidos à análise de conteúdo do tipo do conteúdo temático proposta por Bardin9, cujo produto será apresentado em categorias, ilustradas com discursos dos acadêmicos.

Foram identificadas as seguintes categorias analíticas: a humanização e seus significados, a formação acadêmica em fisioterapia com vistas a práticas humanizadas e os cenários de aprendizagem para a humanização.

 

Resultados e discussão

A humanização e seus significados

A utilização do termo humanização no campo da saúde não é recente, embora ainda não exista uma grande quantidade de pesquisas sobre o tema, particularmente na área da fisioterapia, podendo ser objeto de distintas interpretações, as quais orientaram as questões a serem pesquisadas.

Dentre os formandos, foi possível notar o pouco conhecimento, acerca da humanização, principalmente relativos ao conceito: "é tratar o paciente como pessoa" (E8, SF); "é você tratar o paciente independente de qualquer coisa" (E15, SF); "é ter o contato com o paciente". (E24, SF).

Compilando alguns trabalhos publicados nas revistas científicas da área da saúde, diversos autores constatam algumas direções fundamentais da preocupação com a humanização e satisfação do usuário: ora aparece com uma noção de amenização da lógica do sistema social, centrado, sobretudo, numa crítica à tecnologia e como tentativa de criar um "capitalismo humanizado", ora como a busca de uma essência humana perdida, ou seja, como um movimento de restauração moral, ora como uma negativa existencialista da realidade concreta, imaginando uma autonomia das emoções e afetividades individuais da práxis humana, ora como processo de organização institucional que valoriza a escuta no ato assistencial, ora como valorização de direitos sociais10.

No entanto, o termo humanização tem sido empregado constantemente no âmbito da saúde, sendo a base de um amplo conjunto de iniciativas; embora não possua uma definição mais clara, geralmente designa a forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do usuário, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento do profissional11.

A humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana, abrangendo circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, presentes em todo relacionamento humano. Este valor é definido em função de seu caráter complementar aos aspectos técnico-científicos, que privilegiam a objetividade, a generalidade, a causalidade e a especialização do saber12.

No que concerne à abrangência e a aplicabilidade nas práticas em saúde, os discursos enfocam: "é um processo de conscientização que é feito na tentativa de melhorar a forma de relação de uma pessoa com a outra". (E1, SF)

"É tratar o paciente com respeito, explicar as coisas que você vai fazer, quais são os procedimentos, saber ouvir". (E5, SF)

"Humanização é o contato que a gente tem, dentro da nossa profissão, com as pessoas, com o nosso paciente, com o meio em que a gente convive". (E17, SM)

Os mesmos apresentam uma visão muito restrita, focada apenas e/ou quase sempre em melhorar o contato, o diálogo ou a comunicação formal. Neste sentido, Ayres13 enfoca que o conceito de humanização tem ocupado lugar de destaque nas atuais propostas de reconstrução das práticas de saúde no Brasil, no sentido de sua maior integralidade, efetividade e acesso.

Neste sentido, a relação entre o trabalhador e o usuário deve ser, além de técnica, humana. O relacionamento humanizado pressupõe atenção, respeito, educação, cortesia, consideração, solidariedade e vontade de servir. Sem tais predicados, torna-se difícil e existência de uma assistência humanizada. Além da forma como se mantém o contato direto com os usuários, também é direito do cliente ser plenamente informado de todos os procedimentos, diagnóstico, tratamento e encaminhamento médicos que lhe digam respeito12.

Outras questões importantes para se consolidar uma assistência humanizada e de qualidade é a implementação de marcas específicas propostas pela Política Nacional de Humanização (PNH), que demonstram quão ampla é a visão que esta política traz, através do desenvolvimento e/ou ampliação do acesso e atendimento acolhedor e resolutivo, considerando o usuário como um cidadão que conhece os trabalhadores que cuidam da sua saúde, tendo direito à acompanhante e à gestão participativa, sendo esta, tanto para os trabalhadores quanto para os usuários, garantida pelas unidades de saúde.

Como política, a humanização deve, portanto, traduzir princípios e modos de operar no conjunto das relações entre trabalhadores e usuários, entre os diferentes trabalhadores, entre diversas unidades e serviços de saúde e entre instâncias que constituem o SUS1.

Embora os participantes da pesquisa mencionem termos isolados que podem ser associados à integralidade, dignidade e respeito à vida humana, enfatizando-se a dimensão ética na relação entre usuários e trabalhadores da saúde, termos que representam o núcleo do conceito de humanização, esta abordagem é colocada de forma superficial. Os mesmos citam termos e expressões, mas não possuem um embasamento teórico consistente que lhes permita definir, discutir e/ou apresentar argumentos que fundamentem suas respostas: "entender que o ser humano é um ser biopsicossocial, é você ver ele como um todo". (E3, SF).

"Ver o paciente como um cidadão". (E14, SM)

"A boa vontade e o carinho que você trata cada paciente, falando diretamente com cada um, chamando pelo nome". (E8, SF)

Vaitsman e Andrade14 afirmam que o conceito de humanização está ligado ao paradigma dos direitos e a cada dia surgem novas reivindicações, que remetem às singularidades dos sujeitos; este paradigma vem se tornando complexo e expandindo-se, alcançando novas esferas sociais e discursivas. Neste sentido, o respeito é imprescindível na relação terapeuta-usuário e se fundamenta no fato que o cliente é um ser individualizado e com dignidade.

A humanização, então, requer um processo reflexivo acerca dos valores e princípios que norteiam a prática profissional, pressupondo, além de um tratamento e cuidado dignos, solidários e acolhedores por parte dos trabalhadores da saúde ao seu principal objeto de trabalho o doente/ser fragilizado , uma nova postura ética que permeie todas as atividades dos trabalhadores e processos de trabalho institucionais.

Com a realização desta pesquisa, foi possível identificar, nos discursos dos participantes, respostas curtas, com raciocínio pouco desenvolvido a respeito do tema humanização: "é ver o paciente como gente, como um todo e não como uma doença". (E1, SF)

"Entender o outro de uma forma mais abrangente, entender aquilo ali de uma forma mais holística". (E15, SF)

Embora a maioria dos entrevistados cite que é necessário ver como um todo, de uma forma holística, ainda se refere ao usuário como "aquilo", de uma forma impessoal, despersonalizada, como se fosse apenas um objeto.

No entanto, a humanização na saúde é ir além da competência técnico-científica dos trabalhadores, se estende à competência nas relações interpessoais, sendo estas pautadas no respeito ao ser humano, à vida, na solidariedade e sensibilidade para perceber as necessidades singulares dos sujeitos envolvidos. Portanto, humanizar não é só tratar bem o paciente, vendo como um todo, mas é também prestar assistência qualificada.

A formação acadêmica em fisioterapia com vista às práticas humanizadas

A fisioterapia passou por muitas conquistas ao longo da evolução histórica da profissão. Entretanto, atualmente, ainda se observa a formação de profissionais centrada no modelo biomédico e tecnicista, sem considerar ou considerando muito pouco as políticas públicas vigentes, como a PNH, por exemplo: "a formação acadêmica não contribui para a prática humanizada". (E4, SF)

"A formação acadêmica prepara um profissional frio, que só vai pela parte clínica da coisa". (E1, SF)

Este tipo de formação que ainda predomina nos dias atuais é consequência da origem da fisioterapia no Brasil, que nasceu de um ramo da medicina e teve o curso criado para habilitar profissionais que pudessem auxiliar o médico na prática da medicina física e reabilitação, executando suas prescrições, e tornou-se uma área independente somente em meados do século passado15.

É possível observar que, em vez de uma matriz curricular flexível, na qual os componentes se inter-relacionam conforme o conteúdo exposto, como proposto pelo currículo integrado, o que se encontra é uma grade curricular, rígida e previamente estabelecida.

Neste sentido, os autores Cordeiro e Minayo16 afirmam que a visão tecnicista continua influenciando a formação dos profissionais de saúde, com o cliente sendo visto como objeto e não como um sujeito da ação dos profissionais de saúde; as ações são centradas no seu corpo, órgão afetado. Os autores apontam, ainda, que, na área de saúde, é necessário integrar, na formação de seus profissionais, uma formação humanística.

Embora a formação humanista seja de grande importância para os profissionais da saúde, os participantes da pesquisa afirmam que, durante a formação acadêmica, não existe uma disciplina que aborde o tema humanização nas práticas, sendo aquela centrada nas especialidades médicas, expondo a anatomia, fisiologia, patologia e tratamento dos diversos órgãos e sistemas, com o currículo rigidamente predeterminado. Porém, mais importante que ter uma disciplina específica para a humanização, é que essa temática atravesse todas as abordagens teóricas e práticas do processo ensino-aprendizagem.

Dos 24 entrevistados, dezessete relataram que não tiveram uma disciplina específica que abordasse o tema em questão; alguns referiram apenas que o mesmo foi mencionado de uma forma vaga e superficial: "um ou outro professor que falava, assim, do jeito da gente se comportar, para não tratar o paciente pelo nome da doença, num sei o quê, essas coisas. Mas disciplina, não. Era uma coisa isolada, um professor falava uma coisa perdida, uma coisa solta". (E1, SF)

"Raramente se falava, assim, de uma forma isolada. Se soltavam algumas coisas, procurar chamar o paciente sempre pelo nome, esse tipo de coisa assim, procurar saber como ele está, só isso". (E5, SF)

Além do pouco conhecimento acerca do tema, é importante destacar que os participantes, quando se referem à humanização, utilizam termos como "num sei o quê, essas coisas", "esse tipo de coisa assim", que mostram o desconhecimento, o pouco interesse e até descaso mesmo, como se o tema fosse insignificante para eles e em nada contribuísse para uma melhor prática.

Corroborando esta compreensão, um dos participantes, em sua fala, expõe um fato mais preocupante ainda: "já foi falado, mas a humanização é tipo assim: você sabe que existe, mas não conhece, é como o SUS". (E15, SF)

O que mostra que eles não só desconhecem a Política Nacional de Humanização, como também o Sistema Único de Saúde, e, como o próprio nome já diz, é o único sistema de saúde vigente no país, seja na assistência pública, privada ou filantrópica. Esse fato contribui diretamente para o despreparo durante a atuação, no sentido de atender às necessidades do SUS e da população.

Diante do desconhecimento dos princípios e diretrizes propostos pela PNH, eles apenas mencionam termos que podem ser relacionados aos princípios do SUS, sem uma reflexão mais aprofundada: "ver o paciente dentro da realidade dele como um todo, não só a parte física, ele também tem emoções, ele está inserido em um contexto social". (E12, SF)

"Não distinguir as diferenças, tanto social, como racial de cada paciente, tratá-lo realmente como ele merece, como ser humano, levar em consideração todo o ambiente em que ele vive". (E8, SF)

Considerando-se a evolução dos modelos de atendimento à saúde no Brasil, observa-se que, no plano legal, a criação do SUS, em 1988, representou um avanço principalmente pelos seus princípios gerais de organização. Este sistema tem como uma de suas características fundamentais o de ser orientado pelos mesmos princípios e diretrizes em todos os serviços de saúde. A universalidade garante o acesso de todos aos serviços e ações de saúde, promovidos pelo sistema, não obstante a localização geográfica da população, suas opções políticas e condições econômica e social, o que representa o grande diferencial e, ao mesmo tempo, o grande desafio do sistema, dadas as dimensões continentais do país, o tamanho da população e as desigualdades existentes17.

O princípio da equidade busca assegurar a prestação de serviços e desenvolvimento de ações de saúde para todos, observando as desigualdades existentes na categoria dos usuários do sistema; é uma condição inerente à cidadania e à justiça social. Outro princípio não menos desafiador é o da integralidade, que possibilita ao indivíduo que adentra no sistema de saúde ser visto como um "todo" e não como um conjunto de partes ordenadas, fragmentadas e estanques.

Os participantes enfocam ainda como um ponto importante para a humanização a questão da relação entre os sujeitos envolvidos no processo de cuidar: "humanização é a relação que você tem com o paciente, não apenas profissional mas aquela relação também de passar afetividade, de passar segurança, de não apenas atender". (E21, SF)

Em toda relação está sempre o "outro" e só se desenvolvem relações éticas quando se vê o outro como interlocutor válido e como agente social das próprias mudanças por meio da reflexão consciente e compartilhada do problema18. O envolvimento e a participação dos usuários só são possíveis mediante um processo de diálogo entre saberes, no qual cada um contribui com seu conhecimento peculiar da situação, acreditando-se que o desenvolvimento efetivo dessa participação parte de práticas vivenciadas no cotidiano.

O autor supracitado enfoca ainda que, quanto mais os trabalhadores da saúde enfatizarem o órgão doente e não a pessoa, menos chance terão de entender os seus sintomas, uma vez que as práticas relacionadas com o processo saúde-doença, longe de se reduzirem a uma evidência orgânica e objetiva, estão intimamente relacionadas com as características de cada contexto sociocultural e também com a forma como cada pessoa experimenta subjetivamente esses estados.

Os cenários de aprendizagem para a humanização

No que concerne à PNH, várias são as dimensões envolvidas no planejamento e implantação da assistência humanizada à saúde que, por sua vez, não demarca um conceito, habitualmente afirma-se apenas um "entendimento" no seu coletivo de formuladores.

Neste sentido, a humanização tem sido associada a distintas e complexas categorias relacionadas à produção e gestão de cuidados em saúde, tais como integralidade, satisfação do usuário, necessidades de saúde, qualidade da assistência, gestão participativa, protagonismo dos sujeitos e a intersubjetividade envolvida no processo de atenção. Portanto, a humanização necessita do aporte indiscutível da ciência e da tecnologia, pressupõe investimentos financeiros, mas, acima de tudo, precisa contar com uma persistente proposta de sensibilização das pessoas19.

No que concerne ao que deveria acontecer nas práticas cotidianas, os participantes enfocam: "a conversa, a atenção que você dá a seu paciente, é a maneira de você tratá-lo bem, com respeito, saber acolher, principalmente conversando e não somente aplicando uma técnica". (E3, SF)

"Fazer um atendimento de uma forma humana, tratar as pessoas não como parte, ver a pessoa de uma forma geral, tanto o lado físico como o mental". (E7, SF)

Em contrapartida, com relação ao que realmente acontece nas práticas em saúde, os mesmos apresentam incoerências, conflitos e contradições: "o que acontece é chegar: bom dia! Vê o paciente na ficha, vê o que ele tem, às vezes, não se pergunta nem o que ele está sentido no dia e vai pela receita de bolo e pronto. É um problema de joelho, faz isso, isso e isso, só enfoca a doença". (E1, SF)

"Se chega, faz o procedimento, não se explica e raramente você chega e conversa antes com o paciente para saber como ele está, geralmente você vai logo atendendo, colocando os aparelhos e preocupado com o próximo paciente que tem". (E5, SF)

"Tudo é muito tecnicista, se vê tudo por partes. O ser humano é uma dor de cabeça, é uma artrose, coisa desse tipo, não ver o ser humano como um todo". (E15, SF)

A falta de conhecimento acerca da relevância de se investigar quais são as idéias, valores e crenças desenvolvidos pelos usuários e da valorização da dimensão subjetiva dos mesmos não representa apenas uma questão ética, como também uma questão de relação entre os sujeitos, implicando uma série de consequências negativas para o relacionamento profissional/cliente e para a consolidação da profissão.

Acolhimento, vínculo, valorização da escuta e organização dos serviços centrados nos usuários são alguns dos valores defendidos tanto pela humanização quanto pela integralidade. Em muitos pontos, esses conceitos se confundem, mas uma observação importante é que integralidade é um princípio do SUS e a humanização é uma política e ambos estão inter-relacionados.

Dentre as respostas, foi possível observar um questionamento acerca da desumanização das práticas, na tentativa de identificar o(s) fator(es) determinante(s) para tais, uma vez que a humanização deveria ser uma característica inerente ao ser humano: "se você começar a pensar na palavra humanização, pelo menos na minha parte, eu já vejo uma incoerência, porque a palavra humanização quer dizer humanizar um ato que é humano, então se a gente pensar dessa maneira a gente já começa a ter uma reflexão diferencial, 'porque eu vou humanizar algo que já deveria fazer parte do ser humano, do profissional humano?'; contudo a gente percebe que, no próprio atendimento profissional, algumas qualidades que deveriam existir no profissional da área de saúde não são encontradas. O que se observa é tratar o paciente como um objeto, instrumento de lucro, ainda se vê muito se referir ao paciente como qual é o número, qual é o protocolo, qual é o leito. E eu reflito muito sobre essa temática e que estratégia seria essencial para isso e em momentos chego a acreditar que tenho solução e em outros não". (E14, SM)

Campos20 afirma que a desumanização existente nos serviços de saúde é um produto humano, ainda quando resulte de uma combinação de problemas estruturais com posturas alienadas e burocratizadas dos operadores. Partindo deste pressuposto, não há como haver projeto de humanização sem que se leve em conta o tema da democratização das relações interpessoais e, em decorrência, da democracia em instituições.

Observa-se que, quando questionados como vêem as práticas da fisioterapia com relação à humanização, em um sentido geral, os participantes apontam, predominantemente, à falta de humanização nas práticas cotidianas.

Como argumentos para justificar tal posição, referem-se principalmente à questão da visão tecnicista, centrada no modelo biomédico, com relações frias e objetivas, e o predomínio da despersonalização do usuário: "tratam o paciente como objeto de estudo. A gente tem muito a visão que é vinda do médico, aquele sistema puramente automático, que não olha nem para o rosto do paciente". (E16, SM)

O tempo disponibilizado para o atendimento também é considerado restrito para a realização de uma assistência humanizada e o desenvolvimento das atividades necessárias para uma prática qualificada, diante de uma grande demanda de pacientes, o que favorece o atendimento de forma mecanicista e automática, se restringindo apenas à execução de técnicas e aplicação de aparelhos: "mas também tem a questão do tempo, temos que atender rápido porque são muitos pacientes e muitas vezes nem dá tempo saber como ele está direito". (E20, SF)

Além da questão tecnicista, tem a mercadológica; no cenário político e econômico atual, o lucro e a capacidade de produção são prioridades. A questão financeira e a necessidade de uma produtividade cada vez maior comprometem a qualidade da assistência, promovendo a disseminação da desumanização: "como a gente vive num mundo capitalista e aqui no Brasil principalmente se trabalha muito e recebe pouco, eu acho que o fator remuneração, principalmente na classe da gente da fisioterapia, contribui muito para a desumanização, porque para um fisioterapeuta prestar um atendimento qualificado, precisa de cerca de quarenta a cinquenta minutos, isso tirando por baixo, por que dependendo do caso, às vezes precisa até de mais tempo, e quando você vai trabalhar em uma clínica se paga por produtividade, se paga pouco, então você vai na carreira, faz o atendimento super rápido". (E9, SM)

"O paciente é um objeto principalmente de lucro. A demanda é muito alta e o valor é muito baixo que se recebe". (E13, SF)

"O atendimento é como se fosse uma escala de produção". (E21, SF)

Outro argumento utilizado para justificar a desumanização das práticas na fisioterapia foi a formação acadêmica centrada no modelo tradicional, mecanicista, que não dá conta de apresentar alternativas de saber e fazer capazes de enfrentar a realidade, com uma visão crítica, reflexiva e voltada para a necessidade de humanização na saúde: "em virtude da própria formação acadêmica, a gente sabe que as próprias estruturas curriculares não têm esse objetivo central, se tem uma abordagem superficial, eles citam a palavra humanização". (E14, SM)

Por conseguinte, para que a atenção fisioterapêutica humanizada seja alcançada, o profissional deverá ver a integralidade nos diversos focos e ser capaz de identificar os diversos determinantes que envolvem o processo saúde-doença, não vendo apenas a condição biológica do indivíduo, mas as condições sociais, culturais e religiosas.

Considerando estas perspectivas, para a consolidação da humanização, é necessária uma mudança das estruturas, da forma de trabalhar e também das pessoas. A humanização da clínica e da saúde pública depende de uma reforma da tradição médica e epidemiológica, representando uma operação de resgate das relações, uma reforma que consiga combinar a objetivação científica do processo saúde/doença/intervenção com novos modos de operar decorrentes da incorporação do sujeito e de sua história, desde o momento do diagnóstico até o da intervenção.

O trabalho em saúde se humaniza quando busca combinar a defesa de uma vida mais longa com a construção de novos padrões de qualidade da vida para sujeitos concretos, dependendo ainda de mudanças das pessoas, da ênfase em valores ligados à defesa da vida, na possibilidade de ampliação do grau de desalienação e de transformar o trabalho em processo criativo e prazeroso20.

Quanto às atitudes que os participantes classificam como humanizadas na prática da fisioterapia, são enfocadas: "é explicar o atendimento a ele". (E5, SF)

"A própria prática da fisioterapia já é humanista. É ver o paciente como um todo, não só tratando o foco da dor ou da patologia dele e sim ele como um todo". (E16, SM)

"Tratar o paciente com carinho, não apenas como uma doença, como uma patologia, é você observar a inclusão social dele, é observar ele como um todo, psicologicamente, fisicamente e socialmente". (E19, SF)

Mas faz-se necessário o esclarecimento de que, para humanizar a relação serviço versus profissional de saúde versus usuário, não basta considerar a questão da responsabilidade, da cordialidade, do respeito, pressupostos para a realização da assistência. É necessário ultrapassar essa visão "afetuosa" da atenção e discutir o modo como os trabalhadores se relacionam com seu principal objeto de trabalho a vida e o sofrimento de indivíduos e da coletividade21.

Percebe-se, também, que alguns dos entrevistados classificam como um bom acolhimento e uma prática humanizada apenas o fato de falar com o usuário: "é você chegar e perguntar como o paciente está". (E5, SF)

"Sempre quando ele chega, eu pergunto se melhorou ou não melhorou". (E6, SF)

"Saber falar com ele, entender ele, saber as condições financeiras que ele tem, a religião dele". (E12, SF)

Os discursos mostram pouca sensibilização quanto à temática abordada e, muitas vezes, acredita-se que humanizar o atendimento é acalentar o paciente; no entanto, a melhoria do contato humano entre profissional da saúde e usuário é necessária e fará com que o sistema de saúde adquira uma nova face, que beneficiará ambas as partes, ajudando no processo de cura e reabilitação, além de atender às exigências da própria natureza dos mesmos. Os doentes deixarão de ser tratados como objeto ou uma máquina que chega para conserto, para serem encarados como seres humanos em processo de tratamento.

Por conseguinte, considerando a PNH, o acolhimento não pode ser considerado como um espaço ou local, mas uma postura ética; é uma ação tecnoassistencial que pressupõe a mudança da relação profissional/usuário através de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade; é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários; implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização. Neste entendimento, o acolhimento com classificação de risco configura-se como uma das intervenções potencialmente decisivas na reorganização e implementação da promoção da saúde em rede22.

Portanto, a humanização do atendimento deve abranger fundamentalmente as iniciativas que apontam para a democratização das relações que envolvem o atendimento, o maior contato e melhoria da comunicação entre profissional de saúde e paciente e o reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências culturais, ou ainda o reconhecimento das expectativas de trabalhadores e pacientes como sujeitos do processo terapêutico. Em suma, o desafio da humanização diz respeito à possibilidade de se constituir uma nova ordem relacional, pautada no reconhecimento da alteridade e no diálogo11.

Tais mudanças vêm se alinhando ao desenho de um novo perfil de trabalhadores, que se en contrem mais sensíveis para perceber as reais necessidades da população, produzindo uma atenção capaz de gerar satisfação social e excelência técnica, de forma resolutiva, a custo suportável para as pessoas e a sociedade.

A temática humanização envolve questões amplas que vão desde a operacionalização de um projeto político de saúde calcado em valores como a cidadania, o compromisso social e a saúde como qualidade de vida, passando pela revisão das práticas de gestão tradicionais até os microespaços de atuação profissional nos quais saberes, poderes e relações interpessoais se fazem presentes. Assim, é necessário compreender a humanização como temática complexa que permeia o fazer de distintos sujeitos.

 

Considerações finais

À luz dos resultados encontrados e dos autores pesquisados, foi possível observar que a humanização surge como um desafio no novo século para os trabalhadores de saúde, pois há a preocupação com a complexidade tecnológica, fragmentação do cuidado em visões isoladas, especialização dos saberes, considerando também que nos serviços de saúde há situações "desumanizantes", como a racionalização, a mecanização e a burocratização excessiva do trabalho, além do impedimento de que o trabalhador desenvolva sua capacidade crítico-criativa.

O que se vê atualmente é uma profissão com pouco mais de trinta anos de reconhecimento, que saltou de uma condição pouco significante, de técnicos, para trabalhadores liberais, com uma posição social de respeito e credibilidade, tanto nos meios acadêmicos, quanto nos meios clínicos e também junto à população, em que ainda predomina a concepção assistencial/individual/uniprofissional para o enfrentamento das questões relativas ao processo saúde-enfermidade, sendo necessária a busca de um paradigma mais abrangente e explicativo que promova uma série de mudanças no campo político, econômico, social e ético.

Neste sentido, ao se especializar demasiadamente o currículo, dando-lhe uma perspectiva mecanicista, entra-se na contramão do crescimento profissional que tem, por si só, características de processo, transformadoras e construtivistas. Uma maneira de estruturar o ensino consiste em enfocar não as disciplinas, mas os processos ou fenômenos importantes, estudando-os na forma complexa como eles se apresentam na realidade e aportando seu estudo às contribuições das diversas disciplinas, de forma integrada.

Existem, portanto, deficiências estruturais da formação do profissional e do sistema de saúde como um todo, faltam filosofias de trabalho e de ensino voltadas à humanização de maneira efetiva, uma vez que humanizar tanto no aspecto político, quanto no aspecto individualizado, requer do trabalhador a percepção das implicações éticas do cuidado.

O profissional da saúde recebe uma formação que não se compatibiliza com o que ele encontra no mercado de trabalho. Este continua tendo uma formação tradicional em saúde, dentro de um modelo vertical, fragmentado e compartimentado, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, conduzindo ao estudo fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das sociedades, levando à formação de especialistas que não conseguem mais lidar com as totalidades ou com realidades complexas.

Embora haja um forte consenso sobre as inadequações dos modelos hegemônicos de formação e de organização dos serviços de saúde e um forte crescimento do investimento em capacitação dos trabalhadores de saúde, as iniciativas e incentivos no sentido de trabalhar de modo transversal e interdisciplinar, reintegrando conhecimentos, e levando à transformação das práticas ainda são limitadas e enfrentam grandes desafios.

Diante desta realidade, é necessário enfatizar que, na vida profissional, não existem disciplinas em seu formato acadêmico e a maior parte dos problemas enfrentados apresentam perfis mistos em relação a sua natureza e à possibilidade de resolvê-los. Qualquer tentativa de continuar autonomamente a formação deverá ser acompanhada da capacidade e do hábito de refletir sobre os problemas e sobre o próprio conhecimento de maneira global e humanizada.

 

Colaboradores

ID Silva e MFA Silveira participaram igualmente de todas as etapas da elaboração do artigo. Silva ID, Silveira MFA

 

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Isabella Dantas da SilvaI; Maria de Fátima de Araújo SilveiraII

IFaculdade de Ciências Médicas de Campina Grande. Av. Argemiro de Figueiredo 1.901, Itararé. 58104-591 Campina Grande PB. isabella_d_s@hotmail.com
IIUniversidade Estadual da Paraíba


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